Capítulo 16

5.1K 533 573
                                    

Eu e Filipe estávamos parados em frente a uma porta, fiquei parado atrás dele segurando seus ombros, meu quase namorado estava com os olhos vendados, ele tinha um sorriso no rosto, mesmo não sabendo o que iria acontecer, então cheguei próximo ao ouvido dele e disse:

- Pode tirar a faixa – E assim ele fez sem demora alguma.

O percebi olhando pra grossa porta de madeira, tateando-a e depois sorrindo.

- E agora? – Ele perguntou virando-se e me olhando.

*

A semana passou voando, contamos tudo para o meus avós na quarta-feira, voltamos para a casa e contamos tudo para Allan. Ele ficou todo feliz com a notícia, até foi buscar uma cerveja pra comemorar, o pai de Filipe adorava nos ver juntos.

Fui pra casa, mandei uma mensagem pra Allan dizendo que precisava falar com ele, mas que Filipe não poderia saber, logo ele estava em meu apartamento, minha mãe ficou curiosa pra saber do que se tratava, mas eu não disse nada.

Mostrei minhas ideias ao meu sogro, que logicamente aprovou tudo, não seria muito trabalhoso, mas eu queria fazer algo bacana. Filipe herdou do pai o ótimo talento na cozinha, eu já sabendo disso queria a ajuda de Allan para preparar algo que ele gostasse e outras coisas também.

Depois de quase quarenta minutos de diálogo decidi tudo que faríamos, fui até minha carteira, peguei algumas notas e lhe entreguei, pois ele teria certo custo com os materiais. O pai de Filipe não queria aceitar a quantia, mas eu insisti até que ele aceitasse.

Levei Allan até a porta e voltei pra sala, onde Dona Catarina me olhava atentamente como se quisesse descobrir algo em meu rosto.

- Oi mãe – Falei calmamente.

- A conversa com o sogro foi boa – Ela disse de forma simpática.

- Sobre isso que tratávamos, tecnicamente ele ainda não é meu sogro, mas isso logo vai mudar – Falei não conseguindo esconder minha felicidade.

- Está mesmo na hora de pedir o rapaz em namoro, pelo que entendi tem três meses que vocês estão juntos, nem seu pai demorou tanto comigo e há vinte e cinco anos atrás a coisa era bem diferente – Minha mãe falou de forma carinhosa, me sentei ao lado dela.

- Eu sei mãe, como estou demorando quero recompensá-lo da melhor forma, uma coisa legal – Falei com certa euforia – Tenho uma coisa pra te contar.

- Não vou ser avó não é? – Ela perguntou com um olhar desesperado e logo depois começamos a rir.

- Não Dona Catarina, hojeeu e Filipe fomos falar com Seu Luiz e Dona Rosa – Falei de forma firme.

- Eduardo! – Ela se preocupou verdadeiramente – Como seu avô e mamãe reagiram? Foi difícil? Me conte.

- Então mãe, foi bem tranquilo, eles já sabiam, brincaram e se divertiram com toda a situação, nos fizeram passar a tarde contando a eles como foi o início de tudo – Falei com felicidade, sorri ao lembrar aquele momento, meus avós eram pessoas ótimas e aquele momento com eles foi ótimo.

- Nossa – Ela disse surpresa – Estou com mais vergonha ainda – Suas bochechas coraram – Não fiz aquilo por preconceito meu filho, fiz por amor, de verdade – Ela falou e eu concordei num gesto com a cabeça, ficou nítido que eu não queria falar sobre aquilo – Posso fazer uma pergunta?

- Até duas – Eu falei e ela riu, começou a fazer carinho em minhas pernas – Como é ser gay?

- Ah mãe – Pensei sobre o assunto e comecei a sorrir – É diferente de tudo sabe, sei lá, me sinto outra pessoa, agora sou Eduardo de verdade, mas sinto algo além, que pertenço a Filipe, não me vejo com mais nenhum garoto, só ele.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora