Capítulo 15

6.3K 594 901
                                    

Filipe não dizia nada, seus olhos estavam começando a se encherem de lágrimas e ele tentava conter o sorriso, mas era impossível, busquei uma forma de manter meu tronco ereto e consegui, segurávamos nossas mãos com força e trocávamos olhares intensos, as lágrimas caíram pelos cantos dos olhos dele e eu as secava.

- Você está bem? – Ele perguntou de uma forma amável.

- Agora estou – Falei sorrindo.

Ergui minha cabeça e vi que nossos pais estavam no quarto, pra minha surpresa Seu Carlos também parecia ter derramado algumas lágrimas. Imagino que ele devia estar feliz, pois eu vinha piorando cada vez mais e agora estava sorrindo.

Logo um silêncio se instalou no ambiente, Allan e meu pai se olhavam e Filipe estava sério, eu não sabia o que estava acontecendo, aliás, se ouvi bem eu havia dormido vinte quatro horas e muita coisa precisava ser explicada, tudo tinha que ser esclarecido.

- O que foi? – Indaguei a Filipe e ele respirou fundo.

- Estou feliz em te ver, mas precisamos conversar, eu você e sua mãe – Ele disse ficando em pé, pude sentir seu desconforto com a situação.

- Claro. Allan, pai, vocês poderiam nos dar licença – Eles trocaram olhares – Vai ficar tudo bem, se precisarmos de vocês prometo que chamarei, quando a gente acabar de conversar vocês saberão de tudo – Falei isso e eles saíram do quarto.

*

Filipe puxou a cadeira do computador e deixou ao lado de minha mãe, que ficou um pouco surpresa com o gesto, ela o agradeceu e sentou, bati duas vezes na cama enquanto o olhava, um sinal para que sentasse ao meu lado, mas ele preferiu ficar no chão.

Filipe era de uma educação sem igual, não sentaria ao meu lado, pois sabia o quanto aquilo poderia incomodar minha mãe e mesmo que quisesse fazer ele não faria por estar na casa dela, que garoto!

- Então, quem começa? Porque eu não posso falar nada, não sei de nada – Falei um pouco chateado, a pergunta era direcionada á minha mãe.

Vi sua boca abrir e fechar algumas vezes, mas não sabia se ela falaria, minha mãe não dizia nada, só olhava para baixo, parecia envergonhada.

- E-eu – Ela suspirou – Eu não consigo.

Ela falou e antes que eu pudesse tomar qualquer decisão Filipe interveio. Que bom! Dei início a conversa, mas não seria capaz de levá-la, eu não tinha muita atitude dentro da relação, isso ficava com Filipe, mas achava legal que em nossos momentos de intimidade ele me deixava comandar.

- Eu consigo, falo tudo com detalhes – Filipe falou dobrando as pernas e cruzando os braços – Naquela noite de domingo você me mandou uma mensagem me dizendo que sua mãe não havia reagido muito bem, certo?

- Sim, foi a última vez que trocamos mensagens – Falei – Depois disso fui dormir.

- Eu não. Fiquei pensando sobre isso, mas depois de muito tempo consegui dormir – Ele bufou. Filipe odiava não conseguir dormir – No dia seguinte às sete da manhã Tia Catarina apareceu na minha casa com o jornal nas mãos – Ele a chamava assim desde pequeno.

- Por isso que você não me deixou buscar o jornal não é? – Falei de forma áspera e ela concordou num gesto com a cabeça, estava com a mão sobre a boca e parecia chorar. Voltei a olhar para Filipe, que logo continuou.

- Ela disse que queria conversar comigo, um assunto demorado, pediu para que eu faltasse a escola, que era tudo para o seu bem – Filipe balançava a cabeça na negativa – Eu disse que tudo bem.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora