A Herdeira Mestiça

By albuquerque_s

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Vítima de um assassinato mal executado, Mariah despertará para um novo mundo, guiada por um encantador vampir... More

CONTO DO VIGÁRIO
RECÉM CHEGADA
A REALEZA
DOCE VENENO
ÁGUAS PROFUNDAS
SANGUE AZUL
O JULGAMENTO
CICATRIZES
INSTINTOS
A ALIANÇA
A DANÇA DOS CORVOS
A REBELIÃO
SOBREVIVENTE
FILHOS DA LUA
A QUEDA DO PRIMOGÊNITO
O MENINO QUE SOBREVIVEU
A ESTRELA DA MANHÃ
COROA FLAMEJANTE
O OUTRO LADO
O QUE VEIO ANTES
NADA DO QUE ME ORGULHAR
SONETO DO ADEUS
DO TRONO AO PÓ
CAMPO SANGRENTO
A GRANDE CHEGADA
ALGHARKA
UM FRAGMENTO DE EMPATIA
BAILE DE OURO
ÁRVORE VERMELHA
VOTO PERPÉTUO
ATAQUE AOS REIS
KARMA
TODOS PARTEM E SE PARTEM
UMA TERCEIRA CHANCE
FADAS TAMBÉM SANGRAM
VERDADEIRO LUGAR
O ORÁCULO
SANGUE RUIM
MALDITO SEJA O REI DA NOITE
A NOITE ESCARLATE
O LAR
LIBERTE-OS, LIBERTE-OS TODOS
FILHOS DE ELYS
SALVE A HERDEIRA MESTIÇA
PONTO DE RUPTURA
COLISÃO
O RENASCER
EPÍLOGO

A PAZ NO PEQUENO ABISMO

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By albuquerque_s

Na terceira lua após a partida de Lia e os outros. Finalmente já podiam ver as luzes da Aldeia, as fogueiras acesas, no campo mesmo a noite era possível ver os mestiços e os lobos treinando incansavelmente, os feiticeiros os orientando, mostrando movimentos e corrigindo erros. Pedro estava lá empunhando uma espada explicando a um mestiço meio fada, meio lobo, como atacar com excelência. Bernard também estava lá, os dois correram pela colina ao verem o grupo se aproximar. Lia estava cansada, Maicon carregava o anjo desacordado, e Victor com o rosto retorcido carregava o corpo de Melina, logo atrás Frida vinha, encolhida e curiosa com o lugar.

- Quem eles estão carregando? – Pedro sentiu um aperto em seu peito. Torcendo para não ser Mariah.

Eles aceleraram ainda mais. Bernard caiu de joelhos ao se aproximar, Victor pousou o corpo de Melina no chão. Ben, a segurou em seus braços e a balançou lentamente, negando com a cabeça. Sussurrando para si mesmo. – Não, minha pequenina não.

Lis e Arya vieram assim que souberam da notícia, Maicon entregou o corpo do anjo a elas.

- Essa é a mãe de Mariah. Leve-a para dentro. Ela desmaiou quando a encontramos.

Arya e Lis se entreolharam espantadas, mas fizeram o que lobo pediu.

Lia abraçou Maicon soluçando outra vez, o mesmo puxou Victor e ficaram ali por um tempo.

Pedro se aproximou da elfa mestiça que abraçava os próprios braços, o rosto triste olhando para os Knowa.

- Onde está Mariah? Por que não está aqui? – Pedro estava alarmado.

- Ela, ficou para trás. Nos mandou vir, parece que os vampiros estavam vindo. Eu...não sei. – Frida não sabia o que dizer, era a primeira vez que via um vampiro de perto.

- Onde vocês a deixaram? Me diga onde!! – Pedro estava desesperado.

- Pedro! Já chega! Não pode ir atrás dela! – Lia se aproximou, os punhos cerrados, as lágrimas correndo pelo seu rosto. – Ela nos salvou! A única coisa que vai conseguir indo atrás dela é uma morte horrível. Não seja egoísta a esse ponto. Ela voltará.

- E se não voltar!?

- Ela tem que voltar. – Lia olhou para Ben, e Melina morta em seus braços.

[...]

A noite passou depressa, logo os primeiros raios de sol surgiram no horizonte, e lá estava Victor mais uma vez, destruído, despedaçado com seu violino o toque melancólico em uma manhã de luto. Melina foi enterrada junto aos seus, com sua verdadeira família, todos em volta do túmulo pranteavam sua partida. Victor tocava de olhos fechados, em sua, mente apenas o rosto de Melina pairava. Recordou-se de quando a conheceu quando eram crianças, tão puros e felizes, a garota de cachos escuros e um sorriso doce, sempre sensata e carinhosa. Lembrou-se de beijá-la debaixo da árvore vermelha, e vê-la corar e correr envergonhada. Lembrou-se da despedida, quando ela partiu de Elys, lembrou-se de sua volta, quando acabara de perder a irmã, mas sentia um calor no peito pela volta de Melina. Ela a amava, com todas as suas forças, sempre a amou e a teve em seus braços por alguns instantes. Pensou que deveria tê-la beijado na noite do Baile, deveria ter dito, mas não disse. E agora a perdeu também.

Lia abraçava Maicon, para não deixar que seus joelhos ruíssem e caísse no chão, estava sem forças e não queria vê-la ali debaixo da terra, Melina era uma irmã, era da família, E aquilo estava matando-a por dentro.

Bernard estava com os punhos cerrados, as lágrimas doíam ao escorrerem pelo seu rosto retorcido. Havia criado Melina, desde que seu pai tinha sido banido e sua mãe assassinada. Era mais que sua sobrinha, era sua filha. Seu sangue. E agora, ele não ouviria mais a voz dela. Nunca mais.

Em sua lápide que Lia mesmo fez, estava entalhado. "Aqui Jaz Melina Knowa, amada por todos, uma guerreira justa, e uma irmã corajosa. Não havia nada que podia impedir a fúria de Melina."

[...]

Uma longa semana se passou, não houveram notícias de Mariah, nem dos Molfenter, a não ser o fato de que Lorenzo tinha fechado o território com muros, ninguém entrava ou saía desde então. Os treinos continuaram, os mestiços evoluíam a cada dia, os feiticeiros e os lobos já não se estranhavam tanto e pareciam estar em harmonia, ajudando uns aos outros. Victor e Maicon tinham entrado para os treinamentos, para ajudar os outros, tantos os lobos mais jovens, quando os mestiços. Apesar da dor do luto, Victor estava determinado a lutar para honrar a morte de sua amada. E lutar, o ajudava a esquecer da dor.

Lis e Arya estavam fazendo o possível para despertar Aurora, que confirmaram ser a mãe de Mariah. Mas o anjo permanecia adormecido. Bernard seguia buscando por pistas sobre Killian, mas todos os seus contatos no mundo dos humanos, tinham sido mortos, pelos renegados. Tudo estava em silêncio nos outros territórios e era isso que assustava o alfa.

Em uma tarde, Lia caminhava com Frida pelos campos Knowa. A elfa tinha se adaptado muito bem ao lugar, era uma ótima guerreira e a loba a treinava sempre que podia.

- Você ainda não me contou porque não estava no baile, aquela noite? – Lia caminhava calmamente.

- Arwen, não sabe que eu existo.

- Mas, você estava lá no palácio.

- Sim, escondida em uma sala secreta cheia de livros empoeirados. E escuridão total. – Frida revirou os olhos. – Lia, eu sou mestiça, viu algum mestiço enquanto esteve nas montanhas? Não! É porque Arwen nunca permitiu que a raça dos elfos se misturasse a outras.

- Então como você... – Lia procurava entender.

- Meu pai, ele se envolveu com uma loba. Há muito tempo atrás.

- Arwen tem um irmão?

- Tinha, ele já morreu. O nome dele era Lóris. Minha tia, Miriel diz que ele era gentil, e sempre um homem justo. – Frida deu um meio sorriso. – É tudo que eu sei sobre ele.

- E sua mãe?

- Morta. Ela... – Frida suspirou, os olhos tristes. – Eu não a conheci, segundo minha tia, ela deu a luz e me entregou ao meu pai. Ela...não podia ficar comigo.

- Frida, se sua mãe era uma loba, há uma chance dela ser daqui?

-Eu...não sei... – Frida estava confusa. – Tia Miriel disse que ela era casada, e que o marido a matou quando descobriu sobre mim.

Lia empalideceu.

- Como...como era o nome da sua mãe?

- Freya. Por quê?

Lia piscou algumas vezes, se afastando para pensar, logo se virou de volta à mestiça.

- Freya era o nome da mãe de Melina, o pai dela era Marcel Knowa. Na época ninguém compreendeu porque Marcel tinha matado a esposa, agora... Tudo faz sentido. – Lia andava de um lado para outro. – Você era o motivo, por isso Marcel enlouqueceu.

- O que você quer dizer?

- Frida, você é minha meia prima. É irmã de Melina, e uma Knowa.

- Depois de todos esses anos, e a resposta estava aqui, bem aqui. – Frida segurou o nó na garganta. – Eu queria tê-la conhecido mais...Melina. Minha irmã. – Frida respirou fundo, amargurada e arrependida de nunca ter coragem para descer as montanhas antes.

- Tenho certeza, de que ela se orgulharia de você. Afinal, agora está em casa. – Lia deu um sorriso triste a Frida que assentiu um pouco desnorteada com a descoberta.

[...]

- Já faz uma semana, Ben, acha que ela pode estar... – Pedro engoliu em seco, ele se recusava a cogitar tal coisa.

- Não é a primeira vez que Mariah some. – Ben, parecia convicto. – Ela vai voltar, em alguma hora.

Pedro suspirou inconformado e preocupado.

- Acho que essa hora já chegou. – Maicon parou ao lado dos dois, com um meio sorriso no rosto, ele encarava o horizonte.

Mariah surgiu no horizonte, à blusa branca suja e manchada de sangue, cambaleando, a cabeça sangrava e seus olhos pareciam cansados. Pedro sentiu como se o ar voltasse aos seus pulmões, ele correu para pegá-la, antes que ela atingisse o chão. Ela caiu em seus braços, a respiração pesada, os olhos focaram no rosto do vampiro.

- Pedro... – Sussurrou.

- Eu estou aqui, você esta bem? O que houve? – Pedro investigava seu corpo em busca de ferimentos mais graves.

- Eu...estou...bem. – Mariah se forçou a sentar na grama.

Olhou em volta, ao longe podia ver o cemitério dos Knowa, o campo mais ao longe onde o povo treinava freneticamente, e mais a direita, Lia, Maicon e Victor encarando-a. Não ver Melina, fez o nó em sua garganta apertar.

- Podemos entrar? Eu preciso de água. – Pediu Mariah exausta.

[...]

Todos se reuniram na cabana de Bernard, Mariah sentou-se com dificuldade no sofá da sala. Seus ferimentos na cabeça já se curavam sozinhos, um pouco mais lentamente que o comum.

- Onde esteve? Por que demorou tanto para retornar? – Lia estava aliviada por vê-la, mais ao mesmo tempo estava preocupada.

- Eu estava ferida demais para andar, os soldados de Payne que me atacaram, eles eram diferentes. – Mariah lembrava com clareza daquela noite. – No inicio pareciam como os outros, eu lutei e destruí grande parte do grupo, mas um deles, ele estava com uma espada de prata que era familiar. Ele me feriu várias e várias vezes.

- Que espada era essa?

- Era igual a que Killian usava para torturar Marcos, quando ele saia da linha. Lembro-me como ela era, e era exatamente igual ao que o soldado carregava.

- Acha que Killian e Lorenzo estão trabalhando juntos? – Bernard cruzou os braços tensos.

- Não. – Mariah estava certa de suas palavras. – Enquanto eles achavam que eu estava morta, ouvi um dos soldados, chama-lo de General Reece.

- Então Thomas... – Pedro pensou o pior.

- Não sabemos. – Mariah refutou, apesar de tudo tinha um apresso pelo vampiro Thomas. – O fato é que, Lorenzo tem um novo general, e quando eu estava nos Molfenter, não conheci nenhum Reece.

- Recém-criados. – Pedro estava reflexivo. Voltou-se para todos. – Em tempos de guerra, Lorenzo recruta humanos para o exército de Payne. Pessoas desgarradas, odiadas ou perdidas. Pessoas que ninguém sentirá falta. Esse Reece, com certeza é um recém-criado.

- Melina tinha dito que Killian estava recrutando humanos, criando novos sobrenaturais. – Comentou Lia.

- Esse Reece, não está do lado dos Molfenter, ele é um infiltrado. E agora, pelo que sabemos. Lorenzo fechou os portões do território dos vampiros. – Concluiu Bernard.

- Como assim fechou? – Mariah olhou de um para outro.

- A rainha morreu Mariah, Íris foi morta pela princesa. É tudo que soubemos na cidadela. – Arya estava cada dia, mas parecia com uma humana, mesmo com os olhos de sereia evidentes.

- Lucinda... – Mariah parecia se lembrar dos longos cabelos ruivos da vampira serpente. – Então ela conseguiu o que queria afinal.

- Os outros reinos estão em silêncio. O que vamos fazer? – Lis olhou para Mariah assim como todos os outros.

Houve um momento de silêncio, Mariah ponderava suas palavras.

- Vamos cuidar da nossa família. Vamos nos preparar. E esperar.

- Esperar pelo que?

- Por um sinal.

[...]

Todos já estavam saindo, quando Lis olhou para Pedro. O mesmo se voltou a Mariah.

- Estarei esperando por você na cabana. – Pedro a beijou suavemente, saindo pela porta da frente.

Lis se aproximou e sentou-se ao lado de Mariah.

- Como você está com tudo isso?

- Estou, destruída Lis, todos estão esperando que eu seja uma grande líder. Mas eu perdi tudo que eu tinha, Melina está morta, os elfos acham que somos assassinos, tudo está desmoronando. – Mariah cobriu o rosto, deixando que as lágrimas caíssem.

- São só tempos ruins, logo passarão querida. Sei que agora parece impossível de acreditar. Todos nós tememos o futuro. Mas precisamos seguir em frente. Ou pelo menos tentar.

Mariah limpou as lágrimas, respirando fundo, o rosto vermelho e inchado. O rosto de Aurora refletiu em sua memória.

- Onde está a minha mãe? Ela está bem? Posso vê-la?

- Ela... – Lis hesitou. – Ela não acordou ainda.

Mariah levantou-se e caminhou pelo corredor que Lis apontou, ela foi até os últimos quartos e entrou onde Arya estava, na cama Aurora adormecia, agora com roupas limpas e aquecida.

- Porque ela não acorda? – Mariah hesitou ao se aproximar, ela se abaixou para tocar o rosto do anjo.

- Nós não sabemos... – Arya estava triste. – Mas nós vamos descobrir, e ela vai acordar, ela está viva. Mariah. E agora, é o que importa.

- Pode nos deixar a sós? – Pediu Mariah gentilmente. E Arya saiu do quarto.

Mariah se ajoelhou ao lado do leito, tocou a mão delicada de Aurora e a olhou gravando cada detalhe do seu rosto na memória.

- Mãe, você precisa acordar. Preciso de respostas, preciso... – Mariah não conseguia para de chorar. – Preciso de você, porque me abandonou? Porque me deixou sozinha? Eu desejei desde que descobri ser sua filha, desejei ver seu rosto, e você é tão linda mãe, tão linda. Por favor, acorde.

[....]

Mais algumas semanas se passaram. O entardecer já tomava o horizonte mais uma vez, o exército de mestiços crescia a cada dia, alguns resistentes da cidadela, depois de ouvirem os feitos da herdeira mestiça se juntaram aos campos Knowa. Os feiticeiros agora vinham em grupos maiores, mostrando-se serem seres muito habilidosos, e curandeiros. Mariah treinava sob a orientação do amado, Pedro. Eles lutavam durante o dia, e se amavam ao anoitecer. Cada vez mais próximos, cada vez mais apaixonados.

Eles estavam, sentados embaixo de uma árvore em tons azulados. Mariah deitada sobre o peito do príncipe.

- Você está melhorando... – Comentou ele.

- Ei, eu sou a melhor. – Mariah riu com a própria declaração.

- Acho que o sol dos campos, está fritando seu cérebro. – Pedro revirou os olhos, sorrindo para Mariah.

O sol estava frio, mas iluminava o rosto de Mariah, Pedro a admirou por um tempo antes de olhar em seus olhos e pegar gentilmente sua mão.

- Eu estive pensando... – Ele parecia nervoso. – Nós poderíamos, nos casar.

- O que? – Mariah piscou incrédula.

- É, casar. Ora, precisamos trazer um pouco de alegria para o povo, e casamentos sempre são alegres. E... – Pedro deu um sorriso tímido. – Eu adoraria vê-la como minha esposa.

- Acha mesmo uma boa hora para isso?

- Talvez, não vamos ter outra hora para isso. A qualquer momento uma guerra pode explodir debaixo de nossos pés! E eu não quero que esse momento passe, Mariah. – Ele segurou suas mãos com mais força, a olhando profundamente. – Eu amo você e sei que também me ama, é tudo que precisamos.

Mariah tocou gentilmente o rosto de Pedro, respirou fundo e sorriu.

- Eu aceito. – Ela sorriu ainda mais. – Eu aceito ser sua esposa, Pedro Molfenter. 

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