Capítulo 36

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Filipe me ignorou durante toda a primeira semana do mês de Novembro. Começou na escola, achei que ele sentaria longe, mas para meu engano o moreno continuou no lugar de sempre, só não achei que ele me ignoraria, tentei falar oi, perguntar como ele estava, se ele queria ajuda, mas eu nunca tinha resposta.

Na hora de ir embora ele saiu andando na frente como se nem me conhecesse, fiquei tentando andar ao lado dele durante todo o percurso, suas pernas eram longas e ele sempre foi de andar muito rápido, chegamos ao prédio em silêncio e subimos em silêncio, chegamos no terceiro andar e ele ia sair, segurei seu braço.

- Me desculpa ta? – Pedi olhando em seus olhos e ele balançou a cabeça positivamente – Eu te amo – Falei sentindo meus olhos arderem e ele repetiu o gesto com a cabeça – Você me ama? – Indaguei com medo do gesto que ele poderia fazer com a cabeça.

- Sim, eu amo – Ele disse e saiu do elevador.

Pelo menos ele me amava. Estava magoado comigo, mas me amava. Naquele dia eu não queria ir pro treino, não estar bem com Filipe roubava todos os meus pensamentos, aquela situação toda me deixava triste e eu imaginava o quanto ele também deveria estar.

Mas pensei que ele gostaria de saber que eu estava treinando, o moreno detestava que eu faltasse, então fui por ele, pelo nosso futuro junto e por mim, mas não adiantou nada, eu só conseguia ficar pensando nele, o que resultou numa bolada em meu rosto.

Os outros dias eram do mesmo jeito, eu tentava falar com Filipe e ele me ignorava, não respondia minhas mensagens de texto, recusava minhas ligações, não respondia meus comentários em suas redes sociais. Eu entendia toda a situação, mas precisava lhe mostrar que havia me arrependido.

Nossas idas e voltas para casa eram sempre tediosas, eu não dizia nada e ele também não. Acho que ele me ignorava para que eu sentisse falta dele e percebesse o quanto era ruim não poder ter nossas conversas, eu amava quando alguém falava algo com ele e eu podia ouvi-lo responder.

*

Depois de muito insistir consegui conversar com ele, passei aquela semana inteira levando gelo até que ele me disse que nós poderíamos conversar na sexta-feira, quase soltei fogos quando ele me disse, não poderia ser melhor!

- Oi – Falei entrando em seu quarto.

- Oi – Ele disse de forma agradável.

- Então, o que tem pra me falar? – Indaguei.

- Eu pensei sobre nós sabe Eduardo, não sobre o que você fez, tenho certeza que foi por causa da bebida, aí que está o meu ponto, a bebida. Eu sei que você não bebe sempre, mas você disse que gostou de estar daquela forma, certo? – Perguntou.

- Certo – Sorri – Ah, que bom que você acredita que não fiz de propósito.

Ele sorriu rapidamente e voltou a falar.

- Eu não quero ficar com alguém que está sempre bêbado, ainda mais você, que é um atleta, já pensou nos problemas que isso pode te causar? Eu te amo demais Eduardo – Ele parou de falar – Mais do que sei dizer, serio! Amo muito mesmo, mas como é que a gente vai ficar se for assim?

- Você pode me dar uma chance? Te mostro que não vai ser assim, olha, a bebida me fez sair de mim, eu relaxei de uma forma única, nunca senti aquilo antes, foi bom demais, a boate e o ambiente ajudaram a melhorar – Falei pensado nas coisas – Mas não sei, quero um rumo pra minha vida, porque naquela boate me senti a pessoa mais completa do mundo.

- Eu não consigo te completar, é isso? – Ele indagou curioso.

- Não, você completa perfeitamente a parte romântica e sexual, Caio e Ritinha a parte da amizade, o futebol as realizações, mas falta algo sabe? Uma coisa que supere isso – Bufei – E infelizmente quando bebi me senti assim, incrível e completo.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora