Physical Education Teacher Z...

By DownToEarthButterfly

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Eles dizem "Professores e alunos não se podem envolver." Também eu dizia. More

Sinopse
Introdução
1
2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20 - Parte 1
Capítulo 20 - Parte 2
Capítulo 21
Capítulo 22
Boas notícias
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Warning
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39 - Parte 1
Capítulo 39 - Parte 2
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Informações à moda da Néeh
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Extra Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Extra do Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71 - Parte 1
Capítulo 71 - Parte 2 & Capítulo 72
Extra do capítulo 72
AVISO
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
ATUALIZAÇÃO
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Extra Capítulo 82
Capítulo 83
O Cabelo da Bella
Aviso
Capítulo 84
Capítulo 85
Capítulo 86
Final da P.E.T.
Capítulo 87
Capítulo 88
Capítulo 89
Capítulo 90
Capítulo 91
Capítulo 92
Capítulo 93
Extra do capítulo 93
Capítulo 94
Capítulo 95
Capítulo 96
Capítulo 97
Capítulo 98 - Parte 1
Capítulo 98 - Parte 2
Capítulo 99
Capítulo 100
Epílogo
The Fanfiction Awards
Good Goodbye

Capítulo 8

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By DownToEarthButterfly

A campainha tocou pela quarta vez consecutiva num espaço de 5 minutos. Estavam a testar um novo toque, mais moderno e menos irritante, e isso era a justificação para a campainha estar constantemente a tocar. Entretanto, eu tentava descobrir a combinação do meu cacifo, porque era a primeira vez que estava a precisar dele neste ano letivo e falhava-me a memória. Era qualquer coisa como 27-8-12, mas não estava a funcionar e estou em frente deste cacifo que se recusa a abrir desde que o primeiro dos quatro toques da campainha soou.

Atrás de mim, uma multidão começou a formar-se subitamente e quando desisti de descobrir a combinação, virei-me para trás para ver um enorme círculo de pessoas em volta mesa da funcionária. Todos falavam do mesmo, do que tinha ocorrido, mas com todas estas vozes misturadas e um quinto toque prolongado da campainha, eu não consegui perceber nada. Só mais tarde, quando se abre caminho para alguém passar, é que vi uma rapariga loira sentada de cabeça para baixo na cadeira da funcionária; como a sua cabeça não estava virada para mim, não conseguia reconhecer a cara da rapariga, mas ela parecia-me estranhamente familiar. Quando o círculo volta a fechar, fiquei presa no seu interior, por me ter aproximado de mais, e antes que tentasse sair, vi o professor Malik junto da rapariga, a mexer-lhe no pescoço, a abrir-lhe um dos olhos e sabe-se lá mais o quê.

"Não adianta, chame a ambulância." Disse ele para a funcionária deste pavilhão.

A mulher não perdeu tempo em pegar no telefone fixo na sua mesa e marcar o número de emergência enquanto o professor Malik pegava cautelosamente na rapariga e o círculo se abria de novo.

"Qual é o nome da rapariga? Veja se ela tem família na escola."

"Martha Evans, Sr. Malik."

O quê?

Foi como um choque; lembrei-me automaticamente da roupa que ela tinha vestida hoje e até o cabelo ondulado dela reapareceu na minha memória. Inconscientemente, dei um passo em frente, e o professor logo olhou para mim. Passa a vida a chamar-me Evans, certamente associou a Martha a mim quando, para além de ter o mesmo sobrenome que o meu, ela é loira e tem olhos azuis, aquilo de que tanto falamos há duas semanas atrás, numa aula de apoio.

"Não precisa de procurar por família na escola, tenho aqui a irmã mais.."

"Velha." Completei, tocando com a minha mão na face pálida e gélida da minha irmã mais nova. "Vais levá-la para onde?"

"Para a enfermaria."

À medida que íamos atravessando os pavilhões pelo seu interior para sairmos do outro lado da escola, em frente do pavilhão gimnodesportivo, mandei uma mensagem ao Mark a perguntar onde estava, explicando o que tinha acontecido a seguir, mas ele respondeu a dizer que teve um furo e que estava no McDonald's com uns amigos, a três quilómetros da escola, ainda que fosse tentar ir ter ao hospital... onde o meu pai trabalha. Isto vai ser interessante.

"O que lhe aconteceu?" Questionei, demasiado preocupada. Ela desmaiou... não está propriamente a morrer.

O professor Malik pousou-a num banco almofadado comprido na enfermaria e abriu a persiana para que pudéssemos ver a ambulância quando ela chegasse.

"Não estava com ela, apenas me foram chamar. Ela alimenta-se em condições?"

"Ela é meio que... vegetariana." Repliquei e ele revirou os olhos. "Só o é há pouco tempo."

"Quando uma pessoa decide virar vegetariana do nada, tem de ter a noção de que tem de ingerir muito mais comida, porque aquilo que dá mais energia é a carne e o peixe, coisa que, pelos vistos, ela não come. Há quando tempo é que ela decidiu ser a favor dos animaizinhos indefesos?"

"Três semanas, mais ou menos. Acho que no início da escola." Estávamos já a uma semana de Outubro.

Dez minutos depois, a ambulância tinha chegado e estavam já a colocá-la numa maca, com uma ou outra máquina ligadas a ela. O homem disse que ela tinha de ter no máximo dois acompanhantes, um professor que se responsabilizasse por ela e alguém da família, que podia ser dispensado. Mas eu não ia ser dispensada, nem mesmo que tivesse um exame a esta mesma hora. Por isso deixaram-nos subir e sentámo-nos os dois nas duas cadeiras de vago, mesmo de frente para a maca. Quanto aos bombeiros que conduziam a ambulância, um deles foi para a parte da frente da ambulância, conduzi-la, o outro ficou connosco, porém, ao contrário do que eu pensava, ele não estava a fazer perguntas sobre a Martha. Manteve-se calado, com uma papelada qualquer entre mãos.

*Onde estás??* Perguntou a Carly, numa mensagem.

*A Martha desmaiou, estou com ela numa ambulância. Podes guardar as minhas coisas no teu cacifo? Eu não consigo abrir o meu. Obrigada xX.*

*Está bem, Bellinha. Até logo.*

*Tchau* Guardei o telemóvel no bolso no preciso momento em que chegamos ao recinto do hospital.

Encaminharam a Martha para as urgências e eu e o professor Malik seguimos atrás dela, ele claramente desinteressado e eu obviamente stressada e preocupada. Alguns dos funcionários reconheceram a Martha, outros reconheceram-me a mim, porque era costume o meu pai esquecer-se do almoço e, na maioria dos casos, era eu ou a Martha que vínhamos ao hospital no carro do Mark trazer-lho. Uma das funcionárias inclusive veio-me dizer que o meu pai não a poderia ir ver, porque estava a meio de uma operação qualquer.

Como não tínhamos outro remédio senão esperar, sentei-me num dos bancos azuis pirosos da sala de espera e peguei numa revista; o professor Malik seguiu o exemplo, mas em vez de pegar numa revista, pegou no seu telemóvel.

"O teu pai é Médico..." Comentou ele.

"Anestesiologista, mais especificamente."

"Portanto é por isso que queres seguir medicina, para seres como os teus pais."

"A minha mãe não é médica. É dentista, ortodontista, mais especificamente." Balbuciei e ele revirou os olhos.

"Dentistas são médicos especializados na saúde oral, caso não saibas."

Fechei a revista e pousei-a na mesa ao meu lado, cruzando os braços. O melhor foi pousar a revista, e foi por isso que o fiz, caso contrário, daqui a nada, estarei a enrolá-la na minha mão e a bater-lhe com ela. Porque é que ele é tão chato e cínico?

"Vou fazer-te um teste." Anunciou ele.

O professor arregaça a manga do casaco e, com ela, arrasta a manga da camisola atrás, mostrando-me um curativo no braço. Curiosa para saber o que lhe terá causado aquilo, ele fez o que eu nunca pensei que fosse fazer: abre um pouco a liga e mostra-me a pele completamente arranhada, aberta, e vermelha, carne viva e... credo. Acho que vou vomitar. Virei a cara e tentei apagar aquela imagem obscena da minha mente. O que diabos lhe passou pela cabeça?

"Como eu previa." Vangloriou-se ele e eu ouvi ele a colocar o curativo direito. "Portanto, queres ser médica, talvez uma anestesiologista, e eu não faço a mínima sobre o que é isso, mas não aguentas ver as marcas de dentes de um cão."

Decidi ignorar aquilo. Na universidade, em Cambridge, eu vou ter muito tempo para me habituar a sangue e feridas pútridas e o interior do corpo humano e tudo e mais alguma coisa. Ainda não comecei a tirar o meu curso, por isso não tenho de me começar a habituar a estas coisas já. E, para além do mais, não gostar de ver feridas como aquela não vão, de maneira nenhuma, impedir que eu seja uma boa profissional no meu trabalho. Ou talvez vá, mas com isso preocupo-me mais tarde.

"Q.I. abaixo de 50, como eu previa." Ripostei, indignada, e ousei virar-me para ele. Ainda bem que a manga do casaco já cobria aquela coisa... imunda. Que nojo.

Acho que o almoço me vai sair pela boca daqui a nada.

Quem ficou mais indignado foi ele, que franziu as sobrancelhas e largou bruscamente a manga do casaco preto. Pensei que ele fosse mandar outra boca sarcástica, porque é isso que ele faz, ou insultar-me, ou rebaixar-me, ou outra coisa qualquer, porque, pelos vistos, este é o gémeo estúpido e imbecil e eu tive o azar de o gémeo bom estar em casa, a ver televisão, aconchegadinho no sofá. Aposto que o cão que mordeu este tipo à minha frente não mordeu o gémeo de certeza.

Bella, tu sabes que ele não tem um gémeo, certo.

"Q.I. abaixo de 50? Ok, vou fazer-te um novo teste, menina Q.I. acima de 50: eu tenho 20 anos, estou formado, estou a dar aulas no primeiro ano que estou fora da universidade e passei à frente todos os outros professores que queriam o cargo do teu querido ex-professor de Educação Física. Puxa pela tua cabeça e pensa como raio cheguei aqui."

Não é segredo nenhum que o facto de ele ter 20 anos e estar já a dar aulas tivesse surgido, pelo menos uma vez, na cabeça dos alunos e professores e tudo mais. A maioria das pessoas que termina o secundário com 17 ou 18 anos, se quiser seguir uma carreira de professor, acaba o curso lá para os 22 anos. O que está ele aqui a fazer com essa idade? Mas eu não conseguia chegar à resposta, por isso calei-me e deixei que ele respondesse por mim, se fosse essa a sua vontade.

"O quê? Achas que és a única pessoa neste mundo que conseguiu manter uma média de vinte? É?"

O quê? Mas...

"Para tua informação, quando eu tinha seis anos, no fim das férias de Natal, passei para o segundo ano. Sim, fiz o primeiro ano no primeiro período. No fim das férias de verão, com sete anos, fui para o quarto ano. Queres que continue? Estava no quinto ano com 8 anos, acabei o secundário quando fiz 16 anos, fui aceite numa das melhores universidades do país e formei-me. Agora, respondendo à próxima pergunta, sabes porque passei à frente de todos os outros tipos que queriam o meu trabalho? Se achas difícil manter a média de 20 no secundário, experimenta fazê-lo na universidade. Para tua informação, menina com Q.I. acima de 50, o professor Q.I. abaixo de 50 terminou a universidade com média de 20. Quando foi para a filinha de espera, para obter um trabalho na sua área, como tinha a média mais alta do que a de todos os outros, passou à frente, obteve o trabalho primeiro do que todos os outros. Agora, faço-te uma nova pergunta: achas que tenho um Q.I. abaixo de 50?"

Tudo o que eu queria fazer era exatamente o contrário do que o que estava, de facto, a fazer; fiquei parada, ou melhor, petrificada a olhar para ele, completamente estupefata. Isto não pode ser verdade. Ele deve ter dormido com as professoras da Universidade para elas o fazerem terminar o curso mais cedo, com boas notas. Uma pessoa com média de 20 não pode acabar a dar aulas de Educação Física a um bando de alunos preguiçosos! Uma pessoa com média de 20 teria ido para medicina, ou engenharia, ou arquitetura!

"Sou muito mais feliz do que o que tu alguma vez vais ser." Vociferou e acho que fiquei demasiado afetada com isso. "Eu mantive as médias de 20 porque estava a fazer aquilo que eu queria, aquilo de que gostava. Ao contrário de ti, que vais para medicina porque os teus pais estão nesse ramo e porque tens ótimas notas. Já pensaste que não te vais dar nadinha bem no curso? E que vais descer as notas até a universidade questionar se terá sido uma ótima ideia deixarem-te entrar? Bem, eu acho que não."

Primeiro, fiquei petrificada, como estava dantes, a olhar para ele, não admirada por causa da sua história, mas profundamente irritada com todas as coisas que ele estava a insinuar. Eu vou manter as minhas notas, porque vou estudar para isso, e eu sempre que seguir medicina, o que prova o valor que dou a esse ramo, o que prova o meu gosto por isso, o que prova que é esse o meu lugar, e ele não tem o direito de afirmar tudo o que afirmou, baseando-se no simples facto de eu não ter gostado de ver uma mordidela de cão no seu braço! Portanto, a seguir, enchi os pulmões de ar, quase preparada para gritar com ele, porém, lembrando-me em seguida que estava num hospital, no meio de pessoas muito frágeis, e que podia causar alguma instabilidade por causa disto; não obstante a vergonha que passarei se começar a gritar com o meu próprio professor de Educação Física.

"Bem, eu acho que sim." Sussurrei, após roer o meu lábio inferior por dentro. "Eu sempre quis isto, tu não sabes nada sobre o que eu gosto ou não gosto de fazer, e as minhas médias vão continuar boas, não te preocupes."

"Bella: a minha irmã mais velha estudou para medicina. Sabes o que disse ela quando viu o meu braço? Que fixe, posso fotografar?. E se pensas que é por ela ter andado a sua juventude inteira a estudar para isso que a faz gostar de ver o meu braço, digo-te que quando eu era puto, desloquei o ombro, e ela perguntou umas mil vezes à minha mãe se me podia tocar, ou se podia tentar endireitar o osso. Queres comparar-te com ela?"

Pronto, é desta vez que me vou calar. Não é com comparações que chegamos lá. E aposto que ele sabe.

"Mas vamos ver as coisas de outra maneira: o que é que tu gostas de fazer?"

"Não tens nada com isso." Resmunguei e, em vez de insistir, ele calou-se.

Era suposto perguntares de novo!

"Desculpa." Murmurei. Acho que esta é a única maneira de o fazer voltar a perguntar, ou pelo menos voltar a falar no assunto. Mas ele não disse absolutamente nada, de modo a que eu tivesse de continuar por mim mesma. "Eu gosto de crianças. Teria vários filhos, se pudesse. Cresci sempre rodeada de crianças, a tomar conta delas porque os meus pais estavam muito ocupados no trabalho e quando fiz uns 12 ou 13 anos, os vizinhos da minha avó pagavam-me para tomar conta dos quatro filhos dela. Mas já me deixei disso."

"Porquê?"

"Eu tenho de te estudar." Respondi, num tom óbvio e ele começou a rir.

"Eu acho que tu estudas demasiado. Eu não estudava assim tantas vezes. Bastava uma hora por dia, e um pouco mais quando me aproximava dos testes. Havia dias em que eu preferia ficar no sofá, a jogar na PlayStation 2."

"Mas tu és diferente. Tu és sobredotado! Eu tenho de estudar bastante para ter as notas que tenho."

A conversa terminou por aqui quando a Martha apareceu numa porta do lado esquerdo, acompanhada por um médico qualquer que ainda tinha uma touca azul enfiada na cabeça. Tudo o que a Martha fazia era acenar positivamente com a cabeça várias vezes e revirar os olhos. Depois viu-me e deu-me um sorriso fraco, pois provavelmente eram todas as forças que ela tinha. Num pequeno reflexo, levantei-me e fui ter com ela e ela disparou tudo aquilo que tinha ouvido desde que acordara. Parecendo ou não, já passou uma hora desde que abandonamos a escola.

"E tenho um plano alimentar que o pai vai levar para casa depois. Até parece." Carrancou ela. "Eu tenho muita força, estou bem alimentada, se eu quiser correr a maratona, vou fazê-lo!"

A ambulância que nos trouxera levou-nos para a escola de novo. Eram três horas quando lá chegamos e, a esta hora, estávamos a ter História e eu não sei se sentia pena alguma por ter faltado a metade do tempo. Embora tivesse um precalço, a Martha veio para as aulas e foi ter à sua sala, deixando-me sozinha no corredor, a tentar lembrar-me em que sala estava o professor O'Brien a dar aulas. Enquanto eu me tentava lembrar, o professor Malik passou por mim e despediu-se com um até amanhã, pois iríamos ter uma aula de apoio. Retribuí a despedida e lembrei-me subitamente do número da minha sala, indo logo na sua direção.

Bati à porta e interrompi um PowerPoint muito bem elaborado, feito pela filha mais velha do professor O'Brien, já que ele afirma que não tem talento nenhum para informática e novas tecnologias. O único lugar livre era no fundo da sala, longe da Miranda e da Carly que se tinham juntado na ponta oposta e que me olhavam, compreensivas. Após largar a minha mochila na mesa vaga ao lado da minha, sentei-me e a aula prosseguiu. No fim da aula, o professor O'Brien marcou trabalhos de casa, como já era seu costume; abri a minha agenda para os apontar e olhei para o dia 27 de Setembro, o próximo sábado. Não era só o dia em que a Avril Lavigne fazia 30 anos, mas também o dia em que tanto o pai como a mãe iriam a ficar nos seus turnos prolongados no hospital onde ambos trabalhavam, o meu pai como médico anestesiologista e a minha mãe como ortodontista. Isso queria dizer que eu teria de tomar conta da Catherine e do Peter, já que o Mark se vai pôr na alheta bem cedo, e ainda prestar atenção à Martha, principalmente agora que ela desmaiou. Depois de tudo isto, pus-me a pensar no que me fora dito, naquela triste e monótona sala de hospital.

Eu gostava tanto de crianças ao ponto de marcar na minha agenda que tinha de tomar conta dos meus irmãos. Não tinha de me lembrar que fora paga para ficar duas ou três horas com os filhos dos vizinhos da minha avó; eram os meus próprios irmãos mais novos e eu gostava de tomar conta deles. Claro que tratar das feridas das pessoas, ou de uma distensão muscular, ou o que quer que fosse não tem nada a ver com tomar conta de duas ou três crianças. Teria ele razão? Será que o facto de eu ter excelentes notas não implique que eu vá para um curso de excelência, tal como o consideram? Não sei. Ainda tinha o resto do ano para pensar.

Fechei a agenda e arrumei as minhas coisas na mochila. Diz sempre que me quer ajudar, que quer que eu mantenha a minha média de 20 através de umas aulas de apoio e conselhos de moral ridículos. Não tem nada a ver; eu sempre quis seguir medicina, desde que me lembro, e não é um professor estúpido e com dupla personalidade, ou irmão gémeo secreto, que só por ter passado dois anos de escolaridade à frente que me vai baralhar as ideias. Por isso corri o fecho da mochila, pus uma das alças no meu ombro e saí da sala, com a Carly e a Miranda à minha frente.



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