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|| Ruby ||

Eram 8 da noite e ainda estávamos todos em casa a preparmo-nos para a terceira longa e divertida noite que nos esperava daqui a poucas horas. Alguns dos rapazes tomavam banho enquanto eu optara por fazê-lo quando voltasse e assim que acabo de vestir as peças escolhidas por mim para usar, miro a minha imagem magra e pálida ao espelho de um dos armários do quarto onde Calum e eu estávamos a dormir. A camisola negra, sem ombros, contrastava totalmente com o meu tom de pele claro e as calças de cinta subida com uma lavagem clara davam uma certa evidência á minha cinta, o que provavelmente considero como ponto mais forte do meu corpo. Como está frio no exterior, coisa que confirmo pela chuva que batia iramente contra as janelas, coloco um dos meus casacos mais grossos para vestir quando decidirmos abandonar o apartamento e após colocar todos os meus pertences necessários dentro de uma bolsa sento-me na cama, estafada e com as costas a doer da caminhada que fora obrigada a fazer durante o dia.

Os últimos dias tinham sido, provavelmente, os dias mais cansativos e divertidos da minha vida. Não haviam palavras suficientes para descrever os momentos na cidade inglesa, desde lutas de neve a enganos na paragem de metro que nos levavam para sítios desconhecidos, dvido a um mapa mal feito que Michael insistira em comprar na primeira loja de velharias que lhe apareceu á frente. O choque de temperatura entre o nosso continente e este, no mês de dezembro, era algo que incomodava todos os meus companheiros, exceto eu, que parecia demasiado contente por ver as ruas cobertas de chuva ou neve, contrastando com as decorações luminosas da época natalícia que se aproximava. Estar aqui, em Londres, era quase como um sonho realizado e por muito que não o queira admitir para mim nem para nenhum deles, eu estava-lhes grata, muito mais grata do que alguma vez pude imaginar.

"Vais parar com essa merda?" a voz alta e irritada de Calum que vem de dentro da casa-de-banho, desperta-me, interrompendo o meu momento de silêncio e pergunto-me a mim mesma com quem é que o rapaz estará a falar naquele tom de voz, tendo a certeza que não era para mim.

"Eu já te disse que não!... Por favor, sabes bem que não há necessidade disso... Não, não quero..." aproximo-me lentamente do pedaço de madeira que nos separava, na tentativa de compreender com mais clareza o que se estaria a passar dentro da divisão. "Ai de ti Kayleen... Tu nem te atrevas!"

E assim que ouço o nome da rapariga que me levou a ter pensamentos controversos sobre Calum, sinto algo pesado formar-se dentro da minha barriga, como se toda a ira que conseguira controlar dentro de mim durante vários dias se desfizesse, apenas por ouvir uma série de letras seguidas. Fora por causa dela que eu caí, que eu decidir acabar com a minha vida, terminar o pesadelo diário... E tudo por causa de uma chamada em que ela me mentira sobre a verdadeira identidade. Se Calum não tivesse aparecido naquele dia e me tivesse salvo do mar, eu não estaria agora. Nunca teria vindo a Londres e formaria amizades tão fortes como as que estava a desenvolver com uma banda de atrasados mentais, literalmente. Será que haveria alguma razão especial por eles estarem a falar ou isto tinha sido mais uma coincidência em relaçao á rapariga cuja aparência era desconhecida por mim?

"Eu estou e Londres... sim... só com os rapazes." Calum dissera e mentira-lhe. Eu existia, eu estava aqui e Abigail e Lizzie também.

Por isso a minha pergunta era: Porquê mentir sobre mim?

Tenho vontade de abrir a porta, barafustar e compreender a razão de ele omitir informação importante á rapariga que se assemelhava a uma stalker do rapaz que afirmava gostar de mim. Não há nenhuma razão válida para Calum estar a falar com Kayleen, quanto mais mentir-lhe. E por isso mesmo sinto o meu mundo cheio de richas prestes a quebrar mais uma vez, sem que eu tenha control sobre a situação.

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|| Calum ||

"Ela também está aí não está? eu sei que sim!" Kayleen praticamente grita do outro lado da linha, fazendo a minha cabeça doer com o seu tom de voz irritante que já zumbia contra o meu ouvido há demasiado tempo. Estava totalmente farto de argumentar e barafustar contra ela, tentando mostrar-lhe a razão de eu não querer Ruby envolvida entre nós, de não a querer ameaçada, mas por uma razão ou outra Kayleen conseguia sempre pô-la em causa, ameaçando destruir a rapariga loira se ela tivesse viajado comigo ou mesmo namorar.

Hopeless || {C.H.}Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora