A ESTRELA DA MANHÃ

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A Floresta do Éden estava silenciosa, naquele lado da ilha o lugar era mais quieto e mal se notava a presença de vida por ali. O sol brilhava levemente por entre as árvores, e apenas os passos furtivos de Killian quebravam o total silêncio da floresta.

A medida que avançava podia sentir um calafrio subir por sua espinha, apesar de ser um homem corajoso não havia dúvidas de que o que se escondia ali mais a frente fazia qualquer ser se amedrontar.

As árvores agora pareciam mais densas e se fechavam ao seu redor, como se escondesse o que existia depois dali. Killian se aprumou, apertou suas mãos na espada de bronze onde no cabo estava entalhada uma caveira, agradeceu por tê-la roubado de um feiticeiro mercante no sul da Itália.

Olhou de um lado para outro se certificando de que estava sozinho. Porém um odor de podridão subiu por suas narinas, um bafo quente se espalhou por sua nuca e enfim um rugido alto e estrondoso partindo o silêncio ao meio fazendo o bravo homem correr floresta adentro.

Sua respiração estava ofegante e ele jurou ter ouvido as batidas do seu coração mais altas que as próprias criaturas. A Floresta se abriu em uma enorme montanha com seu pico tocando os céus, Killian já avistava a divisa, o rio que corria para os dois lados. Eles já o estavam alcançando quando deu um salto para o outro lado é pousou na terra úmida as margens do rio, seus olhos encontraram os deles que voltaram para escuridão silenciosa do Éden. Killian pegou uma trilha controvérsia as enormes escadarias que levavam ao topo da montanha, um caminho tortuoso e escorregadio que o levou ao meio da montanha onde uma caverna jazia ali, eram pouco iluminadas e úmidas, mas parecia um lugar esquecido por todos. Um lugar perfeito para esconder um corpo.

A caverna parecia vazia e no breu era difícil ver o que se escondia do lado de dentro, novamente Killian ficou tenso, por um momento pensou ter que partir em caçada infernal, mas então uma figura surgiu mancando das sombras. Ele não era mais alto que uma criança e nem mais baixo que um anão, seus olhos esbranquiçados e seus cabelos sujos de terra demonstravam sua submissão.

- Acenda o lampião. -Ordenou Killian.

E assim a criatura fez, logo o lugar estava iluminado, não havia muita coisa, apenas uma espécie de colchão velho onde presumiu a criatura passava suas noites e outro espaço com barras de ferro e prata abençoada. Uma cela.

-Como ela está? -Perguntou o homem olhando para quietude dentro da cela, era possível ver apenas uma silhueta encolhida no chão frio.

- Nada bem...fica delirando, gritado durante a noite, meu senhor temo que os soberanos tenham ouvido...

-Seus antigos reis não podem ouvir nada daqui, não se acanhe eles não tocaram mais em você. -Disse ele dando leves tapas nas costas do menino.

- Sim senhor. -O pobre rapaz abaixou a cabeça e deu espaço ao seu mestre.

Killian se aproximou das barras tocando-as levemente.

-Eu voltei. -Disse. - Sabe estava com saudades.

A figura não se moveu, mas seus olhos brilhavam na escuridão, ele sabia que estava sendo observado.

- Arthur disse que você está delirando, tem alguma coisa a me dizer?

Ela se contorceu e resmungou, mas não disse nada. Killian encostou o rosto entre as barras.

- Espero que esteja gostando da sua casa. - Disse olhando em volta. – Já faz quanto tempo mesmo? Dezoito anos?

- Por que... Está aqui... – A silhueta na cela se rastejou para a outra parede, como se quisesse se proteger na presença do homem.

- Então está me ouvindo. Ótimo, significa que não morreu. Tenho novidades.

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