A Herdeira Mestiça

By albuquerque_s

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Vítima de um assassinato mal executado, Mariah despertará para um novo mundo, guiada por um encantador vampir... More

CONTO DO VIGÁRIO
RECÉM CHEGADA
A REALEZA
DOCE VENENO
ÁGUAS PROFUNDAS
SANGUE AZUL
O JULGAMENTO
CICATRIZES
INSTINTOS
A ALIANÇA
A DANÇA DOS CORVOS
A REBELIÃO
SOBREVIVENTE
FILHOS DA LUA
A QUEDA DO PRIMOGÊNITO
O MENINO QUE SOBREVIVEU
A ESTRELA DA MANHÃ
COROA FLAMEJANTE
O OUTRO LADO
O QUE VEIO ANTES
NADA DO QUE ME ORGULHAR
SONETO DO ADEUS
DO TRONO AO PÓ
CAMPO SANGRENTO
A GRANDE CHEGADA
ALGHARKA
UM FRAGMENTO DE EMPATIA
BAILE DE OURO
A PAZ NO PEQUENO ABISMO
VOTO PERPÉTUO
ATAQUE AOS REIS
KARMA
TODOS PARTEM E SE PARTEM
UMA TERCEIRA CHANCE
FADAS TAMBÉM SANGRAM
VERDADEIRO LUGAR
O ORÁCULO
SANGUE RUIM
MALDITO SEJA O REI DA NOITE
A NOITE ESCARLATE
O LAR
LIBERTE-OS, LIBERTE-OS TODOS
FILHOS DE ELYS
SALVE A HERDEIRA MESTIÇA
PONTO DE RUPTURA
COLISÃO
O RENASCER
EPÍLOGO

ÁRVORE VERMELHA

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By albuquerque_s

"A floresta do Éden não tinha cor alguma, as folhas secas, galhos tortuosos e sem nenhuma vida. O cheiro de fumaça ficava mais forte a cada passo que Mariah dava, estava descalça a terra sobre seus pés era úmida como se uma tempestade tivesse terminado há pouco, labaredas subiram aos céus em uma explosão, ela correu por entre as árvores mortas o mais rápido que pode, o coração acelerado deixando seus sentidos apurados, ela saltou de uma árvore para outra voltando ao solo, quando mais corria mais distante da confusão parecia estar, mas as vozes, os gritos ficavam mais altos cada vez mais altos, até que chegou a uma cabana, gritos vieram de dentro, era uma mulher. Mariah disparou para dentro e a cena que viu a deixou estática, uma mulher estava no chão em meio a lençóis manchados de sangue, em trabalho de parto urrando de dor suando em meio as chamas que começavam a atingir a cabana. Lis e Arya estavam lá, cuidando para que a criança nascesse logo, correndo de um lado para o outro. Lis tentava manter a chamas longe com magia, mas parecia não ser suficiente. Mariah se concentrou para usar seus poderes para ajudar, mas nada aconteceu, olhou confusa para as próprias mãos e quando se aproximou da mulher em meio a fumaça, ela levantou seu rosto e pode ver com clareza, os olhos violeta, o rosto perfeito suado e cansado, mas ainda era ela. Só podia ser ela.

- Aurora... – Sussurrou para si mesma.

Mariah foi puxada com violência da cena, indo para do lado de fora, a tropa de Payne se aproximava ao longe, o desespero tomou seu corpo, o que estava acontecendo? Sentiu a cabeça dor e fechou os olhos. Quando os abriu, estava em um lugar que não era familiar, uma caverna escura e fria, no fundo parecia ter alguém, mas não conseguia ver. Quando tentou se aproximar, a voz de Simon ecoou no profundo da sua mente. – Você está perto demais, Mariah..."

[...]

- Aurora!!!! – Mariah gritou se levantando abruptamente da cama.

- Ei, calma, está tudo bem... Olhe para mim. - Melina estava de pé e correu para segurar o rosto suado da amiga. – Já acabou, calma Mari, estamos aqui.

- O que? – Mariah piscava confusa, ainda respirava pesado. – Minha mãe, eu vi minha mãe.

- Foi só um sonho.

- Não, vocês não entendem? – Mariah olhou de Lia para Melina. – Eu a vi, aqui ela estava dando a luz. Eu vi o que aconteceu no dia do meu nascimento.

Melina se aprumou surpresa com a declaração.

- Então você nasceu aqui no reino dos elfos?

- Eu...Não exatamente, tinha uma cabana, em algum lugar desse lado da floresta do Éden. Eu não sei... – Mariah sentiu a dor na cabeça latejar.

- O que aconteceu ontem à noite? – Lia se aproximou, parecia não ter dormido a noite inteira.

Mariah franziu o cenho, tentando se lembrar.

- Do que se lembra? – Melina tocou gentilmente a mão de Mariah.

- Eu lembro... De quando fomos até a rainha e Ártemis, depois Miriel me levou a um... Labirinto onde estava a árvore raiz, ela disse que era aquilo que fortalecia Elys, algo assim... E então ela disse pra eu tocar na arvore e isso é tudo. Agora estou aqui e...

Lia e Melina se olharam compartilhando a mesma preocupação.

- O que? O que foi? O que aconteceu? – Mariah estava ansiosa.

- Nós a encontramos parada na beirada da montanha, você ia... – Lia hesitou.

- Você disse a nós que precisava pular. – Completou Melina. – Mas não parecia você, seus olhos estavam pretos e as marcas estavam lá.

- Não durma, ou ela assumirá... – Mariah sussurrou a si mesma, várias vezes enquanto levantava da cama e trocava de roupa. – Não durma ou ela assumirá.

- Ei, o que você está fazendo?

- Não durma ou ela assumirá. – Mariah agora se virou para as garotas. – Foi que Simon disse, no sonho. Ele me alertou sobre isso. Eu machuquei alguém? Onde está o Victor? Em Maicon?

- Calma você precisa ficar calma. Ninguém se feriu ninguém viu o que aconteceu só eu e Lia esta bem?

- Nós a trouxemos para cá, Maicon inventou uma desculpa a realeza e eles engoliram. Logo vai amanhecer e você não pode aparecer como uma insana para convencer aquele rei filho de uma...

- Lia, já chega. – Melina a interrompeu. Voltando-se para Mariah. – Descanse um pouco.

- Eu estou bem, Melina. – Mariah a abraçou forte, como já não fazia há muito tempo. – É bom tê-la aqui.

- Nisso eu concordo. – Lia deu um leve sorriso. – Sentimos falta dessa sua serenidade, mas continua muito mandona.

- E você continua rabugenta. – Melina foi até a prima e a abraçou também.

Melina aproximou das duas, e as três deram as mãos.

- Somos mais fortes, unidas. Mariah pode não ser um lobo, mas tem a coragem que nós honramos. Estou com as duas mulheres mais importantes da minha vida. – Melina suspirou. – Todas nós fomos quebradas, por algo, ou alguém... – Ela olhou de uma para outra com brilho nos olhos. – E não há nada que possa impedir a fúria de três mulheres quebradas. Nós vamos acabar com o que quer que venha. Porque somos valentes, e temos uma a outra.

- Sempre. – Disse Lia assentindo.

- Sempre. – Repetiu Mariah respirando fundo.

Batidas apressadas na porta do quarto, fizeram as garotas ficarem em alerta.

- Só podem ser os garotos. – Lia revirou os olhos, indo atender a porta.

Quando abriu se deparou com uma elfa, de cabelos curtos, mas os olhos eram familiares, ela era uma loba.

- Quem...é...você?

- Frida muito prazer, posso entrar? – A elfa mestiça parecia com muita pressa.

Lia deu passagem, sem entender muito.

- Oi, é... – Frida limpou a garganta, estava atordoada. – Você deve ser Mariah suponho?

- Sim.

- Ótimo, escutem com atenção. Miriel me enviou, as coisas estão feias lá fora. Parece que um elfo foi encontrado morto e Arwen está convicto de que foram vocês.

- O que!? - Lia gritou incrédula.

- Aconselho pegarem suas coisas e darem o fora, agora. – Frida estava com as mãos tremendo onde um pedaço de pergaminho estava enrolado. Caminhou até Mariah e o entregou, olhando no fundo dos seus olhos. – Essa é a sua profecia, Miriel descobriu onde estava, sei que fará o que é certo.

- Espere um minuto, você é mestiça, pensei que os elfos odiassem mestiços. – Lia estava intrigada.

- E odeiam. Eu sou, um acidente tecnicamente.

- Explique.

- Longa história, eu sou sobrinha do rei. Mas, não há tempo, Arwen vai mandar os guardas aqui em alguns minutos. – Frida estava totalmente acelerada.

- Como vamos sair sem ninguém nos ver? – Melina já estava pegando as coisas.

- Com a minha ajuda. – A voz de Ártemis fez Lia engolir em seco. A elfa estava encostada no batente da porta. – Eu conheço um atalho. Os lobinhos já estão nos esperando nos fundos do palácio.

Lia e Melina passaram por Ártemis, que olhou sinuosamente para Lia fazendo-a corar levemente.

Mariah seguiu as duas, parando e virando para Frida.

- Venha com gente, depois do que fez, não será bom ficar aqui.

- Eu...não posso.

Mas Ártemis se aproximou gentilmente da prima.

- Eu não sabia que você existia até três horas atrás. Mas você é da família, e não quero vê-la morrer, prima. Por favor, vá com eles.

Frida hesitou por um instante, mas sabia que era o certo a fazer.

- Vamos.

Ártemis trancou as portas para atrasar os soldados. E seguiram pelos fundos do palácio.

O grupo estava novamente reunido, agora Ártemis ia na frente, liderando o caminho, viraram em diversos corredores, desceram por duas escadarias espirais, onde foram parar em mais corredores, um pouco menos luxuosos. Até que chegaram em um corredor sem saída.

- É aqui. – Ártemis chegou até a parede onde não parecia ter nada, pegou uma espécie de cristal e tocou a parede, onde símbolos antigos surgiram brilhando como o sol e depois sumiram rapidamente. – Vamos lá. – Ártemis empurrou a porta que girou se abrindo na floresta.

Uma longa subida os aguardava, continuaram apressados.

- Onde estamos? – Perguntou Maicon.

- No Vale dos Alpes. É de difícil acesso pelas trilhas convencionais, os guardas vão demorar para chegar aqui. Espero que seja o tempo suficiente para tirá-los das montanhas.

- Mas nós estamos subindo, e precisamos descer. – Victor parecia dizer o óbvio.

- Vocês verão. – Ártemis lançou um sorriso soberbo a Lia que desviou claramente culpada pela pequena aventura da noite passada.

Subiram mais alguns minutos, até chegarem ao ponto mais alto, grunhidos e sons de animais, fizeram com que o grupo hesitasse.

- Não se preocupem. – Aconselhou a elfa.

Subiram até um cerco aberto onde muitas pedras e poucas árvores estavam ali, uma cascata de ouro caia esplendidamente. O grupo não podia acreditar no que via, criaturas aladas, com cabeça de águia, e patas cheias de garra, o tom de suas penas eram de um laranja queimado quente, outros mais escuros e havia um mais ao longe, totalmente negro de uma beleza surreal, os olhos brilhantes em dourado.

- Hipogrifos. Pensei que tinham sido mortos na Era dos Tiranos. – Comentou Melina.

- E foram. Mas esses nasceram há apenas alguns meses. – Ártemis virou-se para Mariah. – Mais ou menos, quando você chegou à ilha.

- E nós vamos montar nessas coisas? – Maicon estava tenso.

- São sua melhor chance para descer. Mas quando chegarem próximos da floresta vão precisar saltar.

- Saltar?

- Os Hipogrifos tem medo dos Fenrirs. Então... É vão ter que pular.

- E o que vamos fazer com aqueles guardiões? Da última vez quase nos mataram! – Lia apontou para a floresta do Éden.

- A Mariah já os domou uma vez, ela pode fazer de novo, não pode Mariah? – Victor se virou para falar com ela. – Onde diabos está ela!?

Todos começaram a olhar para os lados sem entender.

- Ela só pode estar de brincadeira com a minha cara! – Lia ficou irritada.

Não havia sinal de Mariah, a não ser pelas pegadas na lama.

- Ei, olhem, ela foi por ali. – Ártemis alertou os outros. Que a seguiram pelo lado esquerdo indo novamente em uma descida perigosa.

Algum tempo andando, e novamente surgiram mais pegadas de Mariah.

- O que ela tem na cabeça? – Ártemis carregava o arco em mãos.

- É a profecia, está deixando ela louca. – Comentou Lia que agora caminhava ao lado da elfa.

- Sobre ontem... – Começou Lia.

- Olha, você é linda e foi incrível. É tudo que importa. – Ártemis a interrompeu bruscamente. – E, eu sei quem você realmente quer.

- O que? – Lia ficou confusa. Mas Ártemis parecia calma.

- Eu vi como o lobinho moreno olha para você. E como você olha para ele. – Ártemis se aproximou para sussurrar. – Pare de se enganar Lia, e fale logo o que sente. – Ártemis deu uma piscadinha à loba.

- Aí, princesa, acho que aquele nosso tempo, já está acabando. – Victor apontou para o vilarejo Nascente. Onde um batalhão armado seguia para o vale dos alpes.

- Droga. – Praguejou Ártemis. – Acho melhor acharmos Mariah logo, apertem o passo pessoal.

[...]

A vale dos alpes, se iluminava em pequenos pontos azuis brilhantes, como migalhas por entre as árvores guiando Mariah, em um caminho desconhecido. Suas mãos suavam frio, mas não podia parar, a voz em sua cabeça ecoava "Mais perto, chegue mais perto". Suas veias queimavam por baixo da pele fria, os olhos em tom violeta brilhante, tudo que via eram as luzes, pequenas luzes a guiando, a levando a beirada das montanhas. O amanhecer já chegava ao horizonte, o céu se transmutando para um alaranjado, os primeiros raios de som iluminando Elys, as silhuetas dos territórios ao longe. O vento sacudindo seus cabelos e o sobretudo azul escuro que usava. "Pule", a voz disse. "Está tão perto, pule"

Mariah respirou fundo, as marcas surgiram na pele brilhando contra a luz do sol, os flashes de todos os sonhos que teve, de toda a dor que sentiu, toda a felicidade que experimentou, sua chegada em Elys, tudo veio a tona em uma explosão de imagens.

- Mariah!!! – Melina gritou. Tirando-a do transe por um instante.

Mariah se virou para o grupo que estava com os olhos alarmados, pedindo para ela sair da beirada.

- Mariah não! Não pule! – Implorou Victor.

Mas a voz gritou aos ouvidos dela "Pule Agora!!!"

Os olhos de Mariah se fecharam e ela pulou de costas. O grupo correu para a beirada, para pegá-la, mas era tarde demais...

- Olhem! – Frida apontou para baixo. O grupo se aproximou ainda mais.

Mariah havia caído em uma pedra grande e larga, onde tinha uma entrada, algo como uma caverna. Ela se levantou e entrou.

- Eu vou até lá. – Disse Melina tomando distância. Mas Victor segurou seu braço.

- Não mesmo. É perigoso demais.

- Eu vou. – Lia se aprumou e não esperou permissão, saltou perfeitamente caindo em pé na pedra, cambaleando levemente.

- Essa é minha garota. – Ártemis sorriu e logo percebeu que não tinha dito aquilo só mentalmente. – Quer dizer... – Limpou a garganta. – Ela é uma lobinha corajosa não é?

Todos ainda ficaram confusos, mas ignoraram.

- Tome cuidado Lia! – Pediu Maicon.

[...]

A caverna estava escura, Mariah estava de costas à mão cerrada ao lado do corpo. Lia se aproximou com cautela.

- Mariah, o que está fazendo? Precisamos sair daqui.

- Eu estou... – Mariah virou-se para Lia e seus olhos estavam inchados Mariah chorava. – Eu pensei que ela estava aqui.

- Quem estava aqui?

- A... – Mariah não conseguiu terminar, foi acertada na cabeça com uma pedra cambaleou para o lado, as luzes de tochas se acenderam, um elfo desgrenhado e sujo foi em direção a Lia gritando com a pedra na mão, mas Lia o derrubou. Ele sacou uma adaga enferrujada e tentou acertar seu rosto, Lia desviou e chutou o elfo, que se levantou e deferiu-lhe muitos socos e chutes. Lia lutava para defender, mas o elfo era ágil. Mariah surgiu por trás do elfo ruivo e derrubou no chão. O mesmo se arrastou para um canto a adaga nas mãos.

- Quem é você!? – Gritou Mariah.

Mas o elfo sorriu, a chama crepitou sobre seus olhos, e elas puderam ver. Ele era cego. O elfo ergueu a lâmina.

- Não!! – Gritou Lia. Mas não foi o bastante, o elfo enfiou a adaga no coração.

Mariah se abaixou abrupta e colocou a mão sobre a ferida.

- Quem é você? Onde ela está? Vamos me diga! Não, não morra!! – Mariah pressionou seu peito, mas o elfo sorriu entre o sangue que expelia e balbuciou.

- Salva in reginam Mixed!

O elfo cuspiu sangue espesso e seus olhos ficaram opacos e sem luz.

- Está morto. – Lia levantou Mariah. – Vamos Mariah, não tem nada aqui.

As duas já voltavam para a entrada, quando o barulho de correntes, fez com que Mariah pegasse uma tocha e corresse para o som, Lia a seguiu. Havia uma jaula de barras grossas, as duas se aproximaram e quando iluminou o lugar, seu coração pareceu parar mais uma vez. Uma mulher estava abraçada aos joelhos, os olhos assustados encararam as estranhas, estava suja e atordoada, suas costas com duas fendas enormes costuradas e cicatrizes mal curadas. Mas os olhos eram inconfundíveis, violetas como ametistas.

- Eu sabia que viria. – Foi tudo que a mulher conseguiu dizer, antes de desmaiar.

Mariah se concentrou segurando as barras, e as derretendo com a energia que saía de suas mãos.

- Me ajude aqui Lia. – Pediu Mariah, tirando o, sobretudo e cobrindo a mulher desacordada. Lia a pegou no colo e saíram da caverna.

- E agora? Como vamos subir? – Lia olhou para o penhasco.

Houve um momento de silêncio. Um grasnar tomou os céus, um hipogrifo negro surgiu, parando em frente a elas, seus olhos dourados a encarando.

- Vamos. De pressa. – Alertou Mariah, subindo na criatura, pegou a mulher e a colocou gentilmente sobre as costas do animal, Lia subiu logo depois.

[...]

- Eu odeio esperar. – Maicon andava de um lado para o outro. – E se elas foram devoradas? E ainda temos os douradinhos da realeza que a cada minuto estão mais perto.

- Elas vão voltar Maicon, calma. – Melina esfregou o rosto, apesar da voz calma, estava igualmente impaciente.

A luz foi coberta por um momento, pelas asas enormes do hipogrifo, que pousou fazendo a terra tremer pro um instante. Lia desceu ajudando a pegar a mulher. Mariah veio logo atrás.

- O que você estava pensando! – Ártemis estava nervosa. – A gente vai morrer se não sairmos daqui imediatamente. – E então olhou para a mulher. – Quem é essa?

- Minha mãe. – Declarou Mariah, fazendo com que todos empalidecessem.

- Não dá pra explicar agora, vamos embora. – Alertou Lia.

- Eu vou com esse aqui. – Apontou Lia. – Vou leva-la para longe. Todos vocês peguem os outros hipogrifos e vamos descer.

-Eu vou com você. – Maicon deu um passo à frente.

- Certo. – Concordou.

- Tomem cuidado. – Pediu Mariah. Lia assentiu voltando a montar no alado junto a Maicon.

A criatura alçou voo. E o grupo seguiu correndo pela floresta, todos eram muito velozes. E a magia de suas habilidades, brilhou. Melina e Maicon se transformaram nos enormes lobos, Ártemis e Frida sabiam saltar pelas árvores como agilidade perfeita. Mariah respirou fundo, abriu os olhos e eles brilhavam em vermelho sangue, suas habilidades de vampira se aguçaram ela correu pulando obstáculos e fazendo movimentos com excelência.

Eles desceram a colina para poder subir por onde estavam inicialmente, mas os soldados do rei já haviam chegado, uma tropa inteira os esperava. Mariah acelerou, os lobos rosnaram, e as elfas saltaram. Elas os atacaram com tudo que tinham os derrubando com violência, os lobos os derrubaram da colina abrindo espaço para a subida, Mariah se concentrou as marcas brilharam outra vez em seu corpo um grupo tinham os cercado, ela se encolheu e abriu os braços a magia fluiu e todos foram arremessados para longe com violência, o grupo correu para a subida, e subiram nos hipogrifos, Ártemis ficou para trás lutando contra os soldados.

-Vão!!!! – Gritou, disparando as flechas freneticamente.

Os lobos voltaram a forma humana, saltando sobre os Hipogrifos que grunhiram, e pularam em queda livre das montanhas, alçando voo logo após subindo as nuvens e pairando por um instante. Mais flechas estavam sendo lançado do alto da montanha, um batalhão de arqueiros atacava as criaturas sem hesitar. Mariah olhou para os amigos, e assentiu para que inclinassem as feras. – aaaaah! – Gritou Mariah. Inclinando o alado, os outros a seguiram, a descida foi longa e o vento estava violento contra o rosto, quando enfim chegavam ao fim da queda, os hipogrifos grunhiram planando foi o momento de saltarem e caírem no rio corrente divisor das montanhas e da floresta. Todos desceram quase ao mesmo tempo.

- Onde está Ártemis? – Perguntou Lia, ainda carregando a mulher.

- Ela ficou para lutar. – Frida parecia abalada.

- Vamos sair daqui, eles ainda podem... – Melina estava a beira do rio, quando parou de repente de falar, uma mancha vermelha cresceu em seu peito, ela caiu de joelhos cuspindo sangue.

- Melina! – Mariah e Victor correram para não deixa-la cair. Uma flecha tinha atravessado suas costas.

- Não, não, não! – Mariah tremia chorando de desespero. – Você não pode, não pode me deixar.

Todos se abaixaram ficando em volta de Melina, seus olhos marejados.

- Nós conseguimos... Eu disse que íamos conseguir... – Melina tossiu cuspindo mais sangue.

- Ei, nós vamos para casa. Está bem? Você vai ficar bem. – Lia soluçava.

- Vocês são a minha casa. – A voz de Melina estava fraca.

- Melina, não, por favor, não me deixe. – Victor mal conseguia falar. – Não agora, não hoje, Melina, meu amor não me deixe.

Melina tocou o rosto de Victor, as lágrimas correndo calmamente pelo seu rosto, as mãos ficando frias, estava pálida e seus cachos grudavam nas têmporas.

- Eu sempre amei você, se eu tivesse ficado, se eu pudesse, teríamos tido uma vida tão linda, eu posso até ver, nós dois no pomar, na árvore vermelha, se lembra? Lembra-se do que eu disse amor? – Melina lutava para se manter consciente.

- Pare, ainda vamos ter essa vida, temos que ter. – Victor apertava a mão de Melina.

- O que prometemos Victor?

Victor balançou a cabeça, não queria aceitar.

- Por favor...diga. – Pediu Melina arfando.

- Somos feitos da lua e do sol, e mesmo que chegue um tempo que não poderemos nos tocar, nosso amor viverá para sempre, como o dia é sempre dia.... – Victor não conseguia conter o nó na garganta.

- Como a noite é sempre noite. – Disseram juntos. E Melina sorriu levemente.

- Eu sabia que se lembrava....

Os olhos de Melina se fecharam, e seu corpo amoleceu, a mão que segurava a de Victor murchou.

- Melina, não por favor, acorde, acorde!! – Implorava Victor.

- Victor! – Lia tocou o ombro dele. – Victor, ela se foi.

- Precisamos sair daqui. – Mariah soluçava, estava com um peito pesado, e mal conseguia respirar ainda segurava o corpo de Melina e não queria jamais soltá-la.

Mariah carregou Melina por todo o caminho, os guardiões espreitaram pelas árvores, mas não os impediram de passar, apenas ficaram ali observando. O silêncio tomou todo o caminho, o sol já atingia seu pico quando chegaram ao campo aberto outra vez.

Caminharam por um dia inteiro, parando apenas para descansar alguns minutos, não houve um só instante de conversa, estavam todos abalados e o luto os tomava por completo. Anoiteceu de pressa, era uma noite sem lua, sem estrelas, apenas o véu negro cobrindo os céus. Andaram a madrugada inteira para encurtar o tempo. Chegaram a parte da floresta mais densa, onde revezaram para carregar Melina e a mulher desacordada. Quando chegaram a um cerco de árvores, pararam para descansar mais uma vez.

Porém, barulhos vindos do sul fizeram com que todos ficassem em alerta.

- São os elfos? – Perguntou Maicon.

- Não. – Mariah ascendeu, os olhos violetas brilhando na noite. – São os guarda de Payne, posso sentir o cheiro.

- Eu vou destruir esses desgraçados! – Lia rosnou, os olhos amarelos de loba evidentes.

- Não, você não vai. – Mariah estava sem expressão, rosto cansado, mas seus olhos vibravam em uma fúria contida. – Escute o que vai fazer, vai levar todos em segurança para casa, para aldeia.

- Mas, eu quero lutar. Por ela. – Lia estava com os olhos marejados.

- Eu sei, mas não posso permitir perder mais nenhum de vocês. Eles querem a mim, e pode apostar que eles terão.

- Lutar sozinha esse é o seu plano? – Lia estava extremamente abalada. Mariah a abraçou com força.

- Volte para casa, proteja sua família.

Lia afastou-se um pouco.

- Você é da família.

Mariah deu um sorriso triste a Lia.

- E é por isso, que estou pedindo para irem.

Lia a encarou por um tempo.

- Nada pode impedir...

- A fúria de duas mulheres quebradas. – Completou Mariah, assentindo para a loba que voltou ao grupo.

- Mariah vai ficar e lutar, nós vamos para a aldeia. – Relatou.

- Sem chance, não vamos deixar você. – Disparou Victor se levantando.

- Eu sei o que estou fazendo. Apenas vão.

Victor olhou para o corpo coberto de Melina. E olhou para o grupo.

- Vamos logo então. – Victor pegou o corpo da amada e seguiu o caminho, todos o acompanharam.

Lia deu uma última olhada para Mariah e o grupo sumiu por entre as árvores.

Mariah ficou em silêncio, ouvindo os passos apressados dos vampiros vindo por entre as árvores, ela se concentrou, seus olhos indo de violeta a vermelho, em uma mistura única de cores, seu corpo vibrou ao passo que eles se aproximavam. Ela respirou fundo, e se aprumou os soldados chegaram a cercaram todos os caninos, e olhos vermelhos a encarando com sede de sangue. Mariah ergue a cabeça.

- O que estão esperando? 

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