✟ lights up ✟

twenty eight

"Você me faz sentir algo em que eu não acreditava mais." 

Anteriormente.

Os papéis eram administrados por mim de forma aleatória enquanto eu cantarolava uma melodia presa em meus pensamentos. 

Designei poucas tarefas para mim hoje, pois a minha mente parecia estar com Louis e Ava no local de produção, divagando como estava sendo o primeiro dia para ela. Sentia-me como um menino vulnerável ao tê-la cada vez mais ligada com o nosso grupo. Também sentindo vulnerabilidade por outras emoções que, no momento, eu optava por neutralizar. 

De repente, escuto um toque de celular, fazendo com que eu cesse meu transe de pensamentos.

Franzo o cenho, olhando para as gavetas anexadas à minha mesa. Agacho, aproximando meu ouvido de todas elas para perceber como o barulho vinha da última gaveta. Essa possuía uma trave, então apalpo o forro abaixo dela, encontrando a chave anexada ali e puxando a mesma. 

Assim que eu abro a gaveta, meu coração palpita ao observar a fonte do barulho. 

Eu possuía telefones impossíveis de se rastrear e cada um deles era para se comunicar com as máfias vizinhas e as que possuía acordos com. Entretanto, o som do toque vinha do pequeno telefone velho e prateado escondido no fundo da gaveta. O telefone para a máfia de Ian. 

Não tive muito tempo para divagar, pois a ligação encerraria-se caso eu não atendesse logo. Então, apanho o aparelho, assoprando a poeira em volta do mesmo - pelo fato dele raramente ser usado - e levando-o até meu ouvido. 

– Máfia S. – digo, forçando firmeza em minha voz. Jogo-me na cadeira, meu rosto tensionava-se completamente. 

A última vez que fui contatado por Ian foi antes de irmos nos encontrar apenas para ele usar tal encontro para obter mais informações sobre nós. 

Nessa última semana, eu estava estressado por não receber nenhuma notícia da máfia dele, tal fato trouxe-me ainda mais ao limite. Normalmente, as máfias vizinhas ou parceiras mandavam relatórios ou notícia toda a semana, mas com Ian não era assim. 

– GZ. – a voz inconfundível de Ian apresenta-se tediosamente no outro lado da linha. Travo o maxilar, coçando minha nuca. – Precisamos conversar, Styles. 

– Nós precisávamos ter conversado semanas atrás, mas você não dá a mínima para qualquer formalidade entre máfias. – retruco, com a voz quase desequilibrando-se para a irritação, mas consigo mantê-la neutra. Meu olhar rodeava pela sala de tarefas, tentando achar algum ponto que me acalmasse. 

– Exatamente sobre isso que precisamos conversar. Queria me desculpar por essa minha atitude, os últimos dias não tem sido fáceis. – responde, suspirando pesadamente. Minha boca abre-se algumas vezes, tentando assimilar a simpatia na voz de González. 

– Quer realmente falar sobre como os últimos dias não tem sido fáceis? – digo, travando meu maxilar ao manter minha voz estável. Ian suspira, ciente de tudo o que nosso grupo havia passado desde o atentado contra Niall, que levou um tiro, até a morte de Valerie e em diante com a situação de Louis. 

– Certo, me desculpe. Não vou utilizar nenhuma desculpa para meu erro. – inicia, com a voz tranquila. – Eu realmente não quero tornar-me como meu pai, e isso é uma dificuldade que eu enfrento todos os dias. Então, sinto muito por não ter sido ao menos formal com sua máfia.