17.

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|| Ruby ||

A minha mão não consegue parar de mudar de canal repetidamente até que dou por mim a voltar ao primeiro, após chegar ao último dos últimos e estar a repetir o ciclo de canais aborrecidos na estúpida televisão que tinha sido comprada em segunda mão, numa loja de velharias. Mas afinal quem geria a televisão nacional não tinha nenhuma consideração pelas pessoas pobres? Infelizmente, eu fazia parte dessa percentagem de população sem rendimentos suficientes para pagar uma tv por cabo ao fim do mês, e tudo o que me restava era uma mísera programação que não transmitia nenhum programa interessante a esta hora.

"Que merda." Murmuro, assim que decido deixar num canal em que um filme de romance demasiado nojento e cliché está dar. Sempre era melhor que os desenhos animados.

Ashton e Abi jogavam ás cartas, tal e qual como dois velhos, sentados na mesa da cozinha, mas decido não me juntar pois a sua troca de olhares já me enjoava o suficiente, quanto mais um jogo para o qual não tinha qualquer tipo de jeito. Ainda não conseguia deixar de pensar na Lizzie e no receio que tinha do que poderia vir a acontecer... Queria contar agora a Abi mas o rapaz de cabelo meio loiro não me permite fazê-lo, visto a história envolver alguém da sua família. Eu gostava de ser uma rapariga normal que não se metesse em confusões, mas talvez a minha vida tenha sido, desde muito cedo, uma enorme confusão, e o meu temperamento era algo que não conseguia ser domado.

O som da campainha é ouvido por todo o apartamento e com um enorme custo levanto-me do confortável sofá para ir abrir a porta. Provavelmente era Calum.

"Olá Ruby Granger." o enorme sorriso do rapaz de olhos rasgados provoca-me uma estranha sensação na barriga, que tento ao máximo conter, e dou-lhe a minha mão, para nos cumprimentar-mos, mas em vez disso o meu membro é afastado e sou rodeada pelos seus musculosos braços num abraço demasiado apertado que me faz levantar os pés do chão.

"Demasiado contacto." Tento ser ouvida com a minha boca contra a camisola cheia de perfume e ele sorri, pousando-me no chão. "Tantas saudades minhas assim?"

"Não. Só fiz isto para te irritar porque sei que tu odeias abraços." Calum diz, com um sorriso orgulhoso estampado no seu rosto e reviro os olhos. idiota.

Ele entra, saudando Ashton e Abi que o recebem calorosamente, e um abraço demasiado gay é trocado pelos dois rapazes fazendo-me duvidar da sua verdadeira sexualidade. Ou então há quanto tempo é que não se viam. Por alguma razão desconhecida por mim, Calum e Abigail já se conheciam, e pergunto-me quantas coisas a minha melhor amiga tem para me contar neste momento. Pelos visto muitas coisas se tinham passado sem eu ter conhecimento.

Volto ao meu lugar, no velho e praticamente roto sofá bordô, e o rapaz vem atrás de mim, sentando-se ao meu lado.

"Tu estás mesmo a ver este filme?" ele pergunta após alguns minutos e encolho os ombros.

"Juro que não há nada melhor do que isto."

O comando é roubado das minhas mãos rápidamente e um zapping é feito por Calum, parando a sua ação num canal que transmitia um programa sobre músicos e as suas tours mundiais.

Não me lembro de isto estar aqui.

Uma banda constítuida por cinco rapazes demasiado atraentes para estarem todos juntos é apresentada com o seu mais recente sucesso mundial. What makes you beautiful. Todos eles estão sentados em cadeiras, com as suas roupas merdosas de inverno, que os humanos hoje em dis consideram estar na moda, e não consigo evitar rir descontroladamente assim que Calum elogia a sua música. Na minha memória nenhuma melodia com esse nome foi ouvida pelos meus sensíveis ouvidos com um bom gosto músical, mas não espero ouvir tal barbaridade cantada por 5 estúpidos adolescentes com vozes manipuladas e canções e amor. Por favor, aquilo era um suicídio ao meu corpo.

Hopeless || {C.H.}Où les histoires vivent. Découvrez maintenant