A Herdeira Mestiça

Por albuquerque_s

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Vítima de um assassinato mal executado, Mariah despertará para um novo mundo, guiada por um encantador vampir... Más

CONTO DO VIGÁRIO
RECÉM CHEGADA
A REALEZA
DOCE VENENO
ÁGUAS PROFUNDAS
SANGUE AZUL
O JULGAMENTO
CICATRIZES
INSTINTOS
A ALIANÇA
A DANÇA DOS CORVOS
A REBELIÃO
SOBREVIVENTE
FILHOS DA LUA
A QUEDA DO PRIMOGÊNITO
A ESTRELA DA MANHÃ
COROA FLAMEJANTE
O OUTRO LADO
O QUE VEIO ANTES
NADA DO QUE ME ORGULHAR
SONETO DO ADEUS
DO TRONO AO PÓ
CAMPO SANGRENTO
A GRANDE CHEGADA
ALGHARKA
UM FRAGMENTO DE EMPATIA
BAILE DE OURO
ÁRVORE VERMELHA
A PAZ NO PEQUENO ABISMO
VOTO PERPÉTUO
ATAQUE AOS REIS
KARMA
TODOS PARTEM E SE PARTEM
UMA TERCEIRA CHANCE
FADAS TAMBÉM SANGRAM
VERDADEIRO LUGAR
O ORÁCULO
SANGUE RUIM
MALDITO SEJA O REI DA NOITE
A NOITE ESCARLATE
O LAR
LIBERTE-OS, LIBERTE-OS TODOS
FILHOS DE ELYS
SALVE A HERDEIRA MESTIÇA
PONTO DE RUPTURA
COLISÃO
O RENASCER
EPÍLOGO

O MENINO QUE SOBREVIVEU

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Por albuquerque_s

Bernard contou a Mariah toda a história da tribo Knowa, desde seu fundador Silas Knowa, a terrível época da guerra dos tiranos até os dias atuais. Em algumas horas com o alfa, Mariah compreendeu por que todos na aldeia o respeitavam, era um homem leal e calmo, mas sabia ser punho firme quando necessário. Havia algo familiar em seus traços que ela não conseguia assimilar, mas era como se o conhece de algum modo.

Os outros lobos passaram a ignorar a presença de Mariah, estavam preocupados demais com os sobreviventes da rebelião, cuidando deles, fogueiras foram acesas e música era tocada por um grupo de senhores mais velhos.

- Depois do que houve, não sei como conseguem sorrir. – Comento Mariah admirando o grupo cantarolando.

- No meio de toda tempestade, existe um motivo para resistir. Distraímos-nos com nossa cultura, para nos mantermos unidos, para nos lembrarmos que nada pode nos tirar isso. – Ele gesticulou para a Aldeia ao seu redor. – Família, apoio... – Ele a encarou. – Lealdade.

Mariah assentiu, e continuaram a caminhada.

[...]

Ao longe sentada em um tronco caído Lia observava o alfa e a mestiça nova caminharem pelo centro da aldeia e rosnou inconscientemente.

- Acho melhor limpar a boca, já está pegando raiva. – A voz extrovertida assustou a garota que deu um pulinho.

- Qual é Maicon, isso não é hora para brincadeiras, droga, você me assustou!

- Você que é mal humorada sempre. Não me culpe ter o mínimo de senso de humor.

O lobo Beta era alto, e cheio de músculos, o corpo moreno era rígido como marfim, os olhos eram castanhos escuros, exceto quando mostrava sua natureza, eles se transmutavam para dourado brilhante como os dos outros, os cabelos curtos espetados e pretos estavam molhados, ele se sentou ao lado de Lia.

- Ele não vai mandar nos matar, se é o que esta pensando.

- Não é isso. – Lia evitava olhar para ele. Ainda focada no alfa. – É ela. Estamos nos arriscando demais, já não bastasse a rebelião...

- Acha que os Molfenter tentarão Retaliação?

- Você conhece as histórias Maicon, a ultima vez que alguém quebrou as leis... – Lia suspirou. – Não quero que nosso povo sofra.

- O que provocamos terá consequências, mas não temo por isso. Sabe, eu acredito na profecia, por isso fiz o que fiz. Mas tem algo de que precisa se lembrar, sempre Lia. Não podemos prever o que vai acontecer, mas seja como for, estaremos todos juntos. – Maicon pegou a mão pequena da loba carinhosamente. – Knowa Valente...?

- Segue em frente, na linha de frente – Sussurrou a menina.

- Seja sob o frio da noite...

- Ou o fogo ardente...

- Knowa Valente. – Repetiram juntos.

[...]

Bernard parou nos limites da floresta do éden junto a Mariah, ali a movimentação era menor, e as luzes tremeluziam com a brisa da madrugada.

- Mariah, eu não fui sincero com você... – Ben estava ligeiramente incomodado. – É sobre o Simon...

Antes que o alfa pudesse contar, um portal dourado se abriu do nada, e a feiticeira de cabelos brancos surgiu, com a magia desaparecendo atrás de si. Estava, com a expressão seria, e seus olhos dançaram de Ben para Mariah.

- Precisamos conversa. Agora. – A feiticeira passou marchando para dentro da aldeia, as pressas e os dois a seguiram.

Quando chegaram a cabana de Bernard e as portas foram trancadas, Lis andava de um lado para o outro lentamente, parecia conflitar consigo mesma.

- O que está acontecendo Lis, nunca te vi tão agitada. – Bernard estava tão ansioso quanto Mariah.

- As irmãs Mader tiveram uma visão, Arya me mostrou. Tudo está prestes a entrar em colapso, e você é o centro de tudo. – Lis apontou para Mariah que gaguejou.

- M...mas como assim?

- Eu a vi segurando uma espada dourada, abraçando Killian. Tinha algo errado, seus olhos, eles estavam diferentes. Tem alguma coisa que não se encaixa. – Lis parecia fora de si, repetindo a mesma frase algumas vezes. – Não se encaixa...

- Era sobre isso que eu queiria falar. – Ben estava nervoso. – Mariah, Killian não é só perigoso, ele é... – Bernard se aproximou. – Ele é o Simon.

- O que? – Mariah sentiu o ar faltar.

- Ele mudou de nome, lembra quando disse que ele se afogou. Foi verdade, mas antes Simon massacrou três de nossas crianças. Ele fugiu, e retornou agora em busca de vingança.

- Então as visões que ando tendo. Era o Killian o tempo todo, só que quando era um menino?

- Exatamente. – Bernard suspirou.

- É isso, uma ligação. Killian tem uma ligação com você, talvez um feitiço. Ou maldição. O que ele lhe deu no tempo que ficaram próximos? – Lis permanecia agitada.

- Eu...não sei...eu..

- Tem que se lembrar!! – Gritou Lis, pela primeira vez a garota viu a feiticeira perder a cabeça.

- Lis... – Bernard pegou os braços da feiticeira, que o encarou. – O que aconteceu? – Bernard investigou o rosto de porcelana da mulher.

- Eu voltei ao lago assim que sai, tinha esquecido de perguntar a Arya sobre as visões que Mariah estava tendo e.... – Lis procurava segurar as lágrimas. – Niara apareceu, parece que..Arya foi punida por me mostra a visão, agora neste momento, ela está presa em algum esconderijo, fora da água, sozinha, deixada para morrer.

- Vamos encontra-la Lis, nós vamos. Espere um minuto.

Bernard correu para fora da casa, solicitando alguns lobos, ele cochichou as ordens, e os lobos partiram rapidamente. Algum tempo depois Bernard retornou para dentro.

- Meus homens vasculharão a costa inteira da ilha, cada pedra, cada trilha, acredite...eles vão acha-la. – Bernard tocou gentilmente o rosto da mulher.

E Mariah imaginou quantas centenas de anos aqueles dois, se conheciam...

- O que mais você viu? – Mariah quase sussurrou, tinha medo de atrapalhar, mas estava paralisada e sedenta por respostas.

Lis respirou fundo, tirou os fios desgrenhados do rosto e olhou somente para Bernard.

- A estrela não se apagou. Está brilhando em algum lugar da ilha. Talvez...nas montanhas.

- Estrela, montanha? O que isso quer dizer? – Mariah estava ainda mais confusa.

- É... – Bernard engoliu em seco. – Uma velha amiga nossa, que pensávamos que estava...

- Morta. Mas não esta, ela vive e queremos acha-la. – Lis agora parece tensa e ao mesmo tempo animada.

- E onde ela está? Nessas montanhas? Vamos busca-la então. – Mariah cruzou os braços, imaginou que não fosse tão difícil encontra-la.

- Não é tão simples assim. – Bernard sentou-se na poltrona da sala, estava atordoado e tão surpreso que mal conseguia falar. – As leis do território proíbem qualquer um dos cinco reinos de se aproximarem das montanhas.

- Por quê?

- As vezes esqueço que você viveu anos como humana. – Lis puxou uma banqueta e se sentou, parecia esgotada. – Quando Eurin encontrou Elys, não era um lugar inabitável, seres de luz vivam aqui. Criaturas imortais e quase celestiais eram protetores da natureza mágica da ilha, até que Eurin chegou...

- O tirano. – Afirmou Mariah.

- Sim. Os Elfos foram instintos pela fúria e obsessão de Eurin pela ilha e quinhentos anos se passaram até que a aliança dos fundadores nomeou a ilha, como chamada de Elys. – Completou Ben.

- Ainda não entendo a proibição.

- As montanhas era o lar dos Elfos, o reino deles era lá e por sua vez tinham seus guardas. Que ainda estão lá. – Lis pressionou os lábios.

- Seres nascidos dos trovões, feras que são três vezes maiores que nós lobos. Ninguém nunca passou por eles.

- Então como sabem que a mulher pode estar viva?

- As visões de Arya não mentem, e estrela não é como nós.

Bernard se levantou coçando a barba, estava queimando por dentro, ele parou e olhou para as duas.

- Vou tomar providências, precisamos saber o que está acontecendo nos outros reinos. Mariah acha que consegue falar com Thomas?

- Eu...posso tentar..

- Vou mandar meus majores aos limites das montanhas, possa ser que haja pistas.

- Vou escrever para Thomas, sei como entregar a carta sem suspeitas.

- Ótimo. – Bernard tinha o olhar perdido e confirmou quase para si mesmo. – Ótimo.

[...]

Da varanda dos aposentos reais de Celine, era possível ver a grande extensão da floresta do éden, e a silhueta embaçada dos limites dos Molfenters. Killian estava com seu hobby habitual, debruçado sobre o a sacada, observando toda a movimentação das fadas e do vento que sacudia as árvores, de tons peculiares. Ele se pegou, lembrando, da época em que chegou a ilha de Elys. Como ficou deslumbrado com a beleza e encanto do lugar, como se sentiu especial por poder ver toda a grandeza de da lendária ilha dos sobrenaturais.

- Killian? – Celine acabara de acordar, mas parecia nem ter dormido. Estava nua coberta parcialmente pelos lençóis de sede azulada, os cabelos desgrenhados jogados de lado. – Está ai faz tempo?

Killian continuou observando o horizonte, buscando o equilíbrio de suas emoções, as quais consideravam fraquezas.

- Acabei de levantar. – Mentiu.

- No que está pensando? – Celine se levantou, agarrada a seda, e foi até o seu lado, observando o que o homem fitava.

- Em como eu odeio, esse lugar. As leis são piores que as mais severas correntes.

- Killian, preciso que me prometa. Que protegerá Bethânia, e o reino das fadas. Nós não queremos sangue inocente nas mãos.

- Sei o quanto esse lugar é importante pra você. E quando tudo acabar poderá reinar ao meu lado Celine. Seremos finalmente uma família. Como você sempre quis. – O homem puxou gentilmente a fada pela cintura e a beijou com calma e carinho.

- Nunca será completo, sem essa vingança não é? – Celine sussurrou contra o peito de Killian que suspirou.

- Não é uma vingança. É um acerto de contas. Já está mais que na hora, da hierarquia tirana dos Molfenters acabar, de uma vez por todas.

Celine se afastou, limpou a lágrima solitária do rosto, e o encarou solenemente.

- Mariah está com os lobos agora, o castelo Molfenter já está se recuperando do ataque, na cidadela, mestiços estão sendo libertos. Todos os reinos estão em conflitos internos. Seu melhor soldado morreu pelas mãos da mestiça, não tem um só ser que ficará do seu lado aqui.

- Não existem só sobrenaturais em Elys. Ou se esqueceu de onde viemos?

- Fala do mundo dos humanos? Ainda há seres lá?

- Sim, muitos a propósito. A grande maioria renegados, exilados, alguns nem conhecem Elys, pois não foram escolhidos para vir. Todos cheios de ódio pela corte suprema dos vampiros e todos os outros reinos. Eles só precisam de um líder.

- Vai atrás deles não é? – Celine engoliu em seco. Havia muitas fadas que queriam sua cabeça lá fora.

- Sim. Parto imediatamente. Uma velha amiga feiticeira do ocidente conseguiu um portal para mim. – Killian começou a se trocar.

- Por que acha que vão ouvir você?

- Por que também sou como eles. Um renegado, um bastardo. Eles virão. – Afirmou confiante.

- Só...não morra. – Essa era forma de Celine dizer que o amava. Ela sabia que o amado, odiava demonstrações exageradas de afeto, por isso apenas o beijou gentilmente.

Killian se olhou no espelho, estava com roupas mundanas, calças pretas, coturno preto, uma jaqueta de couro, e os cabelos penteados.

- Está bonito.

Ele mal ouviu o elogio da fada, seus olhos estavam fixos no reflexo. Há muitos anos não se via no espelho, não dessa forma, reparando em seus traços, não de forma narcisista mas sim, assombrado pelas marcas do tempo, e o passado que lhe corroía a alma.

- Voltarei em breve, quero que em minha ausência feche os portões. Nenhuma fada entra ou sai. Todos os outros reinos tentaram barganhar, e nós não estamos dispostos a acordos. – Ele se virou para ela, o ar autoritário fez Celine se encolher.

- Como quiser. – Afirmou a então Rainha.

[...]

A sala do trono parecia um mar de inquietude, todos da corte estavam lá, soldados, lordes e damas. O rei tamborilava os dedos esguios em seu trono observando todo o escarcéu, enquanto Íris discursava sobre como todos devem manter a calma e que tudo está sob controle, Lorenzo a achava tola em pensar que convenceria todos aqueles que presenciaram a maldita noite da Rebelião.

-Meu Rei! - Chamou uma mulher de caminhar venenoso e olhos furiosos.

- Exigimos uma retaliação!! Mostre a eles quem são os donos dessa terra!!

- Isto seria proclamar a guerra contra os Lobos, há milênios que estamos em paz. - Argumentou Thomas do fundo da sala.

- Não fomos nós a quebrarmos a lei. - Íris cerrou os olhos para o general.

O burburinho na sala aumentou, a fúria da corte dos vampiros emanava pelas paredes do Castelo. E se seu Rei não tomasse a frente da situação, o elo e a confiança seriam abalados. E é exatamente o que Killian quer. Pensou Lorenzo perdido em seus próprios pensamentos.

O rei os encarou pensativamente, era seu povo, tinha um dever a cumprir com todos, era hora de demonstrar a veracidade de seu cargo.

- Que assim seja, meus soldados atacarão a aldeia, após duas luas.

Um coro de gratidão invadiu o ambiente, todos o aplaudiam.

- Fez o que era certo. – Íris ficou radiante com a declaração, e apenas meneou um sim para o vampiro.

Lorenzo se levantou imediatamente, o burburinho voltou a rondar a sala, mas agora em clima de confraternização. Não havia nada a se comemorar ali. Pelos corredores Thomas correu para alcança-lo, quando conseguiu, engoliu em seco. Nunca esteve tão perto do rei assim, e ele agora, não parecia se importar.

- Senhor, perdoe-me, mas não acha equivocado atacar os Knowa?

- Sei exatamente com quem está preocupado naquela Aldeia Thomas. – Disparou o rei subindo as escadarias.

- O que?

- Mariah, a mestiça que vivia aqui a poucos dias, a moça por qual você se encantou.

- Desculpe meu rei, eu jamais teria...quer dizer...eu não tinha como imaginar.

O rei parou em frente a porta de seus aposentos.

- Que Mariah era minha filha? – Ele fez uma pausa. – Sei o que está pensando Thomas, como um pai decretou a condenação da filha, e como permiti que tudo isso acontecesse.

- Não me deve satisfações milord.

- De fato não, mas quero falar de outro assunto com você.

- Estou a seu dispor. – Thomas estava com as mãos para trás, usava seu uniforme, os cabelos bem alinhados, passa segurança, mas seus olhos traiam.

- Sei sobre o Lion. Sei que trouxe um Knowa anos atrás pra viver entre nós. Como um de nós. Como fez isso? Como pôde trair minha confiança bem debaixo do meu teto Thomas? – Lorenzo estava furioso falando entredentes contendo seu tom, evitando que mais pessoas ouvissem.

- Senhor eu...

- Não quero explicações. Eu poderia mandar executá-lo agora mesmo. Mas em nome de tudo que fez a esta corte, apenas será rebaixado. Não é mais general das tropas de Payne, voltará a ser um soldado, um peão que morrerá em nome da coroa em qualquer guerra que houver.

Thomas engoliu em seco.

- Sim senhor. 

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