A Herdeira Mestiça

By albuquerque_s

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Vítima de um assassinato mal executado, Mariah despertará para um novo mundo, guiada por um encantador vampir... More

CONTO DO VIGÁRIO
RECÉM CHEGADA
A REALEZA
DOCE VENENO
ÁGUAS PROFUNDAS
SANGUE AZUL
O JULGAMENTO
CICATRIZES
INSTINTOS
A ALIANÇA
A DANÇA DOS CORVOS
A REBELIÃO
SOBREVIVENTE
FILHOS DA LUA
A QUEDA DO PRIMOGÊNITO
O MENINO QUE SOBREVIVEU
A ESTRELA DA MANHÃ
COROA FLAMEJANTE
O OUTRO LADO
O QUE VEIO ANTES
NADA DO QUE ME ORGULHAR
SONETO DO ADEUS
DO TRONO AO PÓ
CAMPO SANGRENTO
A GRANDE CHEGADA
ALGHARKA
UM FRAGMENTO DE EMPATIA
BAILE DE OURO
ÁRVORE VERMELHA
A PAZ NO PEQUENO ABISMO
VOTO PERPÉTUO
ATAQUE AOS REIS
KARMA
TODOS PARTEM E SE PARTEM
UMA TERCEIRA CHANCE
FADAS TAMBÉM SANGRAM
VERDADEIRO LUGAR
O ORÁCULO
SANGUE RUIM
A NOITE ESCARLATE
O LAR
LIBERTE-OS, LIBERTE-OS TODOS
FILHOS DE ELYS
SALVE A HERDEIRA MESTIÇA
PONTO DE RUPTURA
COLISÃO
O RENASCER
EPÍLOGO

MALDITO SEJA O REI DA NOITE

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By albuquerque_s

A noite tinha tomado os céus de Elys, era lua de sangue e os tons se misturavam a vermelhidão da perolada cheia. Até o clima da ilha conhecia bem os tempos sombrios das últimas eras. Na torre mais alta o rei dos vampiros contemplava o batalhão nos campos de treinamento, estavam se armando, vestindo suas armaduras de ferro com o brasão da casa Molfenter entalhado no metal, afiando suas espadas, seus elmos que simulavam o olhar do pássaro. Jamais imaginou que presenciaria novamente aquela cena, as famílias da corte tinham retornado ao mundo dos humanos, apenas os mais fortes permaneceram, apenas os sacrificados, os eleitos para guerra, a segunda que a terra dos sobrenaturais viveria. Ao longe já não podia mais ver os territórios Knowa. Estava protegido com magia presumira. Dorothea tinha sucumbido soube. E Mariah se unia aos elfos para proteção dos seus. Foi quando se deu conta, de que estava sozinho contra a legião de Killian. Os números não batiam. Passou semanas calculando. E nem com o dobro de seus soldados, poderia vencer. Ainda sim, seu orgulho superava o medo. Seu sangue era o mais nobre, o descendente de Eurin o primeiro! Quem poderia deixar um legado nas mãos de um covarde como o garoto mestiço. Lorenzo cerrou os punhos e se virou para dentro, sua armadura prateada feita de titânio puro, o elfo feito como a coroa de um Rei. O verdadeiro Rei De Elys. Se vestiu e apertou cada junta, cada cinto, cada peça de sua armadura e em frente ao grande espelho vestiu o elfo coroado. Seus olhos escarlate encarando a si mesmo. Seu peito inflou, e suspirou. A morte o esperava depois dos portões. Mas não iria se render a ela, nem mesmo que implorasse. 

As portas do quarto se abriram. General Reece o homem misteriosamente habilidoso e sádico entrou. 

- Senhor, toda a tropa de Payne está pronta. Os arqueiros já subiram as torres, os batedores estão em formação no grande território de sangue, alguns recém criados ficarão na linha de frente, são mais fortes e mais rápidos. 

- Ótimo. Quantos são? 

- Cinco Mil vampiros senhor. 

Lorenzo cerrou os punhos novamente. 

- Esta noite, meu caro Reece. Seremos lembrados para sempre. 

- Não tenho dúvidas meu Rei. 

Ambos saíram para fora para os campos de sangue, era como ele chamava, o maior território limpo dos Molfenter, uma área exilada sem muitas árvores, quilômetros de terra pura. Todos os cinco mil homens e mulheres da escuridão estavam lá. Lorenzo tirou seu elmo e tirou a espada da bainha, uma lâmina escura com o brasão entalhado no cabo de madeira nobre, nela estava escrito "O sangue é o poder dos abençoados, e pela lâmina serão a condenação dos amaldiçoados". 

- Meus filhos da noite! Ouçam o seu Rei! - Lorenzo ergue o olhar para todos. - Está noite, o inimigo bate a nossa porta, e se prepara marchando para adentrar nossa casa, nosso lar. Os imundos renegados, que não possuem honra, não possuem um povo, nem uma família! São invasores de nossa terra! Sei que muitos acabaram de chegar, e não compreendem a história desta terra. Mas ouçam a minha palavra, sou o filho descendente do grande fundador de Elys, Eurin Molfenter que fugia da caçada violenta dos humanos, encontrou nossa casa, aqui criamos nossos filhos, nosso império! Esta terra nos pertence, o nosso legado vive em cada um de vocês...Então o que peço, é que não temam as sombras que vem do leste, não temam a noite fria, nem a lua de sangue que se ergue nos céus. Somos nós os filhos da escuridão, vamos dobrá-la a nosso favor. Por nossas vidas, mas principalmente, pela nossa honra. 

Um coro estrondoso começou a ecoar por todos. 

- Viva o Rei De Elys!! Viva o Rei de Elys!! 

Lorenzo ergueu a espada. E coro de guerra se abriu, urros de vitória, de garra, de sede absoluta. 

[...]

No território Knowa, Mariah ainda admirava o horizonte esperando desesperadamente ver Pedro retornar de sua partida. Não tinha o dito para voltar e se questionava sobre o certo a ter sido feito. Abraçou os próprios braços, a noite estava fria e a lua de sangue tinha se erguido no céu. Os cabelos presos em um coque alto apenas algumas mechas soltas, também tinha se rendido aos vestidos de Lis, usava um azul escuro de tecido de druida, era semelhante a algodão, porém mais leve, de ombro a ombro com mangas longas. Ainda sim estava descalça e se sentia livre, pelo menos por fora. 

- Ainda esperando por ele? - A voz de Lis fez Mariah escapar de seus conflitos internos. 

- Você deixou de esperar por Arya? 

A feiticeira se aproximou e parou ao lado dela, tinha prendido os cabeços em uma trança espinha de peixe, e usava calças o que era inédito para a menina. 

- Já fazem semanas. Ele deve ter ido embora. Ou está em algum lugar na floresta de Elys. 

- Isso tudo é minha culpa, eu o exilei. 

- Pelo que sei, Pedro fez uma escolha. O bom coração do príncipe o traiu. E isso o levou a mentir para você. O que você fez, foi um gesto de amor verdadeiro Mariah. 

- Como posso acreditar que deixá-lo foi o certo? 

- Se Pedro ficasse, a notícia poderia se espalhar, como você poderia continuar sendo a Herdeira Mestiça e Esposa de um traidor? 

- O povo que deseja ser livre, poderia ser cruel a esse ponto? 

- Seu entendimento entre bem e mal é raso querida, nenhuma criatura no universo pode ser completamente boa, ou completamente ruim. Todos nós temos nossos demônios. Alguns de nós os enfrentamos, outros apenas sucumbem a eles. 

Mariah engoliu em seco, sabia que não podia mais evitar seus pesadelos frequentes com seu outro eu, os sussurros enquanto seus olhos estavam abertos, o desejo por sangue e vingança. A escuridão tinha retornado a sua mente. A profecia ficava mais forte a cada instante. 

- Esta noite, não será como as outras Lis, posso sentir isso. 

Lis a puxou para um abraço, quando a afastou tocou seu rosto com gentileza. 

- Com certeza não será. - E sorriu. - Aurora despertou. 

- O que? Agora? - O coração de Mariah acelerou, seus olhos se inundaram, finalmente uma boa notícia. - Por que demorou tanto a dizer!? 

Mariah segurou a barra do vestido e correu para as cabanas, quanto mais corria mais sorria, as lágrimas correndo pelo rosto. O frio na barriga dominando seu corpo. Ela entrou sem cerimônia na cabana, e se apressou para o quarto onde Aurora estava. Quando parou na porta, viu sua mãe de pé tinha acabado de tomar um banho e tinha cheiro de flores de outono. O ar faltou em seus pulmões, estava tremendo e ansiosa, o que diria? Como agiria? Será que gostaria de sua aparência? Afinal Aurora era um anjo, quem mais belo que isso? E ela era deslumbrante como o nascer do sol. Os cabelos castanhos escuros, os olhos violeta. As marcas das correntes ainda se curavam em sues pulsos e tornozelos mas parecia muito melhor do que quando foi encontrada. 

- Mãe... - A voz saiu falhada. 

Aurora se virou e sorriu levemente. 

- Mariah... - Ela se aproximou e a abraçou com força, um aperto longo e demorado esperado por tantos anos, ambas caíram em lágrimas. 

Depois de muito tempo, se afastaram. Aurora tocando seu rosto e olhando-a de cima a baixo, como se quisesse se provar de que aquilo era real. Que estar ali, era verdade. 

- Eu esperei tanto tempo por isso... - Limpou as lágrimas e puxou Mariah para sentar-se. - O que aconteceu? Como veio para cá? Eu nunca quis que pisa-se em Elys querida, me perdoe, por favor, me perdoe. 

- Ei, não. Não peça perdão por nada. Sei que você teve motivo para me querer longe daqui. E eu entendo. 

- Não você não sabe de tudo. - Aurora parecia desesperada em falar. 

- Podemos falar disso depois. - Mariah limpou o rosto molhado da mãe, que segurou sua mão no colo com carinho. 

- Não podemos. Você precisa saber de tudo. Agora. 

Mariah sentiu um aperto no coração. O que tanto precisava saber? Ela respirou fundo e olhou no fundo dos olhos da mãe. 

- Estou aqui. Temos a noite toda. 

- O que vou lhe contar, pode afetar tudo que sabe até agora minha filha. Trata-se do passado, envolve seu nascimento e o que houve antes dele. - Aurora se afastou e se levantou.  - Eu era um anjo dos céus, legítimo, criada para proteger os sobrenaturais para cuidar da segurança da ilha para que nenhum descumpri-se a lei das bestas. A ilha foi concedida pelos céus a muitas e muitas eras, para todas as criações profanas, ou perigosas de mais para os primordiais, os seres humanos. Tudo ia bem durante cem anos servi ao propósito sem problemas, mas ordens maiores me trocaram de missão, passei a observar os humanos a protegê-los e a ilha ficou para outro anjo Azazel assumiu. Então eu me encantei pela natureza humana, pela beleza de sua coragem e esperança, e por um par de olhos verdes. 

- Você se apaixonou por um humano? 

- Sim. Ele se chamava George Holmes, era dono de uma confeitaria. Era um homem incrível minha filha, a mais bela joia dentre os humanos. Mas como sabe, relacionamentos com humanos são proibidos inclusive para nós anjos. Gabriel o arcanjo, descobriu e fui punida a voltar a terra de Elys, como redentora permanente. Jamais voltaria ver George, ou qualquer outro humano. 

- Não entendo onde quer chegar com isso? 

- Fui exilada, mas o que Gabriel não sabia é que eu não tinha só deixado George, mas meu filho também ficou para trás. 

Mariah empalideceu. 

- Seu filho? 

- Era apenas um bebezinho lindo, eu não tive tempo de salvá-lo. - Havia uma grande angústia em suas palavras. - Alguns poucos anos depois, descobri que George tinha morrido, de câncer e que meu filho estava desaparecido. Até que... - Ela hesitou. - Até que um garotinho chegou no cais de Elys, nos tempos de calmaria, era ele, meu pequeno e ingênuo Simon. 

As vozes na cabeça de Mariah se elevaram, suas mãos tremeram com mais força estava atônita. 

- Ele....Ele é.... - O ar diminuiu em suas veias, Mariah podia sentir a dor e a pré-iminência de sua ira.  

- Precisa terminar de ouvir. Simon é inocente. 

- O que!? Inocente!? - Mariah cerrou os punhos. - Tem noção de quantos ele matou? Do que ele fez aos Knowa, as fadas, a mim!!! Não estamos falando da mesma pessoa. 

- Não pense que sou tola, sei no que meu filho se tornou. Ele pertence as sombras, ele não é mais meu filho. Mas precisa entender o por que. Escute, quando engravidei de você eram tempos difíceis, fui expulsa dos céus e jogada a própria sorte em Elys. Todos eram submissos as leis Molfenter, e o pai de Lorenzo o último rei morto, não queria nos aceitar. Ele me caçou como uma presa, me escondi com Lis mas não durou muito, você a criança que nascia em meu ventre era amaldiçoada, uma aberração para eles. Então Mandei que Lis a levasse daqui, a deixasse em segurança com os humanos, sabíamos que seria uma mestiça e seus poderes jamais apareceriam a não ser que seu sangue tocasse o sangue de um nascido em Elys. 

- Você me deixou, e ficou com o Simon. 

- Por pouco tempo, ele também foi tirado de mim. Não consegui salvá-lo, ele foi pego pelos Molfenter. E eu, me exilei na Montanha dos Elfos. 

- Foi pra lá por vontade própria? 

- Eles me acolheram durante um longo tempo, mas Simon retornou anos antes de você chegar a Elys, ele me sequestrou na calada da noite e fui dada como morta. Mas me tornei uma prisioneira. 

- Eu falhei com vocês. Eu os abandonei. Fui fraca. - Aurora estava aos prantos, sua dor e arrependimento era nítido. 

- Fomos condenados no dia em que fomos concebidos. Chega a ser poético. - Mariah limpou as lágrimas com as costas da mão. - Eu preciso de um tempo, pra digerir tudo isso. 




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