Malu narrando
~Quebra de tempo~
Olhar para o teto não era uma coisa muito interessante, mas no momento era a única coisa a se fazer, Afrodite estava lendo e Miguel dormindo. Já tinham se passado algumas horas depois do que aconteceu com Matthew.
Afrodite aceitou muito bem estar trancada aqui, bem até demais, será que eu sou a única que entende o que realmente estava acontecendo aqui? ACORDA, ESTAMOS PRESOS!
Ouço a porta ser aberta e nem me incomodo em olhar, a de olhos castanhos entrou no quarto com uma bandeja e com mais duas sacolas, ela deixou na mesa ao meu lado, assim como as sacolas em cima da mesa perto da varanda.
Ela sai sem falar nada e Afrodite olha para mim confusa, eu dou de ombros e me levanto indo até as sacolas, as outras duas que ela tinha trazido antes eram apenas livros e cadernos para escrever, também tinha canetas e lápis.
Nessas sacolas tinham roupas, tanto femininas quanto masculinas, elas tinham sido compradas a pouco tempo, estavam até com etiqueta e pareciam ter sido caras, se bem que, nunca perguntei como Matthew conseguia tanto dinheiro para bancar tudo isso.
Se bem que agora isso pouco me interessa, quero apenas que ele deixe de ser idiota e me tire daqui enquanto ainda tem tempo, quero tentar ver o lado dele, mas não consigo achar a razão pela qual me trancou aqui, talvez pela minha proteção, mas... Que merda! Odeio me sentir assim... Sem poder fazer nada.
Eu-Droga, Afrodite! Por que você parece tão calma com tudo isso?
Pergunto já de saco cheio dela, ela estava tão calma que parecia que nada demais estava acontecendo. A mesma tirou os olhos do livro e me encarou sorrindo.
Afrodite-Para se escapar de uma prisão, precisa prestar atenção nos mínimos detalhes.
Eu-Quer dizer que... Você ainda pensa em escapar?
Afrodite-Lógico, não vou ficar aqui presa que nem uma tonta, mas para bolar um plano pra escapar precisa de tempo e inteligência. Se fingirmos que aceitamos... Talvez eles, sei lá dêem mole e deixem alguma brecha e nessa brecha nós saímos.
Eu-Até que você é inteligente.
Ela sorri e volta a olhar para o livro, o que ela falou fazer sentido, talvez possamos apenas enganá-los, mas vai ser meio difícil ignorar o que está acontecendo a nossa volta.
Peguei um vestido e comecei a olhar para ele, faz um tempo que não tomo banho, mas não tenho culpa, não tem se que água aqui, então como posso tomar banho?
Derrepente a porta é aberta, dessa vez eu olho para a mesma, é estranho virem aqui duas vezes na mesma hora. A de olhos castanhos entrou e olhou para mim.
-O senhor mandou avisar que... Já tem água.
Ela fala e sai rapidamente do quarto como se fossemos algum tipo de animais ferozes que fosse atacá-la. Se bem que ela deve ter ficado assustada com o modo que agimos antes. Queria pedir desculpas, mas a mesma já tinha fechado a porta e trancado a mesma.
Eu dei de ombros e peguei o vestido e uma lingerie, fui para o banheiro e tranquei a porta do mesmo. Ainda gostava da minha privacidade.
Seria bom se ele colocasse iluminação também, Afrodite tinha medo de escuro e não ia se contentar com apenas lanternas à noite, sem falar que quando escurece não tem mais nada para se fazer, como por exemplo ler livros. Sei que as lanternas podem iluminá-los, mas é chato ter que ficar segurando elas.
Liguei a torneira para confirmar se tinha algo mesmo, demorou um pouco mais a água chegou, eu apenas sei um leve suspiro. Me despi e fui para debaixo do chuveiro, a água estava morna e eu até mesmo consegui relaxar debaixo da mesma, mas não durou muito.
Depois te terminar o banho me enxuguei e vesti a lingerie preta, olhei por um instante para minha barriga e vi que já estava começando a crescer, daqui a algumas semanas ela já estaria grande, até lá não quero mais estar aqui.
Peguei o vestido e o vesti, ele ficou um pouco curto mais quem se importaria? Quem notava mas minhas roupas era Matthew, mas agora ele não deve estar nem ai, até porque... Ele não está aqui.
Quando eu consegui sair daqui eu vou descobrir tudo que ele anda fazendo por esses dias, me passou pela cabeça que ele podia até mesmo estar me traindo, será?
Bom, o vestido era preto de alcinha, ele era meio folgado e ia até metade das minhas coxas. Depois que já tinha me arrumado, sai do quanto e vi que Miguel já tinham acordado.
Sabe agora que eu notei o quão parecido ele é com a avó, seus cabelos ruivos, seus olhos verdes escuros, sua pele clara e até mesmo o sorriso dele é parecido com o dela. O que o faz me lembrar bastante da Dona Maria.
Eu-Sabe, isso aqui é um saco!
Declaro e os dois me olham, eu me deito na cama e pego um outro livro, dessa vez era sobre esse romance bobo e clichê que os humanos escrevem. Isso é tão meloso que podia vomitar.
Bom, é melhor que olhar para o teto.