Capítulo 37

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O mês passou rápido e ao mesmo tempo se arrastando, era horrível não ter nada para fazer ou fazer pensando em Filipe, não íamos mais pra escola juntos, na sala um sentava longe do outro e não trocávamos nenhuma palavra.

Duas semanas haviam corrido e nada, eu nem sabia o que sentir, só sabia que a cada dia a falta da presença de Filipe abria um buraco no meu coração, eu realmente queria algo novo, mas não queria ter o novo e perder meu amor, eu amava meu namorado e lhe perder não era uma opção.

Caio quase não falava mais comigo, nossas maiores conversas eram na sala, ele havia ficado bem chateado, pois eu tinha estragado tudo o que fizemos juntos para trazer Filipe e quando eu o tive em meus braços lhe joguei longe.

Ritinha era quem mais ficava comigo, me fazia rir e me chamava dos piores nomes, mas eu sabia o que era tudo para que eu desse algumas risadas, aquilo era bom, me distraia, ás vezes eu ligava para a menina apenas pra ficar um pouco menos triste.

Quando eu não estava treinando ou malhando no clube estava dentro do meu quarto, só saía para fazer as refeições, isso porque minha mãe exigia minha presença na mesa, eu adorava ficar lembrando dele, do seu cabelo e de seus olhos.

Achei o ingresso do jogo da seleção brasileira e meu rosto se iluminou, lembrei o quão bom foi aquele dia, logo corri para o computador e abri a pasta com as fotos dele, era tão bonito e sensível, conter as lágrimas era impossível, dava um aperto no peito que eu não sabia nem explicar.

E assim foi durante toda primeira semana, até que minha mãe entrou no quarto e falou que repetir de ano não iria me trazer Filipe, eu sabia que aquilo não ia acontecer, pois minhas notas estavam boas, mas ela não queria que eu fosse mal nas provas.

*

Estudar era minha rotina, eu fazia aquilo com vontade, estudava alguma coisa que eu tinha dificuldade e depois pegava uma matéria que eu gostava, assim conseguia estudar por mais tempo e sem ficar cansado, Filipe que havia me dado essa dica.

Saudades dele.

E aconteceu que no dia da prova eu estava rindo, aquela semana inteira seria daquela forma, faríamos prova e iríamos embora, pois não havia mais matéria para ser aplicada, na maioria dos dias teríamos duas provas e em alguns teríamos três.

A cada dia eu tinha menos coisa para estudar e podia focar mais em certas matérias, eu estava me entregando e minha mãe estava percebendo, vi que aquilo acalmou um pouco o coração dela, Dona Catarina sabia que estudar me afastou um pouco dos meus problemas, ou você sofre por amor ou sofre tentando resolver alguma questão de trigonometria.

Logo passaram as provas, faltando cinco dias para chegarmos no último mês do ano as aulas terminaram. Era sempre uma festa, os alunos riam e brincavam, escrevíamos nas camisas, nos reuníamos nos pátios da escola, jogávamos bola, era um dia de diversão e comemoração, as salas de aula do ensino médio não estavam muito diferentes das salas da educação infantil.

- Oi – Falei parando na frente dele quando eu entrava no banheiro.

- Oi – Ele respondeu sem ânimo.

- Então vai fazer o que? A galera queria tomar sorvete, quer ir? – Indaguei.

- Legal você me convidar – Estranhamente ele sorriu sem abrir a boca – Edu só me chama pra alguma coisa quando tiver certeza.

- Porque não está falando comigo? – Perguntei.

- Porque não está falando comigo? – Ele retrucou e fiquei calado – Obrigado pelo convite, mas eu vou aproveitar pra chegar cedo na escola de dança pra ensaiar.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora