Capítulo 34

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- Calma, você está uma pilha, fica tranquilo – Eu falei enquanto Filipe olhava para os lados, estávamos sentados em um dos bancos de madeira que ficavam no pátio da escola.

- Estou mesmo Edu, esse projeto é muito importante, conta nota para todas as matérias, dei o couro, estudei muito pra hoje, aí chega no meio do dia eu apago? Sacanagem – Ele dizia enquanto bebia água.

- Fica tranquilo, ontem saímos daqui era quase de noite, nenhuma explicação estava tão boa quanto a sua, você tem quase quatro minutos de fala e sabe responder qualquer pergunta, não passou nenhum avaliador no tempo que você apagou – Eu disse tentando tranquilizá-lo.

*

Filipe era muito perfeccionista quando o assunto era escola, o projeto científico era a única coisa que estava em sua cabeça nos últimos dias. Depois daquela transa maravilhosa que eu não conseguia esquecer passamos a semana inteira programando as coisas para a Semana de Apresentação Científica.

O projeto acontecia na quinta-feira e na sexta, seriamos avaliados por vários professores e tudo contava e descontava ponto, organização, limpeza, clareza na explicação, conteúdo, recurso visual, oratória, comportamento, uniforme e outras coisas mais, cada critério seria analisado para que no fim da sexta-feira os cinco melhores fossem anunciados.

No ano anterior ficamos em quinto-lugar falando sobre gordura, não ficamos triste, pois concorremos com outros noventa projetos, esse ano eram cem projetos e Filipe queria estar entre os três primeiros colocados. Durante a quinta-feira ele se esforçou ao máximo, deu o melhor de si e nós também, explicando cada coisinha e respondendo cada pergunta.

Mas ninguém é de ferro, no dia seguinte estava muito calor e Filipe simplesmente apagou, ele disse que estava cansado e que não estava se sentindo muito bem, mas não queria sair, eu e Caio havíamos ido na cantina, quando voltamos ele estava caído no canto do stand.

Logo pedi ajuda para Cláudia, Filipe estava muito mole e mal ouvia o que eu dizia, mas consegui por ele de pé e guiá-lo até o pátio, comprei uma garrafa de água pra ele, que parecia estar melhorando, o moreno sempre teve essa mania de fazer tudo até seu limite físico e depois ficava esgotado.

*

- Fica calmo, nenhum professor tira ponto do aluno por desmaiar, ainda mais naquele forno que é a quadra dos fundos, vai ficar tudo bem – Falei lhe abraçando e olhando para os lados.

Sei que eu não deveria, mas foi mais forte que eu, quando vi minha boca e a de Filipe já estavam grudadas. Cada vez que eu o beijava entedia porque gostava tanto de fazer aquilo, nosso beijo durou alguns segundos, ainda bem, pois Ritinha estava vindo em nossa direção.

- Então, é menina ou menino? – Ritinha perguntou sorrindo.

- Ritinha! – Eu e ele falamos juntos.

- Esse é o nome da minha afilhada, ai que ótimo, é um nome lindo, da onde tiraram a ideia? – Ela indagou pondo a mão na barriga de Filipe.

- Talvez não seja eu que esteja carregando esse bebê – O moreno falou gargalhando e Ritinha me olhou com olhos arregalados.

- Versatilidade é o que há para esse século né? – Ela indagou e eu tive vontade de enfiar meu rosto no chão.

- Não é nada disso – Falei meio embolado – Pelo visto você já ta bem – Falei olhando para Filipe – Vem, vamos voltar pra lá, precisamos estar no stand .

*

Eu nem queria voltar pra lá, mas não estava afim continuar com aquele assunto. Uma das coisas que mais me assustava era a hipótese de deixar Filipe me penetrar, ele era grande, eu também era, mas seu potencial era maior que o meu e olha que eu não tinha pouco potencial.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora