12.

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|| Ruby ||

A pesada porta de um material metálico à nossa frente é aberta e fecho os olhos quando sou submetida a diferença de temperatura entre o interior e o exterior. Uma brisa fria faz o meu suor secar automaticamente e pela primeira vez na noite consigo respirar ar puro, sem nenhum tóxico à minha volta.

Estávamos no telhado do bar, pelo menos num telhado qualquer, mas o cansaço do meu corpo já não me permitia distinguir se isto era mesmo real e se tínhamos subido as escadas certas. Não estava aqui ninguém além de mim, Ashton e os barulhos do movimento da cidade de Sydney. Era como se conseguisse tornar os carros numa enorme orquestra que apenas atuava para nós colocando-me muito mais relaxada e quieta, tipo uma terapia.

"Abre os olhos Ruby, assim não consegues ver a vista." A voz de Ashton desperta-me no meu momento de apreciação ao local e sigo as suas ordens enquanto sou movimentada para a borda do enorme terraço.

Os prédios, as casas, as luzes... Tudo estava sobre o nosso olhar curioso agora, como um pequeno tesouro escondido até hoje. O meu coração bate depressa quando me inclino sobre a pedra que separava o chão do fim da minha vida. Os carros andavam depressa e de uma forma divertida a meu ver, e sentia que me chamavam para eles, fazendo-me realizar o sonho de voar uns segundos antes de acabar com o pesadelo que tinha de enfrentar todos os dias. Mas mais uma vez, Ashton faz-me abandonar os pensamentos que me consomem a mente quando me aperta a mão, que por sinal ainda estava entrelaçada na dele, e olho na sua direção acalmando-me automaticamente quando encontro a sua expressão simpática.

"Eu costumo vir aqui quando quero ficar sozinho, acho que isto me ajuda a pensar que tenho de aproveitar a minha oportunidade de vida e lutar por tudo o que quero."

Arrepio-me, mas não sei se é pelas suas palavras ou simplesmente pelo frio que embatia nos meus braços nus. Quem me dera pensar assim um dia. Que a minha vida vale a pena.

"Isto é bonito aqui."

"Não posso dizer que és a primeira rapariga que trago aqui porque, uh, isso ia ser muito piroso. E acho que consegues imaginar a utilidade de ter um sítio como este ao nosso dispor." Ele diz enquanto solta uma gargalhada nervosa e retribuo não me sentido desconfortável com as suas palavras.

"Isso quer dizer que já curtiste com uma miúda no exato sítio onde estamos?"

"Não exatamente aqui mas por aí."

E não consigo controlar uma gargalhada de sair dos meus lábios, naturalmente sem dor, como uma sensação nova que já não experimentava meses ou anos. Era suave a agradável, demasiado estranho e bom para ser real.

"Que nojo Ashton!" Resmungo empurrando-o ligeiramente e ele ri murmurando um -desculpa- divertido.

Alguns momentos de silêncio seguem-se até que nos decidimos sentar na pedra gélida. Estava a um passo de conseguir acabar com a minha vida mas surpreendentemente a companhia do rapaz de cabelo despenteado fazia-me querer ficar aqui e não atirar-me da varanda. Talvez fosse das drogas que me estavam a deixar mais feliz e bem disposta, ou então a figura masculina ao meu lado usava qualquer tipo de magia.

"Ruby?"

"Sim?"

"Tenho saudades da Olívia, sabes?"

"Eu também Ashton... Eu também."

E uma pedra que estava cravada no meu coração sai do mesmo fazendo-me sentir mais leve por admitir o que me consumia a mente há anos a uma pessoa que partilhava o mesmo sentimento que eu. O musculoso braço de Ashton rodeia os meus ombros magros e destapados e repouso a minha cabeça na curva do seu pescoço permanecendo nesta posição confortável por imenso tempo, apenas ouvindo os carros e o mundo inquieto à nossa volta.

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Isto está super minimeu,

Nem se quer tem música

não me matem por favor,

ainda por cima já não público há 18383882 anos

Prometo que publico o próximo no fim-de-semana.. Mas é que tenho andado mesmo super ocupada com a escola :(

Ily

Votem e comentem xx

Hopeless || {C.H.}Where stories live. Discover now