Capítulo 26

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O clima era estranho e tenso, não sei por que meus olhos começaram a se encherem de lágrimas, eu queria chorar, mas não podia, não sei a razão, mas eu sentia que não deveria chorar.

- Está tudo bem tio – Filipe disse para o meu pai que pareceu um pouco aliviado, mas ainda mais confuso.

- Tem certeza? Não vão precisar de mim? – Ele perguntou olhando para mim e para Filipe, nós dois negamos num gesto com a cabeça – Tudo bem então, durmam bem, se cuidem – Meu pai falou e fechei a porta.

*

Eu não sabia o que pensar, o que entender, só sabia que Filipe havia me recusado e aquilo estava me destruindo. Eu adoraria acordar recebendo o carinho dele, sentindo suas mãos e achei que fazer aquilo o deixaria feliz, não que eu seria empurrado e que ouviria seus gritos.

O clima estava muito estranho, meu peito subia e descia, ele me olhava atentamente, eu queria chorar pelos meus sentimentos feridos, mas não queria me mostrar fraco. Caminhei até a cama, puxei o cobertor e peguei o travesseiro, saí do quarto e bati a porta lhe deixando sozinho.

Fui pra sala e deitei no sofá, entendia o fato dele ficar envergonhado na minha casa, mas não precisava gritar. Era horrível se sentir rejeitado, eu tinha feito de tudo para agradá-lo. Porque aquilo? Só porque eu tive que ir na minha avó? Que isso? Vingança? Eu nem sabia o que pensar.

Ajeitei o travesseiro, me cobri e fiquei virando de um lado para o outro sem ter muita posição para dormir, mas depois de algum tempo consegui me ajeitar, pois as trocas de lado ficaram menos frequentes, já tinham se passado uns vinte minutos desde que saí do quarto quando virei pro lado e vi Filipe agachado me olhando.

Inicialmente levei um susto e depois fiquei fitando seus lindos olhos, que estavam muito inchados, senti suas mãos tocarem meu rosto e afagarem meu cabelo, seus dedos brincavam com alguns fios, fiquei feliz em lhe ver sorrir.

- M-me desc – Ele tomou fôlego – Me desculpa – Disse com voz chorosa.

- Não precisa – Eu falei contendo as lágrimas – O que eu fiz? Achei que você gostava dos meus toques, das minhas mãos.

- Eu gosto – Ele falou de olhos fechados, parecia fugir de algo – Não tem nada a ver com você – Ficou em pé – Vem – Ele esticou a mão para mim.

Eu queria fazer mil perguntas, mas bufei e peguei as roupas de cama, logo seguimos para o quarto, depois que entrei ele fechou a porta e me deu um beijo e senti o gosto de suas lágrimas.

- Eu preciso entender o que houve – Falei baixinho.

- Sei disso, mas eu não quero falar disso agora – Ele disse mexendo a boca insistentemente – Será que a gente podia dormir e amanhã eu te conto tudo? Agora eu não estou bem o suficiente para falar disso – Ele pediu.

Não!

Eu queria respostas, precisava entender o que estava acontecendo ali, como eu dormiria depois de uma cena daquelas? Aí ele me da um beijo, faz um carinho, diz coisas bonitas e acha que resolveu? Eu precisava entender. Mas não podia ser egoísta ao ponto de pensar só em mim, por isso lhe abracei com força.

- Tudo bem, vamos dormir.

Dito isso fomos para cama, demorei um pouco para conseguir dormir, parecíamos estar sem posição, tentamos ficar de conchinha, mas nós dois não gostávamos daquela posição, então acabamos os dois de bruços, deixei meu braço sobre o corpo dele.

Antes de dormir sofri um bombardeio de pensamentos, a cena se repetia diversas vezes em minha mente. Depois comecei a lembrar de cada palavra que Felipe disse, eu precisava entender!Sabia que alguma coisa havia acontecia e percebi que não sabia quase nada sobre ele.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora