✟ lights up ✟

twenty one

– Que porra você está fazendo aqui?– cospe, dizendo tais palavras entredentes. Sua feição preenche-se com desdém. Pendo a cabeça para o lado, arrependendo-me por ter entrado no cômodo.

– Vim ver se precisava de algo ou talvez falar com alguém. Percebi o seu isolamento depois de falar com Niall e queria me certificar se queria conversar. – respondo, monótona. A minha respiração estava presa, ponderava se ter entrado no quarto havia sido a melhor escolha em questão ao meu estado emocionalmente instável.

Como Sargento, eu tinha meu maldito instinto de líder - já que monitorava um grupo de policiais - que fazia-me ter cuidado e tentar apoiar aqueles à minha volta. Maldito instinto que me fez entrar no quarto.

Styles passa por mim, andando até a sua cama. Apenas ignora minhas palavras, passando as mãos em seus cabelos.

– Harry. – o chamo.

– O que você quer que eu diga, caralho?! Sobre o meu constante fracasso como líder dessa merda de máfia?

– Isso não é verdade.

– Tem certeza? Porque eu acredito que se você pensar sobre o cadáver da Valerie apodrecendo a sete palmos da terra e Louis com seu organismo preenchido por cocaína, vai mudar de ideia. – grunhe, andando de um lado para o outro. Seu olhar encontrava-se com o meu em certos momentos, o homem transmitia tremenda frustração e raiva em suas órbitas escurecidas. Frustração e raiva consigo mesmo.

Travo o maxilar, esfregando minhas mãos em minha calça. Respiro fundo antes de responder o homem, ignorando o mal estar que suas palavras insensíveis causaram-me.

– Não tinha como você ter previsto nada disso. Então, pode conversar com alguém para que possam tentar te ajudar ou pode continuar punindo você mesmo por coisas que já aconteceram. – e continuar sendo um babaca também...

Assim que as palavras saem da minha boca com um tom neutro que eu lutava para manter, Styles cessa o seu andar frenético, virando seu pescoço em minha direção e caminhando firmemente até mim. Prendo a respiração, fitando a face indecifrável do homem, agora mais perto.

– Em todos os anos que trabalhei para máfia e até os anos que estive na chefia, nunca me senti tão inútil como recentemente. Eu deveria ser a pessoa que previne o caos. Quando eu era mais novo, assisti as pessoas que eu mais amava me deixarem ou morrerem. Prometi para mim mesmo que seria tudo diferente quando assumisse o poder e, aparentemente, não sirvo até para cumprir a merda de uma promessa. – o homem discursa entredentes, o maxilar estava completamente contraído, seus olhos penetravam nos meus de uma forma intimidadora. 

Sua mão gesticulava com certa agressividade enquanto as palavras saíam da boca do líder. Por mais que os vocábulos estivessem cheios de frustração e raiva, era notável a tremenda dor em sua fala.

– Ninguém está negando o quanto tem sido difícil lidar com o caos atual. Mas o cargo que está colocando sobre suas costas é muito além do que o necessário. Ser líder é sobre guiar o seu grupo e fazer o que está em seu alcance para proteger e cuidar dele. Você tem feito seu papel, não é sua culpa o quão fodida e caótica é essa realidade. – rebato, buscando o olhar do homem que insistia em fugir do meu.

Harry apenas balança a cabeça, negando tudo o que eu dizia por estar tomado pela raiva. Tornava-se inútil tentar conversar com o homem sendo que ele estava sendo irracional.

– Eu devia ter feito algo... Eu falhei com a Valerie do mesmo jeito que falhei com a... – o chefe vira sua cabeça para o lado, trazendo certa dor em sua voz enquanto pronunciava seus pensamentos. Noto a pausa abrupta que Harry fez em sua fala, impedindo-se de dizer o desconhecido nome preso dentro de si. Era como se tivesse engasgado com um nó em sua garganta. – E o Louis... Eu não devia ter deixado chegar a esse ponto. Eu poderia ter feito algo... – no momento em que o seu olhar está prestes a tornar-se completamente vulnerável, a sua feição muda subitamente, enchendo-se de raiva novamente. As órbitas afundam-se na escuridão e sua cabeça vira em minha direção. – Além de tudo isso, ainda tem você.