DE AMIGO PARA NAMORADO - Desc...

By BobbyEliot

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Aviso: Esse livro contém nudez, linguagem imprópria e cenas explicitamente sexuais não recomendada para menor... More

Livro de Rostos
Introdução
Capítulo 1 - Negação
Capítulo 2 - Raiva
Capítulo 3 - Medo
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40 - Parte 2
Pós Créditos
Entrevista
Talk Show
O (Tal do) Talk Show
Aviso

Capítulo 40 - Parte 1

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By BobbyEliot


Durante toda aquela primeira semana Filipe ficou afastado de mim, ou melhor, ficou colado em Rodrigo, não, o mais velho ficou colado nele. Rodrigo cuidava do irmão o tempo todo, parecia que o cacheado tinha cinco anos de idade, a diferença de idade deles era de apenas três anos, mas da forma que Rodrigo tratava Filipe parecia muito mais.

Eu costumava trocar mensagem com o moreno durante o dia inteiro, naquela semana ele apenas me dizia bom dia e boa noite, eu sabia que ele estava triste por aquilo, mas Filipe não queria deixar de atenção ao irmão que aparecia tão pouco.

Eles sempre saiam, Rodrigo adorava ir ao shopping, coisa que Filipe gostava bem pouco, foram no cinema, no centro da cidade comprar roupa, o mais velho levou o irmão pra ajudá-lo a escolher um notebook, o mais novo acompanhou o irmão no barbeiro e muitas outras coisas.

Eu apenas ia para o treino que já estava bem mais fraco, no fim do ano o ritmo diminuía, era mais pra gente não perder a forma, mas como eu não tinha nada pra fazer me dedicava como se estivesse valendo minha vida, fui duas vezes pro curso de inglês, passava horas na academia do clube e também conversava com Caio, ele me ajudava bastante.

Na segunda-feira da semana seguinte fui até o apartamento de Filipe, ele não havia me respondido no domingo e nem minha mensagem de bom dia naquela manhã, logo ele teria apresentação no fim de semana e eu queria lhe dar todo apoio.

- Oi – Falei diminuindo um pouco meu sorriso ao ver Rodrigo parado ali.

- Oi Eduardo – Ele disse de forma amigável.

- Filipe está aí? Não consegui falar com ele – Expliquei.

- Ah, ontem nós fomos na casa da Ritinha, acabamos deixando o telefone em casa – Ele apontou para a mesa onde tinham dois aparelhos carregando – Ele está na escola de dança, parece que houve algo com a roupa dele.

- Ah entendi, diz a ele que apareci aqui – Falei com intenção de sair dali.

- Cara, você tá muito ocupado? – Perguntou.

Rapidamente olhei pra suas mãos sujas de algo que parecia ser óleo de máquina, ele estava de bermuda e sem camisa, pensei que ele poderia querer minha ajuda para concertar algo.

- Não, hoje não vou fazer nada – Respondi com sinceridade.

- Po, eu tava querendo conversar com você, será que podia ser agora?

Ah não!

- Pode sim – Falei tentando não ficar preocupado.

Entrei no apartamento e fui em direção ao sofá, me sentei e olhei para Rodrigo, que explicou que ia lavar as mãos e que já voltava para que pudéssemos conversar, falei que estava tudo bem. Peguei meu celular e fiquei olhando pra última imagem que tirei de Filipe dormindo, tão lindo.

- Então – Rodrigo disse sentando no sofá. Guardei o telefone e o olhei.

- Pode falar – Respondi.

- Cara, você e o Filipe estão namorando né? – Perguntou e eu balancei a cabeça positivamente – Sabe, desde cedo ele já mostrava que seria diferente, não necessariamente gay, mas era muito delicado e frágil, até fisicamente, sempre teve uma saúde incrível, coisa que eu nunca tive, mas ele era mais magro, mais frágil sabe?

- Sei sim, ele veio morar aqui com onze anos, bem magrinho, só tinha o cabelo ondulado como sempre teve – Respondi lembrando.

- Pois é, com dezesseis anos fui embora, não aguentava sabe, nunca gostei de morar com minha mãe, Filipe deve falar bem pouco dela, nem gosto de lembrar – Ele fez uma pausa – Com doze anos fui morar com minha avó, não aguentava mais, nessa época ela ainda era viva, depois Filipe veio morar com o nosso pai, fui embora quando minha avó faleceu.

- O Filipe nunca falou sobre essas coisas, já ouvi falar da mãe de vocês, coisas não muito boas sabe, ela é um pouco egocêntrica né? – Falei e ele concordou.

- É que o Filipe sempre teve uma capacidade enorme pra carregar e suportar coisas muito maiores que ele, mesmo que isso lhe cause uma dor enorme – Rodrigo falou olhando pro chão – No natal eu sempre tento aparecer por aqui, sou lutador, minha vida é incerta, já morei no Espírito Santo, Minas Gerais, Salvador e agora estou em São Paulo.

- Poxa, legal, boa sorte, espero que você consiga ter uma grande carreira – Falei amigavelmente.

- Obrigado, o ruim disso foi me afastar do meu irmão, não estive do lado dela muitas vezes e até te agradeço por sempre ter estado ao lado dele, como amigo e namorado – Ele sorriu – Filipe me contou que era gay, depois me contou que estava namorando com você, falou da festa que ia fazer no seu aniversário e por último disse que vocês estavam meio assim – Respirou fundo – Já se acertaram?

- Já sim, resolvemos tudo – Falei com medo que ele soubesse dos detalhes.

- É cara, relacionamento é assim mesmo, o importante é se acertar. Filipe quase não me conta o que acontece entre vocês, ele só diz os eventos principais, mas eu como irmão mais velho me senti na obrigação de perguntar se já tinha acontecido sabe? – Rodrigo perguntou.

- O que? – Devolvi a pergunta, não havia entendido – Ah ta, entendi – Falei completamente envergonhado.

- É, porque ia acontecer né, lembrava de você menor que eu, era um menino normal, quando te vi na rodoviária levei um susto, tu cresceu, ta mais forte e tudo mais, eu só me preocupo com o meu irmão cara – Ele riu e eu também.

- Eu cuido dele muito bem – Respondi envergonhado.

- Ah eu imagino, mas desde novinho Filipe foi esperto pra essas coisas, acha que aquele braço definido é só da dança? – Rimos novamente – Mas só queria te pedir uma coisa, pega leve com ele ok?

Quando Rodrigo falou aquilo abaixei a cabeça e comecei a rir, no início da nossa relação Allan me pediu a mesma coisa, com as mesmas palavras, Filipe era como uma jóia que o pai e o irmão protegiam, e eu ficava muito feliz por poder ter ganho a confiança deles.

- Desculpa as risadas Rodrigo, é que seu pai me pediu a mesma coisa quando começamos a ficar – Falei e ele riu.

- Claro, você malha, joga bola, se a gente não pedir já pensou o que pode acontecer? – Ele perguntou.

- Pode deixar que sou cuidadoso, seu irmão que ás vezes é terrível – Falei.

- Ah, ele puxou meu pai, nunca vi, sou um cara enérgico, mas ele veio quebrando a banca – Falamos rindo – Aliás, embora eu seja o primeiro filho meu pai guardou tudo pra Filipe, ele é mais alto, tem mais cabelo, mais magro, irmãos mais novos sempre se dão bem.

- Muito legal o jeito que você cuida dele – Falei.

- Imagina, minha obrigação né, e sua também, cara to aqui pro que precisar, Filipe não é só flores, sempre disse que ele é meio bipolar, muito teimoso e meio louco ás vezes, se precisar conversar ou desabafar estou aqui, agora você é da família.

Da família!

- Obrigado cara, se precisar de alguma coisa é só falar – Falei o cumprimentando.

- Só não preciso dos detalhes das noites de vocês – Meu cunhado falou – Quanto à ajuda eu não ia pedir, mas já que se ofereceu, me ajuda a concertar aquele ventilador de teto?

- Claro, vamos lá! – Falei empolgado.

*

Rodrigo era um cara muito legal e engraçado, nossa como eu ri, Allan devia ter um gene especial para o humor, porque os dois filhos eram divertidos, os dois juntos deveriam ser uma dupla e tanto. O rapaz já havia sido campeão estadual de judô no Rio de Janeiro e colecionava muitas medalhas.

Naquela semana fui na casa deles várias vezes, Rodrigo parecia mais tranquilo, ou então tudo aquilo de antes era coisa da minha cabeça, pois o cara era muito legal, todo dia inventava alguma comida diferente e gordurosa, também tinha grande preferência por sorvete, macarrão, chá gelado e yakisoba.

- Vou no banheiro – Filipe falou levantando do sofá

- Mas sério que você está gostando dela? – Perguntei.

- Claro, mas sei lá. As meninas gostam de cara que alto, malhados, tipo você, não sei se sou o tipo dela e ela fala muito pouco, gosto de menina mais falante, aquelas bem molecas sabe?

- Rodrigo – Comecei a rir – Ela é exatamente assim, mas fica tímida quando você está perto. Ritinha é praticamente um menino vestido de menina.

- Sério? Valeu cara, isso ajuda muito – Ele disse pensativo.

O dia da apresentação estava cada vez mais próximo, a anterior havia sido um musical, mas dessa vez eles apresentariam um ballet clássico, a escola de Arte ia apresentar o ballet chamado "O Jardim Secreto", que contava a história de uma menina que no aniversário de quinze anos ganhava a chave para um lugar mágico e especial.

Filipe estava super aflito, passou o ano todo ensaiando pro papel, seria o príncipe no primeiro ato, ele também faria um Pas de Trois, significava que dançaria com duas meninas ao mesmo tempo, eu levei semanas pra aprender a dança da festa junina, imagine dançar ballet com duas meninas.

*

- Eu vou enlouquecer! – Filipe disse sentando no sofá.

- Calma Filipe – Pedi sentando ao lado dele.

- Edu, nem tenta –Allan me avisou e foi pro quarto.

- Calma? A apresentação é sete horas, tenho que passar a coreografia, minha roupa sumiu, você insistiu e eu almocei, agora to parecendo um porco, olha minha barriga, fora o meu cabelo que ta uma palha – Ele disse tudo em poucos segundos.

- Queria o que? Não comer e desmaiar? A costureira da escola vai achar sua roupa e meu pai já está esperando pra levar a gente, e gordo Filipe? Você é uma das pessoas mais magras que eu conheço, sabe do que você precisa? – Falei e ele me olhou – Disso.

Segurei sua nuca e lhe beijei, ele correspondeu, pus a mão em sua cintura e fui empurrando meu corpo pra frente até ele encostar as costas no sofá, geralmente eu lhe beijava e logo parava, mas não naquele dia, Filipe estava uma pilha de nervos por causa da apresentação, então precisava de um beijo bem carinhoso e demorado.

- Nossa amor – Ele disse quando paramos o beijo – Obrigado.

Ele falou e pôs a cabeça no meu peito, fiquei fazendo carinho no rosto dele e quando percebi ele tinha dormido, iríamos sair em meia hora, achei que aquele tempinho de sono seria bom pra ele ficar mais tranquilo. Rodrigo entrou na sala.

- Vi que estava muito silêncio, estranhei – O mais velho disse mostrando um sorriso – Só você pra fazer ele se acalmar, como conseguiu?

Toquei na boca de Filipe e depois na minha, Rodrigo fez um sinal positivo com os dedos e disse que aquela foi a melhor ideia que eu tive, sorri e fiquei ali com o moreno em meu peito. Eu, Allan, minha mãe e Filipe iríamos no carro do meu pai, Ritinha, Caio e Rodrigo iriam com Vagner.

A apresentação não seria no mesmo lugar que havia sido da outra vez, ainda bem que tínhamos carro porque o local era bem afastado. Há anos atrás aquele local era apenas mato, mas as empresas imobiliárias e os setores de entretenimento conseguiram por condomínios de luxos, centros empresariais e muitos shoppings na região.

- Gente, queria falar uma coisa. Filipe disse enquanto seguíamos em direção ao teatro.

- Ai meu coração – Dona Catarina falou passando a mão pelo elegante coque.

- Juro que não sei de nada – Falei em minha defesa.

- Não é nada demais – Ele sorriu e me deu a mão – Queria pedir desculpas pra vocês e agradecer.

- Desculpa pelo que rapaz? – Meu pai indagou enquanto olhava pra via.

- Ah eu estava uma pilha hoje, é que de tudo que eu já fiz na escola de Arte o ballet sem dúvida foi a coisa que eu mais gostei, talvez eu tenha uma carreira como bailarino, mas tem outros meninos lá também, é difícil mostrar que você é bom, hoje eu vou dançar três vezes, isso nunca me aconteceu sabe, esse ano foi muito bom pra mim – Ele falou nos olhando.

- Nós entendemos meu bem – Minha mãe acrescentou.

- Obrigado, mas não justifica, não posso ficar sempre assim, aflito, e quero agradecer à vocês, por estarem me levando, por irem me assistir – Ele olhou para os meus pais – Por me darem apoio e me entenderem – Virou pra Allan – E por me acalmarem quando pareço que vou explodir, obrigado – Ele me olhou.

- Faz parte meu filho, é uma responsabilidade muito grande, sei o quanto você se dedicou e ensaiou pra esse fim de ano, nós temos muito orgulho de você, dançando, estudando, cozinhando, o que você fizer está bom, te amamos – Allan disse ao filho.

- Te amo pai – Filipe disse encostando a cabeça no ombro do pai.

- Não sei nem o que dizer depois disso – Seu Carlos falou e nós rimos – Mas é isso mesmo garoto, fica tranquilo e continua seguindo seu caminho.

- Parem, por favor, não posso chorar hoje – Filipe falou.

- Vou ter que retocar a maquiagem, já chorei – Minha mãe falou e rimos.

Chegamos no teatro e ficamos esperando num grande espaço que tinha no local, parecia uma praça, Filipe passou por um portão de grades e foi se arrumar. Minha mãe foi ajeitar a maquiagem e meu pai foi na cantina pegar um café, fiquei conversando com Allan.

- Sabe que eu pensava que não fosse durar tanto – O homem disse.

- Sério? – Indaguei surpreso.

- Sim, você sempre foi, sei lá, ficava com as meninas, bonitão – Ele pensou – Eu tinha medo, que você usasse meu filho, que só quisesse ter uma nova experiência e depois acabaria sabe, mas foi ficando cada vez mais sério e olha aí, tem o que, uns seis meses que vocês estão juntos?

- É, sim e não, se for contar pela data que eu dei o anel pra ele temos seis meses, mas desde que a gente decidiu ficar temos uns nove meses – Falei com um pouco de dificuldade, ás vezes esquecia quanto tempo tínhamos.

- É, passou rápido, tanta coisa, eu não me metia, mas sabia tudo que acontecia – Allan falou e me surpreendi – Não podia ficar resolvendo os problemas de vocês se não nunca iriam crescer e amadurecer, mas me orgulho de como resolveram cada um deles.

- Obrigado – Falei.

- Obrigado eu quem digo, por cuidar do meu filho, por fazer companhia a ele quando eu não estava em casa, por gostar dele, por entender as manias dele e por conseguir olhar pra ele da mesma forma que eu olho – Ele respirou – Com amor, muito amor.

- Poxa Allan – Falei sem saber o que falar, abaixei a cabeça tentando não ficar emocionado – Obrigado, fico feliz que me veja assim.

Demos um abraço e depois fui comprar uma água, eu estava prestes a entrar naqueles momentos que ficamos perdidos em algum lugar da nossa mente tentando entender o que aconteceu nos minutos atrás, mas antes que isso acontecesse ouvi uma voz familiar.

- Bicha! – Ritinha gritou prolongando a última letra, lhe olhei na hora, queria enfiar a garrafa dentro da boca dela, ainda bem que não tinha quase ninguém ali.

- Fecha a boca garota! – Falei quando ela chegou perto.

- Quem disse que eu estava te chamando? Olhou porque quis! Não venha me culpar – Ela disse e balancei a cabeça na negativa.

- Vou contar pro Rodrigo o que você está fazendo – Ameacei.

- Não me expõe desse jeito, tudo bem, eu paro! – Ela disse olhando para os lados como se o rapaz fosse se tele transportar pra ali a qualquer momento.

- Cadê ele? – Perguntei.

- Ajudando o Vagner a estacionar o carro – Ela respondeu – E o Filipe?

- Já entrou, está se arrumando eu acho – Falei bebendo um pouco de água.

Logo Caio também veio, depois Vagner e Rodrigo chegaram, ficamos sentados num banco de madeira que ficava um pouco afastado da cantina. Meu pai ficou conversando com Allan e minha mãe estava conversando com uma das moças que ela conheceu na outra apresentação.

Pensamos que esperar uma hora e meia seria demorado e chato, mas não com Ritinha, Caio e Rodrigo, eram os mais bobos, ás vezes eu ia até meu pai e o loiro ia no banheiro com o namorado, estávamos deixando eles sozinhos para ver ser acontecia algo, mas quando voltávamos eles estavam rindo como duas crianças que brincam num parquinho.

Ficamos mais um pouco ali e depois entramos, faltava meia hora pra apresentação começar, mas queríamos sentar num bom lugar, havia três carreiras de cadeiras, cada uma devia ter umas vinte fileiras, escolhemos a quinta de baixo pra cima, Vagner sentou na ponta e Caio ficou do lado dele, eu sentei na cadeira ao lado, Ritinha quis ficar do meu lado, Rodrigo sentou a direita da menina, depois estavam sentados meu sogro, meu pai e minha mãe, as duas moças que estavam conversando com ela sentaram ao seu lado.

- Gente vai começar – Falei ao ouvir o terceiro sinal.

- Olha ele, "o entendido" do teatro – Ritinha alfinetou.

*

Logo começou a tocar umas músicas que lembravam aqueles países árabes, a sala escureceu e as menininhas entraram, começaram a dançar, depois entrou a solista, uma linda menina de olhos redondos e sorriso encantador, Beatriz Gomes, dançava maravilhosamente bem, era encantadora a habilidade que a menina tinha pra dançar.

Depois disso pareceu iniciar o que seria uma festa árabe, tinha até uma encantadora de cobras. As amigas da solista chegaram com seus pais, que eram os meninos e meninas mais velhos, um mais alto e mais bonito que o outro e as moças também.

Logo chegou a hora do príncipe que chegava com uma linda caixa para a menina, ela abria e dentro tinha um laço que sua mãe prendia em seu cabelo, enquanto isso uma música que parecia ser de instrumentos musicais crescia mais e mais, ficando intensa e cada vez mais bonita. Então ele em entrou acompanhado pelas duas meninas.

Estava lindo, vestia uma calça branca que marcava todos os músculos de suas pernas, camisa de manga cumprida grudada ao corpo, mas de tecido diferente da calça, parecia mais quente e muito bonita, de cor branca, vinho e prata, nos pés sapatilhas brancas, seu cabelo estava preso com uma tiara.

As meninas entraram com seus vestidos bonitos e começaram a dançar, a coreografia era muito bonita, ele as conduzia ao muito bem, tudo que fazia com uma fazia com a outra, elas giravam e ele as segurava pela cintura, levantava a mão e segurava a delas para lhes dar equilíbrio.

Estava lindo, então depois de quase quatro minutos de dança ele começou a dançar com a solista, que parecia ser a aniversariante da festa, foi lindo, a menina girava por todo o palco, encantava aqueles que ali estavam e todos que lhe assistiam na platéia, ele até chegou a erguê-la por alguns segundos.

Foram caminhando pelo palco, ele a conduzia e ela cumprimentava todos que estavam ali para lhe prestigiar, depois cada um foi pra um canto do espaço, a música foi se intensificando, ela correu na direção dele que a levantou novamente, dessa vez por um pouco mais de tempo, depois isso eles pareciam dançar uma acelerada valsa pelo palco, ela girou todo o espaço em segundos, ele a segurou, pôs a mão em sua cintura e ela ergueu o braço finalizando a dança.

*

Não houve que não aplaudisse, foi uma linda coreografia, depois disso ele reverenciou a platéia, aliás, ele era um príncipe, tomou pelas mãos as duas meninas que entraram com ele e saíram, o ballet continuou, entrou um homem mais velho que deu um presente a aniversariante, depois disso a festa acabou e todos foram saindo.

Não sei como, mas quando todos saíram apareceu um portão ali, não vi ninguém colocá-lo só sei que apareceu, estava ali, a menina pegou o presente do homem e abriu, era uma chave, então ela abriu o portão e entrou, as cortinas fecharam e uma voz anunciou que o ballet voltaria em quatro minutos.

Quatro minutos? Como as pessoas conseguiriam trocar de roupa, se arrumar e trocar a maquiagem em quatro minutos? Será que havia banheiro pra todos? Filipe havia me falado que geralmente os solistas ficavam num camarim separado, as meninas ficavam em um e os meninos em outro, e que quando dava as crianças ficavam separadas dos maiores, pois muitas vezes os mais velhos tinham segundos pra se trocarem então ficavam pelados, colocavam a roupa correndo e voltavam para o palco.

Eu não sabia se todo bailarino era bem dotado ou se era efeito da roupa, pois ficava um grande volume na região genital, Filipe já havia me explicado que eles usavam um suporte, mas mesmo assim, era algo que chamava a atenção, quando o moreno estava dançando eu olhei diversas vezes, pois o dele era um dos maiores.

- Ta pensando em que Edu? – Ritinha perguntou me fazendo sair dos meus pensamentos.

- Teatro, como aqui é bonito né? – Respondi sorrindo.

- Bastante, mas com tanto homem bom aqui, pensar no teatro é desperdício – Ela cochichou.

- E o homem que está do seu lado, é um deles? – Indaguei baixinho.

- Nem me fala amigo, estou me segurando pra não derreter e escorregar por debaixo dessas cadeiras, ele é engraçado, sabe conversar, gosta de desenho animado, heróis, luta e tem umas coxas mais grossas que a tua Edu – Ela falou e eu tentei segurar o riso – To me segurando.

- Oi, voltei, trouxe chocolate – Rodrigo falou para minha amiga que sorriu, pegou e agradeceu.

Acho que alguém se arranjou!

*

A apresentação voltou e a solista principal entrou, seres que pareciam ser elfos estavam lhe esperando na entrada do jardim, cada hora entravam seres mais bonitos, haviam flores, fadas das flores, borboletas, tudo muito bonito e colorido, depois apareceu uma solista com uma roupa toda amarela com pedras e uma coroa linda, o palco começou a brilhar intensamente, ela era o sol. Tive certeza quando a moça atrás de mim falou, a menina era sua filha.

Pelo que entendi cada pedaço seria uma estação do ano, aquela era o verão, haviam abelhas, joaninhas, muitos animais, estava bem legal, várias crianças apareciam com fantasias diferentes, foi nessa hora que Filipe voltou.

Ele disse que sua roupa seria diferente de tudo que já havia aparecido, quando vi um bailarino com uma roupa azul que cobria todos seu corpo soube que era ele, tinha pedrinhas lindas e brilhosas, ainda mais azuis, e pra completar na parte superior do corpo havia um colete de mangas longas que parecia ser feito de penas azuis, no rosto ele tinha uma linda máscara.

Filipe foi entrando bem rápido, na ponta dos pés, suas mãos mexiam de forma ainda mais agitada, ele dava saltos e mais saltos, seus braços pareciam ficar duas vezes maiores, uma música muito agradável embalava sua dança, a solista principal lhe olhava encantada e imitava alguns de seus gestos, depois eles dançaram juntos, não como um par, ele de um lado e ela do outro, depois Filipe saiu na ponta dos pés como se estivesse voando.

Todos os que estavam comigo ficaram me olhando, minha mãe, meu pai e Allan estavam com uma expressão orgulhosa, Caio e Vagner sorriam, Ritinha e Rodrigo estavam com uma cara de curiosidade. Eu estava bobo, ele dançou muito bem, foi uma linda a apresentação.

Volta e meia Filipe cortava o palco com seus passos apressados, quando isso acontecia os bailarinos paravam pra vê-lo passar, isso aconteceu umas três vezes. Depois mudou a estação, o outono chegou e as bailarinas estavam com roupa de flores em tons laranja, uma menina maior que as outras conduzia a dança, sua coreografia era muito bonita e suave, acho que ela era o vento.

Por fim chegou o inverno, o palco ficou escuro e bailarinas vestidas de flocos de neve entraram, junto delas vieram três fadas, cada uma com um vestido de uma cor, também entraram três rapazes vestidos com roupas que pareciam ser de príncipes.

A coreografia foi muito bonita, cada fada dançou com um grupo de bailarinas, quando uma saía a outra entrava, no fim entraram os três príncipes, saltavam muito bem e eram muito flexíveis, um deles apoiou um pé no chão e ergueu o outro sobre a cabeça, o segundo príncipe era muito rápido, andava como se estivesse correndo e o último era o mais forte, parecia bem definido e pernas eram bem grossas.

Depois disso chegou a parte final, todas as fadas e seres principais apareceram. A bailarina que era o sol, as fadas das flores, do vento e do gelo, a joaninha, os príncipes do gelo, o pássaro azul e os outros solistas. Uma linda valsa começou, não era em par, mas eles bailavam pelo palco, tudo muito bem coreografado, mais de dez pessoas girando sem se embolarem, esbarrarem ou errarem, era perfeito.

A solista principal encantava a todo, sua perna subia e descia em passos incrivelmente rápidos, muito bonita, todos giravam ao seu redor, parecia uma boneca, estava sendo cortejada pelos principais elementos daquele jardim secreto. O espetáculo estava acabando e todos queriam mais, logo os solistas abriram espaço e entrou um bailarino e uma bailarina vestidos de brancos, ele a erguia no alto e a segurava por longos segundos, era a lua.

Eles dançavam e os solistas giravam ao redor deles, era uma verdadeira corte, todos pareciam príncipes e princesas naquele belo reino, estava incrível, a música clássica deixava aquilo ainda mais lindo era como estar no palco com eles, eu mal lembrava de fechar a boca e assim o palco foi esvaziando, a solista ficou no centro do palco, girou até o portão do jardim que apareceu novamente de forma misteriosa, abriu e saiu. Enquanto isso as cortinas fechavam.

*

Quando acenderam as luzes me dei conta que não era real. Eu havia viajado junto com a apresentação, sabe quando a pessoa vai ao cinema o filme acaba ela se da conta que foi apenas um filme, o ballet foi exatamente assim, estar naquele teatro me levou a acreditar que eu não estava ali.

As luzes não estavam totalmente acesas, a cortina abriu novamente e os personagens mais comuns foram ocupando o fundo do palco, os maiores atrás e os menores na frente, só assim era possível ver aquelas pequenas e linda meninas vestidas de borboleta.

Logo depois entrou Tia Nessa, era a coordenadora da escola de Arte, ela que estava diretamente com eles e também era a professora de Filipe, a mulher tinha montado todo aquele espetáculo, pensando o lugar de cada bailarina, seus movimentos. A mulher era um gênio.

- Boa noite senhores pais, responsáveis e amigos, obrigado por nos prestigiarem essa noite, eu queria chamar ao palco os solistas.

Ela foi chamando cada um deles pelo nome, eles entravam e eram aplaudidos. Depois de uns sete nomes ela chamou o melhor de todos.

- Filipe Muniz, como príncipe mediterrâneo e pássaro azul – Ela falou e logo ele entrou vestindo a roupa de pássaro, foi muito aplaudido e claro que nós, uma das maiores torcidas, não faríamos pouco. Ritinha puxou e nós continuamos: Fi-li-pe! Fi-li-pe! Fi-li-pe! – Olha, tem até torcida – A coordenadora falou e todos riram.

Ela continuou chamando os outros nomes, sem olhar em nenhum papel, acho que sabia o nome de todas as crianças e adolescentes que estavam naquele palco, por fim ela chamou os alunos do grupo especial. Após os bailarinos entrarem vieram as professoras e por fim a ilustre Tia Lena.

Helena Carneiro havia sido uma incrível bailarina, que há vinte anos havia fundado sua Escola de Arte, um ousado projeto que havia dado muito certo com a ajuda de muitas pessoas e agora formava muitas meninas e meninos, dando a eles uma oportunidade no mundo da dança, ela tinha mais de dez bailarinos se formaram em sua escola e tinham ido para Escolas de Ballet internacionais.

- Olá, boa noite a todos – Ela disse calmamente.

Aparentava ter uns cinquenta e cinco anos, era de pequena estatura, magríssima, usava um salto alto enorme e um vestido que parecia ter sido feito sobre medida, aquela mulher deveria pesar menos que uma pena. Sua elegância chama a atenção.

- Sou Helena Carneiro, ou Tia Lena como sou conhecida, quando criei a Escola de Arte queria que fosse algo diferente e ao longo desses vinte anos consegui isso – Ela falou calmamente – Mas sempre com a ajuda de vocês, professores, e alunos – Ela falou sorridente.

Logo as pessoas começaram a chamar o nome da mulher, ela mantinha um sorriso amoroso no rosto, parecia ter muito carinho pelos alunos que não paravam de repetir: Tia Lena! Tia Lena! Tia Lena! Tia Lena!

- Obrigado meus lindos, agradeço o carinho de vocês – Ela disse e todos voltaram a ficar em silêncio – Esse foi um ano muito bom pra todos nós, eu queria dizer algumas palavras e citar alguns nomes, começando por Julia Valverde que esse ano irá integrar a Escola Ballet de Miami – Todos olharam a bela menina – Você foi magnífica hoje em seu papel de Lua Branca, fico muito orgulhosa por isso – A mulher falou e abraçou a jovem que segurava o choro.

- Eu quero agradecer a presença da nossa querida Alice Miranda que estava linda como encantadora de cobras, Rafael Portela como príncipe árabe e Jonathan Chagas no papel de príncipe forte do gelo, todos esses são bailarinos da companhia, o nosso grupo especial, que atendendo ao meu pedido dançaram no espetáculo – Os bailarinos citados fizeram uma reverência a mulher e depois a plateia que os aplaudiu bastante, realmente haviam dançado muito.

- Agora minha querida Paula Silveira, ou como gosto de chamar, Paulinha, você foi encantadora, esse papel que a Tia Nessa escreveu pra não poderia ter ido para outra pessoa, você estava maravilhosa, esse é o tipo de bailarina que eu quero e que eu gosto de formar e mandar para o mundo – A mulher sorriu – Não chora não mãezinha – Disse para a mãe da menina, que estava na plateia – Ela vai ganhar os palcos do mundo, fique sabendo.

A menina recebeu flores dos pais, outro buquê dado pela escola de Arte, agradeceu ao público, abraçou a diretora e a coordenadora e depois voltou para o lugar, realmente ela merecia, eu nunca tinha visto alguém dançar tão bem.

- Esse ano nossa querida, Joice, Julia, Renan e Lauro irão se formar, dêem um passo a frente e recebam os aplausos da plateia – A mulher pediu – Parabéns, estudar, fazer inglês, pilates, curso e ainda dançar não é fácil, cada vez se torna mais difícil formar bailarinos do naipe desses que estão se formando esse ano.

Novamente aplaudimos eles que estavam se formando, eram mais velhos que a maioria dos alunos, aparentavam ter dezessete anos, Julia e Joice haviam feito solo, mas os rapazes dançaram com os outros alunos, as meninas também dançavam muito bem.

- Fico me perguntando se essa nova geração menor virá como esses que eu vou formar ano que vem. Na nossa escola nossos bailarinos passam por provas a cada trimestre, são avaliados por suas técnicas, físico, disciplina, faltas, atrasos e figurinos, eu não tenho nenhum problema com nenhum desses que eu citei o nome até agora – Ela sorriu.

- A penúltima turma de ballet ainda não sabe a nota gente, Tia Lena não me deixou contar, disse que faria uma surpresa – Tia Nessa falou completando a fala da diretora.

- Isso mesmo, a Tia nessa deu aula para eles durante todo esse ano, ano que vem ela continua, mas também serei professora deles por alguns meses – A mulher falou e os bailarinos sorriram – Alunos como: Filipe, Jennifer, Matheus e Helen, que estão aqui há anos e terei o orgulho de tê-los na última turma de ballet clássico no ano que vem – Ela disse sorrindo.

Os que tiveram seus nomes citados colocaram a mão no rosto, estavam muito felizes, nem podiam acreditar, pareciam estar esperando por aquilo há anos e ouvir da boca da diretora da escola devia ser ainda melhor.

- Aliás, todos os alunos da penúltima turma passaram pra última – Ela falou e mais pessoas ficaram felizes, as mães estavam comemorando na platéia – Não pensem que é fácil não, eles estavam ansiosos pra saber se passaram ou não, mas é uma turma muito dedicada que eu terei orgulho de formar.

Tia Nessa falou algo no ouvido da diretora que sorriu ao lembrar de algo.

- Quero parabenizar nossos queridos solistas, Matheus como príncipe rápido do gelo – As pessoas aplaudiram e a mãe do garoto o chamou de lindo, provocando risos na platéia – Jennifer nossa fada de flores, minha pérola negra maravilhosa – As palmas retornaram – Helen, nosso sol lindo, brilhando no palco – A linda menina que parecia ter uns quatorze anos sorriu – E Filipe, meu belo moreno de cachos lindos, que hoje encarnou perfeitamente o pássaro azul – Ele sorriu e a reverenciou, nem preciso dizer que nós aplaudimos muito.

Alguns buquês foram dados a outras meninas e para o casal que dançaram o solo da lua, depois disso os bailarinos reverenciaram as professoras, coordenadora e diretora e a cortina fechou.

*

- Uau! – Falei com um imenso sorriso no rosto olhando para os outros que estavam comigo.

- Foi lindo Edu, parabéns em – Vagner disse sorrindo.

- Tem que dar parabéns ao Filipe, ele que dançou – Respondi sorrindo.

- Ah, mas ele é seu namorado, um talento e tanto que você arrumou – O namorado de Caio disse.

- Pensei que ia ser chato, mas foi legal pra caramba, sério, ri e me arrepiei várias vezes, teve umas horas que achei que a perna de uma ia bater no rosto de outra – Rodrigo disse rindo.

- Eu também, aliás, imagine só a loucura que seria – Ritinha sorriu concordando com meu cunhado.

- Gente, parabéns para o Allan que fez esse talento incrível que é o Filipe né – Minha mãe falou olhando para o homem.

- Que nada, quem se tornou talento foi ele, esforço dele – Allan declarou.

- Meu irmão dançou pra caramba, isso eu sei! – Caio falou sorrindo.

- Ei! O irmão é meu! – Ritinha respondeu sorrindo.

- Irmão de quem? – Rodrigo perguntou com uma cara engraçada.

Todos nós rimos, o rapaz sempre tinha algum comentário bobo ou sarcástico, ás vezes chegava a ser escroto, mas não tinha como não gostar dele, era aquela pessoa que todo mundo queria ter por perto.

- Parece que tive uma ninhada de filhos né? – Allan completou e nós rimos ainda mais.

Logo fomos para fora esperar Filipe sair, o local estava cheio de pais, avós, amigos e bailarinas que já haviam trocado de roupas, tinha uma professora com uma pequena turma entregando cada aluno para sua mãe. Minha mãe estava conversando com algumas moças, meu pai, Allan, Rodrigo e Vagner se divertiam com suas piadas, eu, Ritinha e Caio estávamos perto do portão de onde Filipe iria sair.

- Será que ele vai demorar? – Ritinha perguntou.

- O menino estava com uma roupa super difícil de por, com pedras e tudo mais, fora que por baixo daquela máscara devia ter uma boa maquiagem, até tirar tudo já viu né – O loiro acrescentou.

Começamos a conversar e nem percebemos quando ele saiu, só o vi parar ao meu lado, me abraçar e sorrir.

- Oi, gostaram? – Ele perguntou sorrindo.

- Foi perfeito amor – Falei no ouvido dele e ele sorriu.

- Lipe, você dançou muito, não sabia que você dançava tão bem – Ritinha riu – Rebolar ao som de Bey a gente já rebolou, mas dançar assim eu nunca vi, pra que pisar nas inimigas se você poder dançar ballet na cara delas?

- Eu te amo garota! – Filipe disse enquanto sorria, ele estava com uma touca na cabeça.

- Amei a toquinha, está super estiloso – Caio disse lhe dando um abraço, parabéns, você estava lindo no palco.

Logo fomos até os outros, que o elogiaram muito, tiraram fotos, foi bem bonito e divertido aquele momento, algumas amigas dele vieram falar conosco, aliás, parecia que todos ali se conheciam, as pessoas eram muito educadas e divertidas.

- Então, vamos embora ou vamos sair? – Rodrigo perguntou.

- Ah eu não quero ir pra casa não – Caio falou sorrindo.

- Filipe, o que você acha? – Perguntei ao meu namorado.

- Ai que fofo isso gente – Ritinha acrescentou.

- Boba, acho que podemos ir, só não sei se estou vestido pra isso – Ele disse olhando suas roupas.

Filipe estava vestindo uma bermuda curta de cor branca que Caio havia lhe dado no aniversário, blusa vermelha e uma touca de cor creme, ele havia passado gel para prender o cabelo e não quis molhar o cabelo, então pôs a touca, nos pés ele tinha um tênis claro.

- Se é meu filho então tá sempre ótimo – Allan disse olhando para o filho.

- Ah então vamos – Meu pai falou sorrindo – Mas pra onde?

- Poderíamos ir comer uma pizza bem grande o que acham? – Minha mãe sugeriu.

- Catarina uma pizza só por maior que seja não da pra gente não, isso eu e Filipe damos conta.

- Fora que o Filipe é fresco né, vai querer comer duas maçãs e um alface – Caio disse sorrindo.

- O que você quer Filipe? – Vagner o perguntou.

- Obrigado por perguntar Vagner, quero parar em qualquer lugar que tenha um hambúrguer bem grande, batata frita, suco, cachorro quente e uma pizza se eu ainda tiver fome, o que vocês acham? – Ele perguntou.

- Achei perfeito! Muito perfeito! – Ritinha disse sorrindo

- Então vamos – Allan falou passando o braço ao redor do pescoço do filho.

- Vamos pai, mas eu quero ir com o Edu – Filipe respondeu sorrindo.

- É assim viu, cresce e só quer saber do namorado – O pai respondeu – Mas o Edu não vai com o Carlos?

- Não vai não tio, vai ser assim ó. Eu, Filipe, Caio, Edu e Rodrigo, se ele quiser, vamos no carro do Vagner, você e Tia Catarina vão no carro do Tio Carlos – A menina falou animada.

- Separando os velhos né? – Allan rebateu.

- Não fica triste, amamos a velha guarda – Nós rimos.

*

Foi bem legal e divertido, fomos num movimentado lugar que ficava próximo da casa de Caio, era uma grande praça, envolta passavam ônibus e carros, era bem iluminada, um lugar movimentado e cheio de jovens. A ida foi ainda mais legal, rimos muito, Vagner dirigiu, Caio foi do lado do namorado, eu no canto, Filipe ao meu lado, Ritinha do lado do moreno e Rodrigo no outro canto.

Comemos muito, nem preciso dizer quem estava com mais fome né? Filipe, mas ele estava muito cansado, tinha dançado muito, ele realmente precisava comer, eu já havia passado por ali algumas vezes, mas nunca tinha percebido que era um lugar tão legal.

Filipe voltou comigo e com meus pais, Allan também veio conosco, Rodrigo foi com Vagner, Caio e Ritinha, disse que levaria Ritinha em casa, o namorado do loiro os deixaria na pista principal do bairro da menina e meu cunhado a levaria em casa, eu já estava vendo que logo eles ficariam juntos.

- Já tem uns quinze minutos que estamos aqui, precisamos subir Edu – Ele falou sorrindo.

- Verdade, faltam menos de quinze dias pra acabar o ano, estou morrendo de saudade de você – Falei dando um beijo no pescoço dele.

- Também estou Edu – Ele falou beijando minha boca – Qualquer dia desses a gente namora um pouquinho, pode ser?

- Pode sim – Respondi sorrindo – Amor, foi lindo, lindo demais te ver dançando, fiquei orgulhoso quando a sua diretora disse aquilo de você e que você passou de ano, parabéns agora está no último ano, foi maravilhoso te ver dançar – Falei com o coração pulando de alegria.

- Nossa Edu, obrigado, fico feliz que se orgulhe do que eu faço, porque acho o máximo ter um namorado jogador de futebol. Minha trajetória foi bem difícil, tive que ralar muito e agora saber que falta apenas um ano pra eu me tornar um bailarino formado é incrível! – Ele disse – Edu eu te amo sabia? Nossa, eu te amo muito, do tamanho da minha fome.

- Eita! Então o amor é infinito – Falei e nos beijamos.

Deixei Filipe no apartamento dele e subi para o meu, havia sido um dia muito legal, cada dia eu ficava mais surpreso com as coisas que aquele relacionamento me proporcionava, nunca imaginei estar num teatro, dizia que era chato, ballet então? Nem pensar, dizia que era coisa de menina. Agora estava encantado e querendo ver Filipe dançar todos os dias.

*

Os dias iam passando, eu via Filipe bem pouco, ele sempre estava saindo com Rodrigo, ás vezes eu até ia com eles, mas achava um pouco chato, passei o ano inteiro ao lado do moreno, agora seu irmão estava ali e queria curti-lo também, eu tinha que entender e deixá-los aproveitarem.

Minha dependência no meu namorado era grande, eu quase conseguia suprir minhas necessidades, saía com Caio, conversava com Ritinha, andava pelo bairro com Léo, mas só Filipe podia me suprir em uma área e eu estava sofrendo sem ele.

Haviam meses que eu não frequentava o banheiro para aquele tipo de coisa, mas naqueles dias ás vezes eu ia três vezes, pensando nele sempre, quando via estava com o corpo tremendo e as mãos grudentas, era bom, dava pra aliviar, mas nada comparado ao que eu precisava.

Falei pra ele o que eu estava fazendo, sua resposta me surpreendeu ainda mais, Filipe estava se aliviando da mesma forma, ás vezes a gente até conseguia dar uns beijos, mas nunca tempo suficiente pra fazer algo mais demorado.

- Gente, preciso usar o banheiro e tomar um banho, depois que eu usar vai ser difícil entrar, vocês querem ir? – Rodrigo perguntou com a toalha no ombro.

- Não, obrigado – Filipe respondeu com a cabeça no meu ombro.

- Não quero ir não cara, valeu – Respondi ao mais velho que logo foi para o banheiro.

- Lipe seu irmão vai tomar banho e usar o banheiro, vamos fazer alguma coisa – Falei já tirando minha bermuda.

- Ta louco Edu? O Rodrigo ta ali no banheiro, não vai dar tempo! – Ele disse rindo.

- Claro que dá – Falei apertando meu pênis pra que endurecesse logo – Temos uns cinco minutos?

- Não, uns sete talvez, ele toma banho rápido, mas demora um pouco mais no vaso porque fica lendo aquelas revistinhas de heróis – O moreno sorriu do jeito infantil do irmão.

- Perfeito! – Falei e comecei a beijá-lo.

Nosso beijo estava rápido e gostoso, sentia a boca de Filipe muito quente, logo ele abaixou minha cueca e tocou na minha ereção, soltei um pequeno gemido Filipe me empurrou pra frente e depois me colocou na cama, não daria tempo pra uma relação sexual, mas pra um sexo oral muito bom dava.

Foi ele colocar meu pênis na boca e eu delirar de prazer, aquela boca quente, os lábios molhados, a língua inquieta, tudo aquilo estava me deixando nas nuvens, estávamos querendo aquilo há muito tempo.

- Está bom amor? – Ele indagou.

- Sim, sim, está ótimo – Falei enquanto passava a mão no cabelo dele.

Ouvimos Rodrigo abrir o chuveiro e rimos. Filipe deixou o movimento mais intenso e passou a me masturbar enquanto ele estava com a boca no meu pênis, que sensação maravilhosa. Senti meu corpo começar a tremer e logo depois vieram os jatos de prazer.

Minha vontade era gritar de prazer e curtir o momento, mas eu não era o único que estava sentindo falta das relações, abaixei um pouco a cueca de Filipe, passei o dedo no líquido que eu havia ejaculado e coloquei na entrada dele, com a outra mão eu o masturbava.

- Edu me beija! – Ele pediu.

Se tinha um coisa que excitava Filipe era beijo, e foi o que eu fiz, uma mão estava em sua entrada e a outra na cintura, agora ele se movimentava enquanto eu o beijava, ouvimos o chuveiro parar, não sei o que deu em mim, mas cheguei perto do ouvido dele e comecei a falar besteira, não deu outra, em alguns segundos ele que estava explodindo de prazer.

Começamos a rir enquanto nos olhávamos, colocamos a camisa ás pressas, ele subiu a calça e eu vesti minha bermuda, só conseguíamos rir e nos beijar. Um minuto depois Rodrigo entrou pela porta do quarto, ficou conversando com a gente e depois foi ver alguma coisa pra comer.

- Nossa primeira rapidinha – Falei sorrindo.

- De rapidinha em rapidinha a gente vai sobrevivendo – Ele disse sorrindo.

*

Estava tudo bem tranquilo, naquele fim de semana seria o natal, faltavam apenas quatro dias, iríamos fazer na minha casa, Filipe, Allan e Rodrigo passariam conosco, já que os amigos do meu sogro iriam viajar, meu vô e minha avó viriam para o apartamento e até dormiriam com agente, o que era muito raro de acontecer.

Rodrigo não havia beijado Ritinha, ele disse que nem havia tentado, mas reparou que não houve espaço, que só iria fazer quando sentisse que a menina estava querendo, achei muito legal a atitude dele, pois muitos caras vão forçando a barra e a menina cede por pressão.

Ele e a garota estavam sempre saindo, fazendo passeios ou indo á loja de CDs que havia no bairro dela, eu torcia pra que aquele casal ficasse junto. O bom daquilo era que Filipe estava tendo bastante tempo para ficar comigo, era Rodrigo sair pela porta e meu namorado ir pro meu apartamento.

Naquela semana nós dois fomos na rua comprar coisas pra decoração e algumas coisas que não envolviam o mercado, deixamos essa parte com Dona Catarina e Seu Carlos, nos livramos dessa parte, mas se eu soubesse que minha mãe estava "naqueles dias" teria ido.

- Que foi? – Filipe indagou deitando na minha cama.

- Minha mãe teve um dia péssimo no trabalho, foi pro mercado com meu pai e está menstruando aí já viu né – Falei lhe olhando.

- Tudo bem, vamos lá pra casa, o que acha? – Indagou.

- Ótimo, vamos – Falei lhe beijando.

Fomos para o apartamento de Filipe, no caminho demos alguns beijos, lembramos que havia tempo que não víamos Dona Ana, eu estava fazendo cosquinha no moreno quando ele abriu a porta e senti um clima ruim.

Eu teria perguntado quem era, se Filipe não falasse antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, era uma mulher com um salto alto dourado, uma saia preta que ia até os joelhos, uma camisa fina de cor bege e estava com duas pulseiras grossas, a maior era dourada escuro e a menor era bege com a borda dourada, na mesa estava um óculos escuro de armação clara e uma pequena bolsinha preta e redonda, com um pequeno laço florido.

- Mãe! – O moreno falou parecendo ver um fantasma.

*

A mulher tinha um olhar de superioridade, devia ter uns trinta e dois anos, mas pelo que eu lembro Filipe havia dito que ela era mais velha, sua pele parecia muito lisa e seus traços eram muito bonitos, a maquiagem leve combinava com sua pele morena, deixando-a ainda mais elegante. Logo ela ficou de pé, não sei se eram os saltos, mas a mulher era alta e grande.

- Oi Filipe – Ela falou corretamente seu nome, pois geralmente quando falávamos saía "Filipi" e ela falou o nome bem certinho.

- Oi mãe – O moreno falou fechando a porta atrás de mim enquanto sua mãe me olhava.

- Seu pai comentou que você estava lá em cima na casa do seu amigo, é isso né? – A mulher perguntou com uma pitada de sarcasmo, me sentia entrando num campo de batalha sem nenhum proteção.

- Pois é mãe, eu estava no Edu, ele não é só meu amigo, meu pai deve ter comentado – O cacheado respondeu.

- Se tivesse me contado eu não estaria perguntando pra você – A mulher falou ácida.

- Será? Você sempre faz isso – Filipe disse mantendo a calma, deu um abraço na mãe e foi em direção ao sofá, ela também foi.

- Eu vou subir então, mais tarde a gente se fala – Falei sem saber o que fazer.

- Não precisa, pode ficar – A mulher se levantou e veio na minha direção – Desculpa, acabei esquecendo de falar com você. Prazer Simone – Ela estendeu a mão.

- Eduardo – Respondi sentindo meu corpo gelar e apertando sua mão – Vou ficar aqui sentando na cadeira então.

- Fique á vontade, imagino que você já seja de casa – Ela sorriu e voltou para onde o filho estava.

- Está no Brasil? – Ele indagou.

- Por pouco tempo, fim de ano nós temos um pequeno recesso, mas no dia dois de Janeiro já voltamos á ativa – A mulher respondeu – A empresa conseguiu lançar o empreendimento no Canadá, há anos que esperamos a liberação de alguns papéis.

- Que bom, fico feliz pelo seu trabalho – O moreno respondeu.

- Você está muito bonito meu filho – Ela disse com um ar carinho.

- Sabe que eu nunca achei isso né? Mas nos últimos meses venho acreditando cada vez mais – Ele sorriu de forma apaixonada.

- Só me entristece saber que você não está fazendo boas escolhas, e fiquei triste por ser a última a saber das coisas – A mulher cruzou as pernas.

- Ah mãe, a senhora disse que não queria saber de nada referente à "vida que eu escolhi", não queria saber de namorado, de nada, que quando eu estivesse com a pessoa que eu namorava era pra dizer que era um amigo, lembra? Eu estou apenas obedecendo a senhora – Filipe disse chateado.

- Não foi isso que eu sonhei pra você, a gente imagina que os filhos vão crescer, tirar boas notas, entrar na faculdade, seguir uma carreira promissora, conhecer alguém legal, namorar e ter filhos, levar uma boa vida e

- E fim, morrer! – Ele a interrompeu – Isso é levar uma boa vida? Todo esse plano que a sociedade nos impõem, desde cedo temos que tirar boas notas, não podemos ter dificuldade, se não entramos na faculdade já começam a nos chamar de vagabundos, se escolhemos fazer um curso como filosofia, artes, dança, teatro vocês pais enlouquecem, conhecer alguém legal, mas só podemos ser héteros, ser gay, bi, trans, pam não pode né?

- O que é pam? – A mulher indagou – Enfim, nem quero saber, nós pais só queremos que vocês filhos sejam felizes, não sofram, escolham um curso onde vão ter emprego depois e não ficar batendo cabeça no mercado de trabalho, quanto à opção sexual isso é de cada um, mas os pais ensinam o certo.

- Opção não porque ninguém escolhe sofrer! Você pode discordar, mas eu nasci assim, sobre a faculdade tem gente que não quer fazer, tem pessoas que querem por uma mochila nas costas e conhecer o mundo, outras querem fazer cordão e vender na praia e ser feliz assim – Filipe disse sorrindo.

- Eu me recuso a acreditar que alguém nasce assim, quando você nasceu o médico me disse era um menino. E essa gente que sai de mochila e que vive de galho em galho são tudo loucos – Simone disse sem titubear.

- Disse que era menino, mas não disse se era gay, hétero ou nenhum tipo de orientação sexual, enfim, não vou discutir isso com a senhora mãe, e se isso é ser louco tudo bem, pelo menos as pessoas são felizes assim – O moreno respirou – A senhora deve ter vindo aqui pra algo.

- Você tem que ser assim mesmo? Cadê aquele menininho que eu vi crescer? – Simone indagou.

- Uma vez eu li uma frase que nunca mais esqueci e sempre tive vontade de te falar: "Mãe me desculpe por não ser o filho que a senhora sonhou, mas lhe garanto, se ele fosse como a senhora sonhou, o sonho dele seria ser como eu sou".

Disse tudo!

- Meu filho me desculpa por não ter conseguido te proteger, eu sei que você ser assim não é sua culpa, se eu pudesse voltar no tempo – A morena disse.

- Mãe! Você pode parar, chega, eu sou assim porque sou e nada mais, não quero falar disso – Filipe disse convicto.

- Tudo bem, vim aqui te ver, trouxe umas roupas pra você passar natal e ano novo, espero que sirva porque você está magrinho, era um bebê tão gordinho – Ela sorriu – Fiquei feliz que você passou de ano, isso aí, ainda está naquela escola de dança?

- Sim estou sim, também passei de ano lá, ano que vem me formo como bailarino, fora as outras coisas que aprendi, pintar, atuar, escrever, é uma escola de Arte, ensinam mais coisas além da dança – Meu namorado falou.

- Só peço que se você insistir nisso depois faça uma faculdade, uma hora a idade chega e como vai dançar? E se sofrer um acidente? – Disse a mulher preocupada.

- Pode deixar mãe – Filipe falou cansado.

- Você está tomando cuidado? O pessoal da empresa comenta que os gays são promíscuos meu filho, não quero você doente nem nada, se preserva, não fica saindo com várias pessoas e nem indo pra cama de ninguém na primeira noite – Ela falou e Filipe abaixou a cabeça.

Eu não conseguia pensar em nada, só olhava a conversa deles, por sorte minha sogra estava de costas pra mim, parecia ser muito conservadora, aquela conversa parecia ser antiga, pois Filipe estava claramente cansado e tinha resposta para todas as falas dela.

- Mãe, nem todo gay é igual, nem todo gay é promiscuo, nem todo gay transa no primeiro encontro, e se a pessoa quer ser promiscua ou transar na primeira vez deixa ela, é o corpo dela. Quanto a mim – Ele respirou – Eu namoro com o Eduardo tem nove meses e alguns dias, não saio com mais ninguém além dele.

- Ah – A mulher abaixou a cabeça e respirou fundo – Eu espero que isso passe sabe, adolescência é uma fase complicada, quando chegar na minha idade você vai entender, pelo menos você continua sendo o menino bondoso, educado, gentil, honesto, trabalhador e estudioso que eu criei.

- Obrigado – Ele falou olhando pra ela.

- Eu deixei umas coisas pro seu irmão, mas ele saiu e eu nem vou poder ficar muito, estou indo á noite para São Paulo, terão alguns coquetéis que a empresa está promovendo e claro

- Você tem que está lá – Filipe disse completando a fala dela.

- É, sei que nem sempre eu estive em casa, mas é difícil ser uma advogada de sucesso, trabalhar no meio corporativo, competir com outras empresas, fora que você sabe que vivemos numa sociedade machista, então eu tenho que ser duas vezes melhor naquilo que faço – A mulher falou.

- Você está bonita e mais magra também, acho que não nos vemos desde o ano passado né? E com o vô está tudo bem?

- Obrigado, lá na empresa as executivas vestem trinta e seis, trinta e oito, mas meu bumbum quarenta me impede de vestir tão pouco – Ela sorriu – Ele está bem, passando férias em Angra dos Reis – A mulher sentou ao lado de Filipe – Meu filho eu te amo, independente de qualquer coisa, posso não concordar, mas meu amor você sempre terá e sempre será meu filho, nunca esqueça disso! Nunca! – Ela falou olhando nos olhos dele.

- Ta bom mãe – Vi que ele estava segurando o choro, fiquei arrepiado – Obrigado – Ela a abraçou.

- Agora eu tenho que ir – Ela disse animada, disfarçando a emoção – Não sei quando eu volto, diz ao seu irmão que eu amo ele, se cuida, tenho um almoço agora com umas amigas – Ela falou vindo até a mesa e pegando suas coisas – Ah e você – Ela me olhou.

- Eu? – Indaguei com nervosismo.

- Sim, você que está com meu filho né? – Ela perguntou.

- Sim, ele é incrível – Falei e balancei a cabeça positivamente.

- Eu sei, fui eu que criei – Ela riu – E o pai depois que ele fez onze anos. Não gosto muito da ideia dele ser gay, mas pelo menos ele está com alguém decente, de família boa e educado, só peço que vocês se cuidem e se respeitem – Ela sorriu e deu um beijo em minha bochecha.

- Vai me levar lá embaixo? Você sempre fazia isso quando era menor – Simone falou pra Filipe enquanto pegava o celular.

- Tudo bem, é só a gente não encontrar com a Dona Ana no corredor – Filipe falou.

- Essa não é aquela senhora aqui da frente? – A mulher indagou.

- Ela mesma, mas não se preocupa não mãe – Filipe respondeu rapidamente.

Saímos, e pra nossa infelicidade Dona Ana estava saindo de um dos elevadores. Olhei pra Filipe que logo me olhou e quando percebemos Simone nos observava atentamente.

- Olha quem está aí – A senhora falou sem ver que Simone estava atrás dela – Eu ainda não tive a oportunidade de falar com o síndico, vocês são dois pederastas, eu não sei como consigo habitar no mesmo andar que vocês, eu devia

- Olá Dona Ana – Simone falou com calma e a mulher virou pra trás um pouco surpresa.

- Oi, quanto tempo, você está tão bonita – A mais velha disse.

- Eu sei, obrigado Dona Ana, meu filho mora aqui com o pai há anos, imagino que com a boa educação que eu e o pai demos ele nunca deu trabalho, acho que ele é um adolescente e a senhora como uma idosa poderia ser dar o respeito e não se dispor com um menino, sou muito educada e Allan também, então por favor, eu não gostaria de ver a senhora falando assim com eles, pode ser? – Simone pediu com muita elegância.

- Acontece que

- Dona Ana – Simone a interrompeu – Estou sendo gentil e educada, pedindo que não importune meu filho e o namorado dele com essas questões.

- Você sabe e é conivente dessa safadeza? Cúmplice dessa barbaridade que acontece aqui? Sabe lá o que esses meninos fazem no quarto! – A idosa disparou.

- Nem eu, nem a senhora e ninguém precisa saber, mas pelo jeito a senhora está muito interessada, o que eles fazem é problema deles, não me faça falar aqui sobre particulares, como todo mundo sabia que a senhora era casada com seu Frederico, ficou viúva e namorou Seu Zé Carlos, mas era vista com Seu Paulinho, sem falar do Marcos Chaveiro, que devia ajudar muito a senhora as portas da sua casa, ante de falar da moral e dos bons costumes olhe pra senhora, peço que a senhora não fique coagindo meu filho e nem use esse tipo de linguajar ofensivo com nenhum dos dois que são jovens, educados e tem o direito de se relacionarem com quem quiser sem ninguém os ofendendo por conta disso, estamos entendidas? – Simone disse deixando a mulher sem palavras.

- É, eu posso fingir que não estou vendo – Dona Ana falou segurando sua sacola que pareciam ter algumas frutas.

- Ótimo, boa tarde pra senhora, um feliz natal e um ano novo melhor ainda - Simone disse indo até a mulher, deu um beijo em casa bochecha da idosa que fez o mesmo – Agora vamos meninos – Minha sogra falou abrindo a porta do elevador, nós passamos e depois ela entrou.

- Arrasou mãe – Filipe disse sorrindo.

- Dos meus filhos só eu falo, essas detentoras da moral e dos bons costumes na maioria das vezes tiveram uma juventude daquelas – A mulher disse com sarcasmo.

Levamos Simone até a saída do prédio onde seu carro estava parado, logo ela entrou, acenou para nós e foi embora. Voltei pra cima com Filipe, claro que estávamos felizes, Simone havia "derrotado" Dona Ana, agora não aguentaríamos mais seus insultos. Mas assim que entrei no apartamento do moreno percebi que ele estava estranho.

*

- Nossa, sua mãe é – Falei sem saber o que dizer.

- Ela é demais né, ninguém é igual a ela – Filipe disse sorrindo e vindo me abraçar.

Suas mãos circularam meu corpo e ele começou a chorar, soluçava em meio as lágrimas, eu nem sabia o que dizer, imagino que deve ter sido difícil pra ele enfrentar a mãe, uma pessoa que ele amava tanto, mas que não aceitava o fato dele ser gay, porém o amava muito. Eu não sabia se teria toda a coragem e disposição que ele teve.

Sempre pensei que Dona Catarina fosse difícil, mas eu não conseguiria lidar com uma mãe do jeito que Simone era, seu olhar duro e rígido era assustador, ela mais parecia uma delegada, mas quando falava do filho se tornava doce e amável, suas ideias eram fechadas e conservadoras, mas como expor o ponto de vista pra sua mãe sem brigar? Nunca havia visto um assunto tão serio ser conversado tão bem como eles fizeram.

- Acha que eu a desrespeitei? – Ele perguntou enquanto sentávamos no sofá.

- Não, não mesmo, foi muito educado, eu teria perdido a linha – Falei e ele sorriu.

- Minha mãe detesta desrespeito e falta de educação – Filipe disse secando os olhos.

- Ela não parece ser do tipo que ouve e fica quieta, se ela não tivesse gostado acho que falaria – Falei com sinceridade.

- Isso é verdade, com certeza ela teria falado mais alto e eu ia ficar calado num minuto – Ele disse parecendo lembrar do jeito da mãe.

- Filipe – Segure em suas mãos e ele me olhou – Porque nunca me contou que sua mãe era assim?

- Por quê? Ninguém quer passar por isso né Edu, poxa, meu pai é o máximo, super tranquilo, mente aberta, parceiro, liberal. Amo minha mãe, mas ela é muito conservadora, tem pensamentos antigos, fala as coisas sem muita delicadeza sabe? Não queria que você ficasse se preocupando com isso – Ele disse me olhando

- Entendo, mas saiba que eu estou com você, pode me falar o que quiser, não quero que você fique mal por essas coisas sabe? – Pedi.

- Tudo bem, é que eu sou assim, guardo as coisas pra mim pra não fazer as outras pessoas sofrerem – Filipe falou sorrindo.

- Então pode parar de ser assim, estou aqui com você – Falei e o beijei.

*

Os dias passaram rápido. No natal estava à maior loucura lá em casa, meus avós chegaram na hora do almoço, a casa estava movimentada. Allan, Vó Rosa, Filipe e minha mãe não saíam da cozinha.

Meu pai iria trabalhar até as seis da tarde, eu estava sozinho, ficava ajudando eles com algumas coisas, mas com a quantidade de gente que tinha eu imaginava que não ia demorar muito pra tudo estar pronto e acertei, ás quatro da tarde não tinha mais nada pra fazer, apenas as aves que assavam no forno, algumas estavam no forno da nossa casa e outras na casa do meu namorado.

- Está cansado? – Perguntei quando lhe vi entrar no meu quarto e se jogar na cama.

- Nossa – Ele disse.

- Então deixa eu cuidar de você – Falei desligando a tela do computador.

Estava fazendo quase 35°C naquele dia, então fechei a porta, a janela, liguei o ar condicionado e deitei do lado do garoto mais lindo que eu já tinha visto, ficamos nos olhando e depois começamos a nos beijar.

- Quase um ano né? – Ele falou.

- Sim, foi tão bom – Eu disse e nos beijamos.

- Te amo Edu – Filipe falou e senti meu coração ferver.

- Eu também te amo Filipe – Respondi sorrindo.

Voltamos nos beijar e acabamos dormindo, acordamos eram quase oito da noite, Filipe foi se arrumar, tomar banho, ajeitar o cabelo e tudo mais. Eu também fui me ajeitar, depois levei as coisas dos meus avós para onde eles fiariam.

Minha avó ia dormir com minha mãe no quarto dela, Vô Luiz dormiria na minha cama e meu pai na de baixo, eu e Filipe íamos dormir no que eu e meus pais chamávamos de "quartinho da bagunça", era um quarto que tinha de frente para o meu, mas não usávamos, deixávamos pra guardar coisas antigas, papéis, móveis, peças do carro, de tudo um pouco, deixávamos tinha um colchão de casal guardado lá e era onde eu e Filipe iríamos passar a noite.

- Calma filho, está ansioso? – Minha mãe perguntou sorrindo.

Ela estava bonita, com uma bermuda jeans, camisa branca com alguns detalhes, sapato de salto não muito alto e um coque bonito. Sua maquiagem era sempre leve, geralmente as bochechas estavam rosadas e ela gosta de batons do mesmo tom.

- Ah mãe, não sei, Filipe sempre escolhe alguma roupa pra mim, eu não sei se ele vai gostar – Falei.

Depois de muito escolher decidi vestir uma camisa rosa claro de mangas longas e gola redonda com alguns botões, calça jeans clara e um tênis que eu não usava há algum tempo, deixei o cabelo um pouco jogado para o lado, passei perfume e fiquei esperando ele subir.

- Oi gente – Allan falou entrando e meu coração quase saltou pela boca.

- Cadê o Filipe? – Indaguei sem rodeios.

- Não falei que ia ser a primeira coisa que ele ia perguntar Rodrigo? – Meu sogro falou enquanto colocava o pernil sobre a bancada da cozinha – Está terminando de se arrumar, na verdade ele está super nervoso.

- Por quê? – Perguntei.

- Pelo mesmo motivo que você está nervoso né – Minha mãe falou e sorriu.

Fiquei ajudando eles com algumas coisas e depois todos foram pra sala, levantei pra pegar refrigerante pra mim e para Rodrigo, coloquei no copo e fechei a geladeira, quando olhei para porta ele estava parado. Sua camisa também era de mangas longas, cinza com listras finas brancas, sua calça era um pouco mais escura que a minha e o tênis era claro.

- Oi – Falei sorrindo e um pouco tímido.

- Me disseram que tinha um menino lindo aqui, vim conferir – Ele falou tímido.

- Olha – Falei e andei até ele, passei pela porta da sala e cheguei na da entrada – Meu namorado mora aqui perto, se ele ver nós dois não vai gostar disso.

- Melhor a gente se beijar, se ele nos ver já teremos beijado, o que acha? – Ele respondeu mordendo o lábio inferior.

Segurei na cintura dele e o beijei com força, nossos lábios se tocavam e as línguas se encontraram, meu corpo estava cada vez mais aquecido, passei o braço por trás da cintura dele e a outra mão levei até o rosto dele, continuamos nos beijando.

- Lindo – Ele falou sorrindo.

- Você – Disse e entramos para o apartamento.

A noite foi muito legal, Allan colocou alguns DVDs bem animados e ficamos cantando enquanto comíamos os petiscos que ele havia feito. Meus avós estavam nas poltronas, rindo bastante, Rodrigo não saía de perto de mim e de Filipe.

Quando deu meia noite todos nos abraçamos e desejamos Feliz Natal, foi bem legal, foi bem divertido, as comidas estavam maravilhosas, eu não sabia nem o que comer, tinha arroz, frango, peru, pernil, salada, macarrão, eu estava adorando aquilo tudo, sem falar no maravilhoso pavê que Filipe tinha feito.

- Está melhor que o meu. Usou pó mágico? – Vó Rosa perguntou pra Filipe enquanto comia o doce.

- Só um pouquinho – Ele respondeu e nós rimos.

- Sabia! Eu sabia! – Minha avó falou sorrindo e nós rimos.

- Está muito bom mesmo, me ensina a fazer doces assim Lipe – Minha mãe pediu.

- Ensina mesmo! – Meu pai também pediu.

- Por quê? – Dona Catarina perguntou ao marido.

- Nada querida, é que ele faz uns doces bons e aí os seus vão ficar ainda melhores – Meu pai disse se esquivando da situação.

- Ah tá! – Ela disse não satisfeita.

- Ensino pra todo mundo, gostou Rodrigo? – Filipe indagou ao irmão que estava na varanda.

- Terceiro vez! – Ele disse levando uma colher do doce á boca e nós rimos.

Continuamos conversando, meus avós foram os primeiros a dormir, depois minha mãe foi deitar, Rodrigo e Filipe ficaram conversando comigo, meu pai e Allan estavam bebendo muito, meu medo era que eles passassem mal, Rodrigo disse que quando o pai bebia muito a coisa ficava bem feia depois.

Passada algumas horas Rodrigo desceu pra ir dormir, ajudei meu pai a ir pra casa cama e Filipe levou o dele pra casa, depois de alguns minutos ele voltou, estava de roupa trocada e com um arco no cabelo.

- Demorou – Falei lhe dando um beijo.

- Rodrigo. Falei que ia vir pra cá e ele começou a conversar, esperei ele terminar de falar e vim – Filipe disse depois de me beijar.

- Vem vamos deitar.

Abri a porta do pequeno quarto, eu já havia forrado tudo, também deixei as duas pequenas janelas abertas o dia todo pra que o ambiente respirasse, havia um antigo ventilador de teto que fazia um pouco de barulho, mas nunca havia caído.

- Morrer não vamos – Filipe disse sorrindo.

- Assim eu espero – Falei olhando o objeto balançando um pouco no teto.

- Calma, se cair o máximo que pode acontecer é a gente pegar tétano – O moreno falou rindo – Esse quarto está me lembrando o hotel.

- É verdade, mas sem todo aquele luxo né? – Respondi.

- Sabe que nem reparei – Ele disse e eu o beijei.

Filipe estava do meu lado, curiosamente me deixou ficar no lado que era o da parede, ele sempre ficava com essa posição, mas naquele dia disse que eu podia ficar, talvez fosse obra da magia de natal. Começamos o beijo, fiquei em cima dele, no início foi intenso, mas depois foi ficando mais calmo, cada vez mais.

- Edu, nós estamos com sono, o dia foi longo, são quase cinco da manhã, acho que precisamos dormir, não temos força pra beijar, por mais que a gente queira, né? – Ele perguntou.

- Sim, estou tentando, mas se eu fechar os olhos mais uma vez pra te beijar não acordo mais – Falei e ele riu.

- Vamos dormir – Ele disse me olhando.

- Filipe –Falei sorrindo.

- Oi amor – Ele respondeu com um enorme sorriso.

- Feliz natal – Falei rindo baixinho.

- Feliz natal meu lindo.

Demos um beijo e foi como eu falei, começamos a nos beijar, nos abraçamos e dormimos, geralmente a gente sempre se via no natal, quando dava meia noite eu ia na casa dele, meus pais também desciam, quando eu estava na casa dos meus avós trocávamos mensagens, mas aquele ano eu passei o natal agarradinho com ele, com o meu namorado.

*

No dia seguinte acordamos quase meio dia e como na maioria das casas o almoço foi sobra da ceia de natal, Filipe estava com aquela cara de sono e mal comia. Allan conseguia animar todo mundo, suas histórias eram as melhores, Rodrigo nem ficava perto parecia já ter ouvido várias vezes.

Naquele mesmo dia meus avós foram embora, Rodrigo passou o dia dormindo e Filipe teve que ir na escola de Arte buscar as últimas coisas, pois o local fecharia para o recesso e só voltaria na segunda semana de Janeiro. Aproveitei o tempo livro e liguei pra Gabriela, a menina tinha feito aniversário há dez dias, claro que eu mandei mensagem na data, mas sentia falta de conversar com ela.

A menina me contou que os pais não fizeram a tal festa de aniversário pra ela porque estavam viajando e no final do ano tinham muitos eventos pra comparecerem, Gabi ficou tão chateada que nem quis ir nessas festas, a garota me falou que provavelmente ia fazer uma pequena festinha no mês seguinte e queria minha presença e a de Filipe.

Contei a ela as últimas novidades, falei sobre Rodrigo, sobre o time, conversamos por quase uma hora, ela sabia conversar sobre qualquer assunto, uma menina muito inteligente, depois nos despedimos e recebi uma ligação, achei estranho aquela pessoa estar me ligando, mas atendi.

- Alô, Mestre Pedro? – Indaguei com curiosidade.

- Fala meu campeão! Feliz natal, tudo de bom pra você e pra essa família linda, mande lembranças ao seu namorado rapaz, aliás, ele é responsável por parte do seu sucesso né? – O homem falou alegre.

- Ah, obrigado, tudo de bom pra vocês também, feliz natal pra você e para as crianças, obrigado pela força mestre, isso é importante demais pra mim – Respondi com felicidade.

- Mas não liguei apenas pra isso, vim te dar seu presente de natal – Mestre Pedro falou e eu tinha certeza que ele estava sorrindo.

- O que foi? Vou pro profissional do time? – Perguntei rindo.

- Que nada, isso seria bom, mas isso já era mais que certo – Ele falou e me surpreendi – Dois times tem muito interesse em você, querem fechar contrato pra você ser reserva, um deles está elaborando a proposta – Disse com muita empolgação.

- Está falando que um time quer me contratar? – Indaguei sentindo uma alegria sem igual.

- Sim Edu, olha, eles vão te contratar como reserva pro time titular, dois times grandes do Rio de Janeiro, só precisamos esperar pra saber se sua roupa vai ser rubro-negra ou alvinegra, mas já imaginou você estrear num desses timões? – Mestre Pedro falou – Edu está aí?

- Estou, desculpa, é que é difícil acreditar, estou muito feliz, muito mesmo, só de imaginar um contrato, a oportunidade, seria muito bom! Muito mesmo!! Obrigado mestre! Devo tudo isso a você, faz anos que treinamos juntos e isso é fruto do seu trabalho! – Falei com sinceridade.

- Obrigado Edu, mas eu só cuidei da parte técnica, seus pais fizeram muito mais e você fez muito mais por você, parabéns garoto, tem outros meninos que também devem ir pra times grandes, vocês são motivo de orgulho pra gente, curte seu natal aí rapaz e um feliz ano novo! – Ele falou.

- Obrigado mestre, obrigado mesmo! – Falei sorrindo – Feliz natal, feliz ano novo, feliz tudo – Disse rindo e desliguei.

Eu nem sabia o que sentir, estava muito feliz, tinha acabado de receber a notícia que podia mudar minha vida, imagine só, entrar num time grande, recebendo bem, ter meu trabalho sendo notado, eu daria o máximo de mim.

Sei que nesses momentos deveríamos pensar em nossos pais que sempre acreditaram na gente, incentivaram, mas eu só conseguia pensar em Filipe, contar pra ele e lhe dar um beijo bem demorado para comemorar, o moreno me acompanhava desde que eu estava no começo, sabia do meu crescimento no meu time e agora era meu namorado.

Ainda bem que eu já estava sem camisa, pois meu corpo estava quente, que alegria. Meus pais provavelmente dariam uma festa pra comemorar aquilo. Minha cabeça sempre voltava pra Filipe, como seria nós dois juntos? A distância não era problema, apenas alguns minutos iriam nos separar, talvez uma hora, mas a saudade que seria o maior problema.

A rotina de treino devia ser intensa e Filipe estaria na estudando ou dançando, ele não podia parar, sua dança era muito boa para que ele parasse depois de tanto tempo, mas eu estava tranquilo, o amava muito e como ele dizia: nós éramos os únicos capazes de nos separar.

Minha mãe passou pelo corredor, fui até ela e lhe de um abraço forte, ela fez o mesmo e sorriu. Decido não falar nada, iria esperar a hora certa, guardaria aquela novidade comigo por alguns dias. Logo me ocupei com outras coisas, o ano novo estava perto e tínhamos algumas coisas pra fazer.

Seria uma festa e tanto! Não pela decoração ou pela quantidade de coisas, mas pelas pessoas que estariam. A festa ia ser no apartamento de Allan, eu iria com meus pais e meus avós, Luciana e Ramon viajariam para Florianópolis, então Caio ficaria conosco, a mãe de Vagner decidiu ir para o Mato Grosso ficar com a família, então ele ficaria com o namorado, Ritinha e Paula ficariam em casa, mas com muita insistência Rodrigo convenceu a menina a ficar conosco. Seria o melhor Ano Novo de todos!

Filipe fez uma lista com todas as coisas que ele queria fazer, minha mãe ia ficar com os doces, mas ele não deixou, agradeci por isso, Dona Catarina faria sua deliciosa salada de macarrão e levaria mais algumas outras coisas, Eu, Ritinha, Caio, Rodrigo e Vagner ficaríamos com as bebidas, mas não as cervejas, pois Allan e meu pai bebiam demais, então eles comprariam. Minha avó ia ajudar na cozinha, Paula como boa nutricionista levaria as frutas, Allan prepararia as comidas e Filipe os doces.

- Nossa quanta coisa boa nessa lista – Falei rindo – Amei os doces.

- Tira o olho Edu – Filipe disse e me beijou – Vamos logo, não quero pegar fila no mercado.

- Terça-feira, dia vinte e sete, sete e meia da manhã, que mercado vai estar cheio? – Indaguei após olhar a hora no celular.

- Não subestime o poder de compra das donas de casa que querem adiantar seus almoços – Ele disse com aquela calça jeans que modelava seu corpo.

Filipe me acordou cedo naquele dia, queria comprar logo todas as coisas, iria adiantar a maioria das coisas na noite do dia trinta pra não precisar fazer nada no dia seguinte, nos arrumamos e saímos só não esperávamos encontrar com Iasmin na saída do prédio.

- Oi – Ela disse sorrindo com Ian no colo.

___________

Originalmente esse capítulo seria inteiro, mas alguns leitores falaram que ficou muito cansativo e que até pularam algumas partes, o que me deixou triste, não por terem pulado, mas por terem perdido parte da obra por inconsequência minha, mas enfim. Concertei!

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