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|| Ruby ||

"Olá Calum." A sua voz é extremamente intimidante e faz todos os pêlos do meu corpo se arrepiarem, principalmente depois de um sorriso perverso lhe aparecer nos lábios. "Oh, e tu deves ser a Ruby!"

A maneira como o seu olhar se dirige á minha pessoa fala mais do que uma hora de palavras ofensivas, tal como se ela fosse demasiado boa para se quer se preocupar comigo e com a minha triste imagem que supostamente ameaçava o rapaz que ela queria. Eu estava completamente apavorada. Normalmente numa situação destas eu até poderia fazer frente à rapariga é realmente ameaça-la, mas naquele momento era impossível fazê-lo na minha cabeça. As minhas pernas tremiam, assim como todos os meus membros e só consigo ganhar vontade de me esconder na sombra de Calum até ele a mandar afastar, mas permaneço ao seu lado.

"Sim, sou eu." Literalmente rosno, contrariando a insegurança que estava a sentir.

"O que é que queres?" O tom de voz de Calum sobrepõe-se ao meu de uma maneira ameaçadora e sinto-me como uma daquelas crias dos leões que está a ser protegida pela mãe.

"Só vim dizer olá, acalma-te coração."

Ela era irritante, desde a ponta das unhas de gel falsas até aos dedos dos pés. Era como se ela por si apenas a respirar provocasse em mim uma certa repulsão, fazendo-me sentir tão rebaixada como com coragem para a desfazer um pedaços para alimentar animais.

Uma das suas mãos viaja até ao ombro de Calum massajando-o ligeiramente e estou cada vez mais perto de explodir mas o rapaz afasta-a com desdém.

"Deixa-nos em paz." Calum fala por cima dela "já te disse que te podes arrepender se não o fizeres."

Kayleen ri-se mostrando os seus dentes brancos e perfeitamente alinhados numa gargalhada rouca e mais grave que o que estou habituada a ouvir. Após colocar a sua bolsa cara no ombro, como se ma quisesse mostrar, aproxima-se de mim e do moreno com uma postura altiva e fala, baixo:

"Que eu saiba fui eu que disse isso querido e tu mentiste-me a cerca dela, certo?"

Eu sou a "ela". Aquela que é demasiado baixa e insignificante para tomar partido na conversa entre os dois, que cujo nome já foi falado por alguma razão desconhecida e que acaba por se meter num caminho onde não é chamada. E aqui estava eu outra vez, sem fazer a mínima ideia de como controlar esta situação.

"Eu não te tenho de dar satisfações. Tu nem fazes parte da minha vida, nem passas de uma mera ex-conhecida. Por isso desaparece de uma vez por todas porque nem eu nem a minha namorada queremos saber de ti. Percebe isso."

A minha mente parece demasiado lenta para processar a informação que sai dos carnudos lábios que tanto adoro de Calum, que acabam de proferir palavras que parecem ser desconhecidas para mim no momento. Ele nomeou-me como a sua namorada, à frente de Kayleen, mesmo depois de todas as ameaças e de saber o quanto isto podia significar para ela.

"E-eu não-"

"Nem tentes responder." Calum interrompe a rapariga com a mesma ferocidade que manteve em toda a conversa "eu nunca mais te quero ver Kayleen e espero não ter de tomar medidas para fazer isso acontecer."

Nos olhos claros da morena aparece uma extrema raiva, dirigida a mim e quase posso jurar sentir a minha pele arder com a intensidade do seu olhar. Num segundo ganho coragem para pelo menos tentar lançar-lhe algo ameaçador também com os meus olhos e recomponho a minha postura, esticando as minhas costas com uma certa segurança. Trocamos palavras com os olhos, insultos, ameaças, desejos... E mesmo que não me sentisse capaz de competir com o seu físico, dou-lhe a hipótese de pensar que sim.

"Ele vai ser meu, nem que eu tenha de me esfolar para isso." Ela sussurra perto de mim antes de nos abandonar e é aí que deixo o impulso tomar conta do meu corpo.

Sem ter tempo para medir as consequências do que estava prestes a a fazer, levo o meu punho fechado até á sua cara com toda a força que possuo no momento e faço a rapariga cambalear para trás, desequilibrando-se dos seu saltos até cair para o chão.

A minha mão dói ligeiramente, mas não a consigo ter tempo para pensar nisso com o sangue a fervilhar por todo o meu corpo com a adrenalina nos seus níveis máximos dentro de mim.

Estava toda a gente a olhar para mim com uma cara assustada, Calum estava estático e chocado, Kayleen perto de desfazer em lágimas com a mão sobre o nariz ensanguentado e praticamente toda a gente á nossa volta parava para ver qual iria ser a reação da morena no chão.

O que não tarda muito a chegar.

Antes de eu ter tempo para recuperar a minha respiração irregular Kayleen atira-se para mim com raiva e agarra no meu cabelo, puxando-o com demasiada força para si.

"Achas que eu não sei ser tão selvagem como tu?" Ela grita, fazendo a minha cabeça doer e desta vez enfio o punho no meio da sua barriga tentando afastá-la.

Mas sem efeito.

Kayleen ganha força suficiente para não voltar a ir de encontro ao chão e deixa uma chapada na minha pele, fazendo esta arder com o impacto. No entanto a pior dor só nasce alguns segundos depois quando me apercebo que também o seu anel veio de encontro ao meu lábio, abrindo-o.

Mas quando ela se prepara para voltar a atacar-me agarro num dos seus braços, num ato rápido, e prendo-o atrás das suas costas sem que ela tenha qualquer hipótese de resistir.

"Podes tentar, mas tão selvagem como eu nunca vais conseguir ser." sussurro divertidamente contra o seu ouvido e ela geme de dor, fazendo-me rir e larga-la no chão alguns segundos a seguir.

Sinto os meus braços a serem agarrados atrás das costas por alguém com o triplo da minha força e rapidamente reconheço pelo olfacto o perfume de Calum, enquanto um segurança enorme corre até Kayleen pegando nela da mesma forma. Dou por mim com dezenas de pessoas á nossa volta, algumas com telemóvel, outras apenas assustadas ou chocadas com as nossas atitudes e o pior de tudo, aquelas que se riam, como se de um espetáculo de comédia a situação se trata-se.

A sensação da adrenalina estava ainda mais presente agora no meu corpo, o sangue bombeado através do meu coração parece não ter espaço suficiente para circular, pelo que bate em cada canto dos meus dedos e cabeça, que de um momento para o outro começou a doer intensamente. Pisco os olhos na tentativa de me manter ciente da realidade que me rodeava mas já não me era permitido ouvir nada além de um "pii" contínuo, que me leva á loucura.

Sei que Kayleen está a gritar, consigo vê-lo pelos seus olhos vermelhos e cheios de lágrimas a apontar para mim a alguns metros de distância enquanto o segurança a segue dirigindo o seu olhar para mim também.

Era como se tudo estivesse acontecer novamente, como se o meu passado e as minhas atitudes de adolescente estivessem a ferver dentro da minha pele, fazendo-me ir de encontro á dura realidade de que afinal, nada tinha mudado.

Nada tinha mudado.

"Ruby!? Estás a ouvir-me?" A voz de Calum é a única coisa que consigo ouvir em minutos e um grande alívio percorre o meu corpo ao recordar a sua presença, sempre ao meu lado.

"E-eu estou bem." digo, com a respiração presa na garganta.

O ardor na minha pele torna-se agora real, como se até agora estivesse desligada da sentido do tacto e levo a mão até ao lábio ferido, enchendo esta com sangue.

"Leva-me daqui, por favor." imploro, olhando diretamente nos seus olhos escuros que transpareciam a sua preocupação.

E sem ter de dizer mais nada, sou levantada até á suas cavalitas, apoiando-me nas suas costas com toda a força que continha no momento para não cair enquanto Calum corria a uma velocidade sobrehumana.

[...]

Mini capítulo :(

sorry pela demora mas não pude escrever em Londres

E vou já começar a escrever o próximo, don't worry!

ily

Hopeless || {C.H.}Where stories live. Discover now