A Herdeira Mestiça

By albuquerque_s

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Vítima de um assassinato mal executado, Mariah despertará para um novo mundo, guiada por um encantador vampir... More

CONTO DO VIGÁRIO
RECÉM CHEGADA
A REALEZA
DOCE VENENO
ÁGUAS PROFUNDAS
SANGUE AZUL
O JULGAMENTO
CICATRIZES
INSTINTOS
A ALIANÇA
A DANÇA DOS CORVOS
A REBELIÃO
SOBREVIVENTE
FILHOS DA LUA
A QUEDA DO PRIMOGÊNITO
O MENINO QUE SOBREVIVEU
A ESTRELA DA MANHÃ
COROA FLAMEJANTE
O OUTRO LADO
O QUE VEIO ANTES
NADA DO QUE ME ORGULHAR
SONETO DO ADEUS
DO TRONO AO PÓ
CAMPO SANGRENTO
A GRANDE CHEGADA
ALGHARKA
UM FRAGMENTO DE EMPATIA
BAILE DE OURO
ÁRVORE VERMELHA
A PAZ NO PEQUENO ABISMO
VOTO PERPÉTUO
ATAQUE AOS REIS
KARMA
TODOS PARTEM E SE PARTEM
UMA TERCEIRA CHANCE
FADAS TAMBÉM SANGRAM
VERDADEIRO LUGAR
O ORÁCULO
MALDITO SEJA O REI DA NOITE
A NOITE ESCARLATE
O LAR
LIBERTE-OS, LIBERTE-OS TODOS
FILHOS DE ELYS
SALVE A HERDEIRA MESTIÇA
PONTO DE RUPTURA
COLISÃO
O RENASCER
EPÍLOGO

SANGUE RUIM

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By albuquerque_s

Os bosques estavam quietos ao norte do território das fadas, mal se viam os animais ou as ninfas, todos escondidos e amedrontados com a presença dos renegados. Por ali, não havia muita luz as árvores cobriam grande parte do céu. A noite tinha sido longa e por muitas vezes Bethânia teve que parar para recuperar o folego ou se apoiar nos troncos por estar faminta, com sede e exausta, chorou por muito tempo enquanto seguia sem rumo pelo bosque com medo do que poderia ter acontecido com sua mãe, que tanto lutou para escondê-la do mundo. Tudo era novo aos seus olhos jamais tinha saído do quarto e tudo que vira foram suas visões de uma Elys vívida e cheia de cores e sensações. Apesar de não imaginar que agora, tudo estava mais sombrio do que temia. Em um passo descuidado Bethânia segurou o grito ao cair de uma depressão instável, rolou por algum tempo, os galhos lhe ferindo a pele, o corpo se enchendo de lama e sujeira, quando finalmente parou de cair, seu tornozelo tinha inchado provavelmente tinha o ferido tentou toca-lo mas queimou sobre a pele. Ouviu vozes ao longe, eram eles, os renegados a caçavam. Não era hora de parar.
Se levantou abruptamente, grunhindo baixo e abafado e se forçando a ficar de pé mancando e com dor Bethânia tomou fôlego e correu se esquivando das árvores descendo ainda mais, se segurando em galhos, apoiando em pedras seu peito subia e descia com rapidez precisava escapar não podia deixar que o esforço de Celine fosse em vão. Ela continuou até chegar a um pequeno riacho ele dividia o lado das fadas, era estreito e a correnteza era feroz. Ela parou por um instante, talvez fosse a hora de sair da Corte das Fadas procurar pela feiticeira como a Mãe a tinha instruído. Mas o riacho se encheu de sangue, a água ficou vermelha e Bethânia deu um passo para trás, alguma coisa tinha acontecido. Seus olhos marejaram suas mãos tremeram e ali foi sua perdição.
Os soldados renegados a alcançaram e a puxaram pelos cabelos.

- Sua aberração imunda! - Gritou um Vampiro. O mesmo que a puxava. - Achou mesmo que escaparia de nós? Reze pra que Killian tenha piedade da sua alma.

Bethânia continuou se debatendo enquanto era arrastada de volta a Corte das Fadas. Por várias vezes deu chutes e mordeu a mão do renegado que só resultou em mais violência contra sua pele, em um momento o vampiro a esbofeteou com tanta força que a fada desmaiou.

[...]

Quando finalmente acordou, seus olhos doíam e seu tornozelo tinha sido enfaixado e curando com raízes do jardim das fadas. Uma sala grande onde Bethânia nunca tinha estado, não havia nada ali, sem janelas ou luz, a não ser por apenas um único lampião aceso, apenas uma porta estreita bem a sua frente. Suas mãos estavam amarras a uma pilastra, o metal queimava seus pulsos. Quando se forçou a olhar pela escuridão viu um caixão de vidro cheio de água, onde uma sereia ferida e descordada estava, em outro canto um pequeno baú com dois cadeados dourados, e a sua direita, uma elfa amarrada com correntes pesadas presa a parede, esta estava acordada e a encarava.

- Presumo que você seja da Realeza? - A voz da elfa era fria como gelo cortante.

Bethânia nada respondeu.

- É eu entendo, quando fui levada não entendi o motivo, mas agora vendo aquela ali. - Apontou para sereia. - E agora você. - Isso é calculado, não fomos escolhidas ao acaso.

- Pensei que os elfos tinham desaparecido. - A voz da fada saiu quase como um sussurro.

- É, todos pensaram. Mas na verdade, estávamos nos escondendo da verdade. Mas o caos chegou para nós, assim como a Herdeira disse.

Bethânia se ajeitou, os olhos curiosos.

- Viu a Herdeira Mestiça?

- Sim. Ela é real. Mas sinceramente, não acho que pode parar isso.

- Parar com o que?

A elfa cuspiu sangue e olhou a fada de cima a baixo, deu um sorriso triste e limpou a boca com as costas da mão.

- Você é como um lírio do campo princesa. Ingênua e inocente. Presumo que essa não seja sua primeira prisão.

Bethânia se encolheu um pouco. De fato não sabia nada do que estava acontecendo.

- Nós fazemos parte de um ritual. Uma guerra acontece do lado de fora desses muros, pessoas estão morrendo. E na Guerra, não importa sua raça, sua idade ou sua bravura. Todos morrem. Todos perdem.

- Deve haver alguma esperança.

- Talvez. Mas não dá pra confiar em um Talvez.

****

As portas do salão real das fadas se abriram com violência, Killian gritava com seus soldados dando ordens exigindo mais rapidez. Estava irado com tanta incompetência. Seus olhos brilhavam de euforia tudo estava saindo como planejado mas ainda precisava impor respeito aos miseráveis que trouxera do mundo exterior. O trono das fadas agora era dele, enquanto Celine estava acorrentada ao mesmo só que jogada no chão seminua como uma escrava qualquer. Destituída de poder ou honra. Uma sombra do que fora a Rainha das fadas. Ele se sentou e suspirou, seus maiores generais estavam parados a sua frente.

- Onde está o baú?

Logo dois soldados foram prontamente buscar. Enquanto o General Lobo se aproximou.

- Senhor, precisamos do resto dos ingredientes. O tempo está passando rápido. Quanto mais esperarmos...

- Eu sei!! Acha que não estou ciente disso!!? Meus inimigos estão preparando um exercito, eles estão se armando contra nós. E não podemos fraquejar. Temos que continuar nossa coleta.

O baú chegou e foi colocado na frente do homem que o abriu com as chaves que carregada no pescoço. Dentro haviam ossos de tamanho mediano, os de uma criança em sua adolescência, o cheiro familiar de um cão.

- Presumo que este seja seu sobrinho. - Killian olhou para o General que não pareceu incomodado.

- Lion Knowa. O garoto era mais fraco que um galho seco. - Declarou ele.

Killian tocou os ossos e citou a magia profunda do Algharka, o esperando era que aqueles virassem um pó solúvel onde ele beberia para obter as habilidades dos Knowa. Mas o que aconteceu foi que aqueles ossos não tinham poder algum. Quando Killian percebeu chutou o baú para longe, os ossos caíram no chão.

- Maldição!!! - Esbravejou.

- Precisa do sangue de um Knowa. O sangue é a maior fonte de poder.

- Tem razão Marcel. E é por isso, que você irá me trazer um Knowa legítimo. - Killian deu um sorriso diabólico. - Acho que sua filha Melina, deve servir.

Marcel pareceu hesitar por um momento.

- Algum problema?

O lobo limpou a garganta e se aprumou.

- Eu a trarei senhor.

- Ótimo. Partirá esta noite, leve seu povo. Acredito que seja o suficiente.

- Sim senhor.

Marcel Knowa saiu do salão partindo para os campos baixos onde os preparativos da guerra seguiam a todo vapor.

Os outros generais esperavam instruções.

- Quanto a vocês. Preparem nossos Renegados quero todos armados e alertas. Partiremos daqui duas luas.

****

A tarde era chuvosa, o campo estava molhado e finalmente Mariah decidiu dar um dia de folga a todos. Para se recuperarem e ficarem com seus entes queridos. Não se sabia o que poderia acontecer, e em que momento seriam surpreendidos por ataques. Era o momento de aproveitar o tempo de calmaria enquanto ele durasse. Mesmo que fosse por apenas aquele dia. Thomas agora se abrigava junto a cabana de Victor que o recebeu muito bem. Lis D'Blair tinha voltado para casa, não estava lidando com a partida de Arya. Nem seu nome citava, mas era nítida a dor reprimida em seus olhos profundamente azuis. Enquanto isso, Mariah estava lendo sobre Elys, um livro do que pegara emprestado na biblioteca de Bernard. Era sobre os tempos dourados, onde não haviam limites, nem guerras. O tempo de paz do qual não conheceu.

- É um livro muito bom.

Pedro tinha acabado de sair do banho, os cabelos molhados cinza escuro, sem camisa e apenas calças pretas e cinto e suas botas de caça. Parecia tranquilo. Mas, desconfiado também.

Desde que soube sobre sua traição Mariah procurou evita-lo, mal se falavam e não dormia mais ao seu lado.

- Pode me dizer o que está acontecendo? - Ele se aproximou mas Mariah se levantou e fechou o livro, caminhando para a sala. Ele a seguiu. - Não pode continuar me tratando assim sem me dizer o por que. Desde que Thomas chegou você se afastou.

Mariah respirou fundo. Não podia mais adiar.

- Ele me contou Pedro. Sobre você. Sobre como você contou a Lorenzo, da montanha dos elfos, de nosso plano que disse onde estaríamos.

- Eu não...

- Não ouse mentir para mim outra vez!!

Pedro hesitou.

- Eu pensei que ele pudesse nos ajudar.

- Não pode ter sido tão ingênuo a esse ponto. Depois de tudo que passamos com os Molfenter!! Depois de ter ido lá com Bernard e serem acusados de assassinato!! O que você esperava? Que Lorenzo reconsidera-se, te oferece-se o perdão? Ou a todos nós? Faz ideia do fez?

- Você diz que quer lutar por todos nós. Mas os vampiros não estão incluídos a isso. Pra eles a regra não se aplica. Somos monstros como você sempre disse. Não negue a verdade. Eu sou uma excessão assim como Thomas.

- Não é culpa minha se seu povo escolheu o exílio. Mas você nos colocou em Perigo Pedro! Melina estava morta enterrada lá fora! Tudo por que você não soube ser leal. E se não tem lealdade. Então você não tem nada!

Pedro sentou-se no sofá, irritado e triste.

- O que pretende fazer agora?

- Se isso fosse exposto aos outros. Você seria esquartejado pelos lobos. Sabe disso, não sabe?

Pedro a olhou com medo e tristeza, tinha a magoado, tinha causado toda a confusão do dia da fuga, Mariah lutou sozinha contra um grupo de vampiros habilidosos. Poderia ter morrido. E isso seria insuportável para ele.

- Me perdoe. Eu fui desleal, irresponsável e um covarde por não ter lhe contado.

- Não acho que posso perdoa-lo Pedro. Mas também não vou expor você a morte. Não suportaria tão condição. - Os olhos de Mariah se encheram. - Estou magoada. Mas não posso deixa-lo morrer. Por isso, tomei minha decisão.

Mariah respirou fundo, segurando as lágrimas na garganta.

- Você será exilado.

- O que?

- Quero você fora dos limites Knowa. Não posso confiar em você. Preciso que saia Pedro. Fora daqui estará por sua conta.

- Como pode fazer isso? Eu amo você.

- Eu também amo você. Mas não posso colocar todos em perigo por isso.

Pedro correu para os seus braços e a apertou forte, ambos choraram e se despedaçaram com a despedida. Em poucas horas Pedro estava indo embora. Jogado a própria sorte. Enquanto o coração partido de Mariah a fazia sangrar por dentro. Nem sempre o certo, é o mais fácil.

- Adeus meu amor.









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