Capítulo 11

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Parece que depois que eu falei aquilo para Filipe na boate ele ficou mais tranquilo, não havia mais aquela linha de preocupação que sempre pareceu existir em seu rosto desde que começamos a nos relacionar de forma romântica.

Meus treinos ficavam cada vez mais intensos, haviam pedido para que eu treinasse mais durante a semana e obviamente aceitei, eu não era a estrela do time, mas sempre dava o meu melhor, fazia pelo menos um gol em cada partida e sempre tinha fôlego durante as atividades, exceto quando Filipe resolvia aprontar alguma coisa comigo antes dos treinos.

Na escola passamos pelos testes bimestrais, por sorte alguns professores pediam trabalhos no lugar de avaliações escritas, isso facilitava muito nossas vidas visto que Filipe era o rei das apresentações, mas para sua infelicidade isso nunca acontecia com as matérias de ciências exatas.

Caio e Ritinha estavam com a corda toda, era a dupla dinâmica da sala, não havia um professor que não os conhecesse ou que pedisse para eles se comportarem durante as aulas. Ritinha era a melhor amiga de Filipe, eles cochichavam o tempo todo, ainda mais agora que ela sabia que ele era gay, incrivelmente eles passavam o dia inteiro falando sobre rapazes, não sei como conseguiam.

Eu e Caio já éramos mais tranquilos, ele estava ficando com uma menina e um menino, não escondia sua bissexualidade, ele não era aquele tipo de pessoa que gritava pra todo mundo o que ele era, mas quem o perguntasse saberia, eu gostava dos conselhos que ele me dava, parecia ter vasta experiência em relacionamentos.

Meus pais já haviam desistido de perguntarem as coisas, eu não falava nada sobre meu "namoro" como eles insistiam em dizer, não havia nenhum empenho de minha parte para esconder que tinha algo no ar, meu estado poderia ser considerado lerdo, eu andava em casa lerdo, comia lerdo, falava lerdo. Só não ficava daquela forma quando estava perto de Filipe.

Eu frequentemente estava na casa dos meus avós, pelo menos duas vezes por semana, eu sabia que eles tinham certeza que eu estava com alguém, pois nunca perguntavam nada e sempre ficam estudando meus atos e falas, aquela sabedoria me encantava, pensava se um dia eu ia ficar como eles.

Meu ficante estava tranquilo, o que era estranho, Filipe sempre era uma pilha, sempre agitado, rindo ou brincando, ele continuava fazendo tudo isso, mas de forma mais lenta, parecia cansado, mas na verdade quem estava cansado era eu, exausto de chamá-lo de ficante, palavra mais estranha para nós dois que já éramos namorados, só faltava o pedido.

Qualquer um poderia pedir o outro, mas Filipe não fazia isso em respeito a mim, eu sabia que na hora em que eu lhe pedisse ele aceitaria, mas eu não queria ficar escondido com Filipe, queria poder ter a tranquilidade que meus pais sabiam o que eu estava fazendo.

Nossa relação caminhava de vento em poupa, já fazia algum tempo que não tínhamos relações - quase três semanas -, meus pais sempre arrumavam alguma coisa para que eu fizesse durante os finais de semana, como: ir ao mercado, fazer compras e me carregar com eles para a casa de seus amigos, minha vontade era brigar e não ir, mas Filipe sempre me acalmava, dizia para eu ir que ficaria tudo bem.

Eu pensava no quanto ele era altruísta. Allan saia todo fim de semana, acho que era um esporte para ele, era um cara cheio de amigos, conhecido em todo o bairro, seus pais moraram ali quando ele era pequeno, depois se mudaram, quando o pai de Filipe atingiu certa idade eles lhe deram o apartamento.

Nesse esporte de sair todo fim de semana quem perdia era Filipe, ele perdia a companhia do pai, as conversas e a diversão. Mas o garoto de cabelos cacheados parecia não se importar com isso, aliás, preferia ficar em casa ao invés de ir com o pai e olha que eles se davam muito bem.

Sempre que eu podia estava em sua casa, mesmo eu e Filipe não tendo relações sexuais ele sempre dava um jeito de me agradar, eu adorava sempre que isso acontecia, tudo nele era maravilhoso, suas mãos, sua boca e principalmente o carinho que ele tinha comigo.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora