Capítulo 12

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Havia passado poucos dias desde o fim de semana na praia e faltavam menos de três semanas para o dia dos namorados, eu sei o quanto Filipe ficaria arrasado se passasse a data "sozinho", ele já havia passado muitos daquela forma, porém agora era diferente, ele namorava e ao mesmo tempo não tinha um namorado.

Nossos sentimentos eram nítidos, nos gostávamos demais, ele se continha muito para não me apressar, mas eu sabia o quanto aquela situação o incomodava e não posso negar que também ficava desconfortável, não éramos solteiros, mas também não namorávamos.

Caio estava me ajudando muito, dizia que entendia a situação dos dois e  que achava legal nós não discutirmos por isso, um claro sinal de respeito e compreensão de ambas as partes.

Era quarta-feira e decidi que precisava contar logo para os meus pais, queria tirar aquela coberta de mim e correr livremente para os braços de Filipe, dizer que eu era seu e que ele era meu, segurar na mão dele, olhar em seus olhos e chamá-lo de namorado.

Então decidi! Precisava contar logo. Meu pai seria o primeiro, não contaria para os dois juntos porque minha mãe era histérica e um pouco escandalosa quando ficava nervosa, toda sua classe e finesse iam para o ralo, mesmo tendo medo da reação de Seu Carlos sabia que ele seria mais brando em suas emoções.

*

Comecei pensar como eu faria aquilo, ao certo não sabia, mas tentaria achar uma forma. Se eu gostava de Filipe verdadeiramente precisava fazer aquilo por nós, ele era a coisa mais importante pra mim e nosso namoro era minha prioridade.

Naquele dia meu pai estaria em casa, ele havia chego pela manhã enquanto eu saía pra escola, passei o dia todo pensando como faria, mas para minha infelicidade meu pai saiu pra resolver umas coisas no banco, então nem tivemos chance de conversar, mas a noite ele não me escapou.

Estávamos sentados à mesa, minha mãe ao lado do meu pai e eu de frente pra ele, sabia que não podia contar naquele momento, pois ele morreria engasgado com a espinha do peixe e minha mãe ficaria tão louca que nem iria notar o marido morrendo.

Eu precisava ser sutil e fazer as coisas por etapas, ninguém chega e põe uma casa num terreno, primeiro tem que limpar o local, fazer a fundação, preparar o concreto, por os tijolos e assim ir construindo o lugar que se deseja morar.

- Preciso contar uma coisa pra vocês – Falei limpando o canto da boca.

- Sou muito nova pra ser avó! – Minha mãe alertou colocando as mãos na mesa.

- Fala meu filho – Meu pai ria do jeito de sua esposa.

- Então, estou praticamente namorando, ficando sério com alguém já faz um tempo – Falei olhando para os detalhes da toalha de mesa.

- Até que enfim contou – Minha mãe falou juntando as sobrancelhas.

- Que bom filho, e você está feliz? – Meu pai falou pondo um pouco de suco em seu copo.

- Como nunca estive na minha vida pai, sério – Falei rápido e sorrindo.

- Eu conheço esse sorriso – Dona Catarina falou e logo fechei a cara.

- É, não posso discordar, você está apaixonado filho – Meu pai falou fazendo uma cara engraçada.

- Isso é ruim? – Perguntei assustado.

- Não – Minha mãe se apressou para responder.

- Depende – Meu pai disse olhando para mim, mas com os olhos em minha ri.

- Carlos! – Ela disse batendo em seu ombro.

Eu e meu pai ficamos rindo, depois voltamos a jantar tranquilamente, fui para o quarto e fiquei pensando uma forma de dar um susto em Filipe, queria contar para ele a novidade, mas queria que ele entendesse de forma errada.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora