thirty three

242 33 122
                                    

"Eu nunca serei aquela eu de novo."


JUSTINE.

Aperto meus olhos ainda fechados, retomando a consciência e sendo bombardeada pela dor em minha nuca. 

Giro minha cabeça, tentando alongar meu pescoço. Faço uma careta, pressionando acidentalmente com esse movimento o local ferido em minha nuca. Em um impulso, tento levar minha mão para o local, porém percebo que minhas mãos estavam presas atrás de mim. 

Com isso, abro os olhos de vez. 

Visualizo a sala quadrada e pequena que me rodeava. Assim que olho para o lado, observo Liam sentado em uma cadeira e com as mãos amarradas em suas costas. 

Ao absorver tal cena, percebo como eu me encontrava na mesma situação que o homem. Meus pés estavam livres, mas não adiantava muita coisa, afinal, era totalmente irracional tentar fugir. Tinha certeza de que vários capangas de Ian estavam prontos para nos abater caso fugíssemos. As mãos presas eram apenas uma certificação de que não reagiríamos com violência caso alguém entrasse na sala. Além disso, nossas armas haviam sido confiscadas.

As duas cadeiras estavam uma ao lado da outra, com poucos passos de distância. Bem em nossa frente ficava a porta de saída daquela sala. 

Payne permanecia de olhos fechados, com a cabeça caída e o queixo em contato com seu peito. Comprimo os lábios, sentindo uma pontada de dor ao lembrar que havia uma ferida ali, causada pelo capanga que lutou comigo anteriormente. 

Acreditava que agora era provavelmente manhã ou madrugada, sendo que a reunião foi tarde da noite e nós estivemos inconscientes por algumas horas. 

Fecho os olhos por alguns segundos, relembrando-me do que ocorreu anteriormente. 

Recordo de sair do banheiro e encarar os olhos escuros do capanga de Ian que estava na mesa junto conosco. Antes que eu pudesse fazer algo, o homem disse que eu iria com ele para outro lugar. 

Assim que levantei minhas mãos para defender-me, o capanga puxou-me para um quarto que ficava ao lado do banheiro. Dentro desse cômodo, resisti por longos minutos à tentativa do homem de nocautear-me. 

Ele primeiramente segurou minhas mãos em minhas costas, envolvendo seu braço em meu pescoço para que eu desmaiasse. Acostumada com aquele clássico movimento, lutei para soltar-me e, dessa forma, houve um combate físico entre nós que deu-me um lábio cortado e hematoma no rosto. 

No momento em que pude atrasá-lo por segundos com um soco, corri para fora do quarto e trombei com o corpo de Liam. 

Durante meu conflito com o capanga, pude escutar o início do combate que se iniciou na sala principal, e isso apenas aumentou a ansiedade e angústia em meu ser que pulsava para sair daquele lugar. 

Ao encarar o rosto pálido de Payne - que também possuía um hematoma em sua bochecha -, o medo agravou-se dentro de mim. O homem lançou-me perguntas sobre se eu estava bem e o que ocorrera no quarto, sinalizando a sua preocupação se o capanga havia se aproveitado de mim. Felizmente, pude negar. 

Porém, antes que eu fosse capaz de dizer para Liam que o homem ainda estava consciente e permanecia atrás de mim, minha visão escureceu. Agora, ciente de onde estava e sentindo a dor em minha nuca, conclui que o capanga nocauteou-me, provavelmente com o cano de seu revólver - o qual tentou utilizar em nossa luta, mas tirei esse de suas mãos e joguei-o no chão. Mas, contando o tempo em que trombei com Payne e troquei curtas palavras com ele, o homem foi capaz de recompor-se e pegar o revólver do chão. 

✟ lights up ✟Where stories live. Discover now