✟ lights up ✟

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Sabia muito bem do que se tratava a cena em minha frente, meu sangue fervia de forma crescente ao me aproximar de Valerie. Como policial, tinha consciência de várias ações racistas feitas por pessoas da mesma área que eu. Porém, nunca havia presenciado cenas de racismo feitas por meus colegas de trabalho. Bom... Até agora. 

– Posso saber o que você está fazendo, oficial? – digo com o tom de voz mais calmo e ingênuo que consigo, chegando perto o suficiente da cena para observar a feição do homem. Porra. Ele era do meu distrito. Eu conheci aquele policial, era o Agente Jennings. 

Travo o maxilar, tentando não esbravejar e dizer que poderia muito bem demitir ele. Valerie olha para mim assustada, ainda encostada na parede. Caminho para seu lado enquanto observo o policial me encarar. A expressão de Jennings mudou, provavelmente me reconhecendo. 

– Não é da sua conta, civil. Agora saia daqui imediatamente. – não acredito na audácia do homem. Sabendo que eu estava infiltrada, me confronta por ter consciência de que eu não poderia me impor de forma profissional. Levanto as sobrancelhas, vendo ele se aproximar de Valerie enquanto carregava sua pistola. 

Me coloco em sua frente, olhando firmemente em seus olhos. Qualquer medo ou nervosismo havia sido entorpecido pela minha incredulidade no nível absurdo daquela situação. 

– Bom, eu não vou compactuar com esse seu racismo. Então, sugiro que você saia daqui, pois não vejo nenhuma razão lógica para estar abusando de seu poder e posicionar essa mulher dessa forma. Além do fato de que, como homem, não pode revistá-la. Sinto muito, oficial, mas vou começar a gritar daqui a pouco e convocar uma cavalaria para registrar esse momento que provavelmente vai custar sua carreira. – mantenho a voz neutra, não deixando muitas arestas para Valerie pensar que tinha muita familiaridade com tal posição de poder. Jennings bufa, ficando estático por alguns segundos. 

– Saiam daqui agora. Se eu encontrar vocês de novo, irei apreendê-las sem pestanejar. – ameaça. Xingo ele mentalmente, sabendo que havia dito aquilo apenas para massagear seu ego e tentar repará-lo depois de minhas palavras. Seguro a mão de Valerie, puxando ela para meu lado e observando vermelhidão no rosto da mulher por ter sido pressionada na parede. Ranjo os dentes, inconformada com tal cena. 

– É muito triste isso, oficial. Espero que use essa experiência pra tentar representar de fato a justiça que deveria nos proteger. Mais triste ainda é eu ter vindo e dado voz para essa mulher apenas porque você não a escutava devido à sua ideologia extremamente inaceitável. Lamentável. – concluo, preenchendo minhas palavras com repulsa. Puxo Valerie para longe dali enquanto observava uma feição assustada do oficial. Ele acabava de ter caído em si e percebido o que aquela ação iria desencadear para ele. 

Thompson segura meu braço com força, aliviando a tensão em seus ombros à medida em que nos afastávamos daquela esquina, indo em direção à casa principal. Ela não ficava longe dali, já que havíamos vindo a pé até o centro. 

– Me desculpe por isso, Valerie. Sinto muito que passe por coisas desse caráter. 

– Tudo bem, Ava. Na verdade, não está tudo bem, mas continuamos lutando, não é?– responde, sorrindo fraco em minha direção. – Obrigada por ter vindo e ter falado algo. Aquele oficial parecia bem impaciente e eu estava com medo de que ninguém iria ver o que ele estava fazendo. – desabafa, fazendo o aperto em meu coração aumentar. Acaricio seu ombro, apenas sorrindo em consolo e ficando em silêncio. Não imaginava a angústia da menina, por isso daria todo meu suporte emocional, sendo o que eu poderia fornecer para ela no momento.