LIBERTE-OS, LIBERTE-OS TODOS

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As últimas semanas tinha sido solitárias, caminhando por entre as sombras se escondendo de patrulhas enviadas por Killian, dormindo nas copas das árvores, ou em cavernas e buracos para não ser localizado. As criaturas da floresta tinham se escondido ou fugido de Elys, não se via mais a graciosas ninfas do ar e da terra, nem qualquer outro espírito da floresta. Apenas as árvores falavam com o vento. Os poucos cervos que tinham sobrado, foram consumidos por dias por Pedro, que sentia a necessidade de caça e fome como da primeira vez que se transformou. Estava vazio por dentro, tinha sido exilado e expulso pela própria esposa, ainda sim, sabia que Mariah tinha feito o certo, ela o protegeu de um destino mais cruel, e isso foi a maior prova de amor que ela poderia ter lhe dado. Seus pés o guiaram para o território das fadas, por algum motivo tinha chegado até lá, estava tão atordoado com sua culpa que não se atentou ao caminho que trilhava. Apreensivo ficou tenso e se aproximou, as flores estavam murchas e mortas, corpos de soldados monarca caídos no chão. Os portões quebrados, sem segurança alguma. Começou a entrar esperando um ataque surpresa, os punhos fechados as chamas em sua volta brandas esperando, mas, nada aconteceu. Não tinha vida ali, nem se quer uma, todas as fadas pereceram sob a ira dos renegados. Ele entrou no palácio, vidros quebrados, taças e cacos de vidro pelo chão, sangue em poças em toda parte, ele passou por um corpo amolecido e respirou fundo, era Seelie, a fada da guarda, protetora dos portões, não tinha resistido. Subiu as escadarias com cuidado, ali também tinha alguns corpos. Quando finalmente chegou aos aposentos da rainha, já esperava o pior. Abriu a porta lentamente e se deparou com Celine abraçada aos próprios joelhos na varanda, estava magra com ossos expostos, os cabelos sujos de terra, as mãos de sangue seco, o rosto inchado de tanto chorar, ela arregalou os olhos ao ver Pedro. 

- Lorde Pedro, que prazer em revelo. - Celine estava dissimulada, o rosto tenso, um sorriso que mais parecia uma tortura para ela. 

- Rainha Celine. - Pedro correu para pegá-la nos braços antes que a mesma batesse a cabeça no chão. A colocou em sua cama. 

- Sempre tão gentil. - Murmurou, estava muito fraca. 

- O que houve? O que aconteceu aqui? - Pedro olhou em volta enquanto a cobria com lençóis estava muito frio. 

Celine reprimiu o rosto e chorou mais uma vez, não tinha forças para se levantar. 

- O meu povo está morto. Eu perdi tudo Pedro, perdi minha casa, minha família, minha honra e minha filha. - Celine pegou o pulso do homem. - Salve minha filha. - Implorou. - Tenha misericórdia da alma dela. 

- Onde ela está agora? 

- Eu não sei... - Arfou, o peito cansado a boca seca e roxa. - Molfenters. 

- O que? 

- Ele foi vingar sua dor, ele vai matar o Rei, levou nossa filha com ele. 

Pedro pressionou os lábios, é claro que ela não tinha como saber. 

- Ele já conseguiu Celine. Lorenzo está morto. O reino dos vampiros foi tomado. 

Celine deixou as lágrimas rolarem, mas seu rosto era frio e gélido. 

- Então está tudo acabado. Ele vai conseguir. - Celine tossiu com força, sangue espirrou de sua boca. 

- Conseguir o que? - Pedro estava ansioso.

 - A profecia Lorde Pedro. Ele vai...se transformar na criatura mais poderosa que já existiu. O sangue dos filhos de Elys. - A voz da fada se dissipava nas palavras. 

- Quantos ele já tem? Por favor Celine, acorde. 

Celine se esforçou para manter os olhos abertos. 

A Herdeira Mestiça Donde viven las historias. Descúbrelo ahora