COROA FLAMEJANTE

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Os corredores do castelo Molfenter andavam silenciosos, sem todos os serviçais, os que não conseguiram fugir andavam com correntes nos pés e eram constantemente maltratados, Thomas por dias observou a situação lamentável dos mestiços, e lembrou-se da época em que ainda era humano, quando via afrodescendentes serem espancados até a morte por dirigirem a palavra a um ariano, a mesma dor que sentiu ao testemunhar tal acontecimento se repetia como um filme mórbido e repugnante. O agora denominado soldado, subiu as escadarias da torre mais alta, e se isolou no topo da escada, o sol entre nuvens carregadas daquela tarde que prometia ser chuvosa. Por horas ele ficou ali, encarando o pedaço de papel escrito á tinta vermelha com uma letra tão delicada quanto o remetente as palavras ecoavam em sua mente. "Os reinos estão abalados, seja meus olhos no castelo Thomas, sei que não fez o que fez por maldade, não se culpe por nada. Você é um bom homem"

O jovem vampiro deu um meio sorriso irônico, jamais se considerou um bom homem, e mesmo tendo passado poucos momentos com Mariah e ter conspirado para sua sentença, ainda sim, ela o perdoou e pedia sua ajuda. Não era hora de ser um covarde, nem um amante, tudo que ela precisava era de um aliado.

[...]

Lucinda andava saltitante pelos corredores, espalhando seu veneno como uma víbora. Estava cansada de ser humilhada, usada por todos, primeiro Killian, depois Íris, e até mesmo Pedro. O rosto cheio de fervor atravessou o castelo em direção aos aposentos reais, ela mesma abriu as portas e encontrou Lorenzo e Íris no meio de uma discussão calorosa. Sorrateiramente fingiu inocência.

- Estou atrapalhando?

- Sua audácia ainda vai te matar, garota insolente! - Esbravejou Lorenzo.

- As coisas estão bem tensas por aqui, bom, talvez não queiram saber o que eu sei sobre Killian, ou melhor, dizendo Simon? Lembra-se dele? O garotinho que foi torturado aqui mesmo no castelo. - Lucinda gesticulava de forma teatral.

- Estamos ouvindo. - Íris cruzou os braços, mas se pudesse estaria com eles em volta do pescoço da jovem vampira ruiva.

- Killian voltou por vingança, ele quer a coroa de Lorenzo, mas não é só isso, ele quer as cabeças de vocês em uma bandeja de prata. Ouvi rumores de que o reino das fadas se uniu a ele. Mais um passo e Dorothea pode quebrar as leis para aliar-se ao nosso maior inimigo.

- Killian pode ter envelhecido, mais ainda é um garoto mimado, faz tudo pra chamar atenção. - Íris estava claramente irritada.

- Um garoto não teria causado destruição em massa na noite da rebelião. Killian conseguiu acabar com os Acordos, a lei mais preciosa desde a época de nosso soberano Eurin. É uma ameaça!

- Temos tudo sob controle Lucinda, minhas tropas já estão vasculhando a ilha, em breve Killian será julgado como o criminoso que é.

- Como Mariah foi?

Lorenzo se aproximou da garota, e seus olhos estão escarlate, as presas surgindo ameaçadoras.

- Saia daqui, imediatamente.

Lucinda suspirou e saiu, andando pelos corredores com um sorriso felino. Íris veio logo atrás e a jogou com força contra a parede, alguns blocos caíram, a rainha encurralou Lucy, olhando-a no fundo de seus olhos.

- Acha que tem a liberdade de falar assim com seus soberanos, como se fossemos próximos? Você não passa de um experimento nojento e fétido. Deveria ter morrido naquelas sessões, você Lucian não passa de um rato de laboratório, que deu sorte, um pedaço de carne podre. É isso que você é. Coloque-se no seu lugar e nunca mais ouse, entrar daquela forma nos aposentos do rei. Ou terei o prazer de pendurar sua cabeça em um mastro.

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