Capítulo 37

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Marisa Vilarela

2 MESES DEPOIS

As coisas estavam desnecessariamente estranhas ultimamente, depois das minhas suspeitas em relação ao tio George comecei a prestar mais atenção a essa família.

Uma vez eu voltei cedo da faculdade, não fui trabalhar esse dia porque estava com uma dor forte no estômago e Dante me levou para casa. Nesse dia, meu tio ficou pernambulando pela casa a tarde inteira, é claro que aquile acontecimento não me fez estranhar tanto, afinal de contas ele poderia ter tirado o dia para ficar em casa e descansar.

O estranho foi quando notei que tio George não saía de casa pela manhã e não voltava a casa de noite, ou ele trabalhava a partir de casa, ou ele tem uns horários de trabalho completamente fora do comum ou eles realmente estejam fincando sem dinheiro. Eu sei que isso não é da minha conta e talvez não devesse me meter, mas eu queria muito desvendar esse mistério.

-- Marisa.

-- Aí, que susto Roberta - estava tão distraída que quase caí desmaiada no chão.

Exagero, claro.

-- Susto porque? Estamos nós duas sentadas aqui estudando, você sabe que eu estou aqui ao teu lado, o que se passa? - Roberta parecia chateada.

-- O que foi?

-- O que foi? Você quer saber o que foi? - ela me encarava com um olhar penetrante. -- Pois bem, eu vou dizer o que foi... Eu estou aqui nesse restaurante a horas tentando terminar esse trabalho da faculdade que por sinal deve ser entregue amanhã e você passou a tarde toda com os pensamentos distantes que praticamente não me ajudou em nada, pedi que fosse dispenda do trabalho no restaurante porque considerava esse que está a nossa frente mais importante, mas parece que só o que está passando na sua cabeça é mais importante. -- ela falava sem parar -- talvez eu devesse deixar você e ir estudar com alguém que realmente esteja interessado ou que não tenha nenhum problema na vida... Haa, espere ai Marisa, todo mundo tem problemas -- sussurrou a última parte -- então, sendo assim, acho que vou jogar os cadernos fora, desistir da faculdade e arranjar um lugar para sentar e pensar em todos os meus problemas para ver se assim não fico como você.

Quando ela finalmente terminou de falar começou a juntar seus cadernos e alguns papéis que estavam espalhados pela mesa e guardou em sua pasta de costas. Eu não sabia o que dizer, ela estava certa, eu não a ajudei com o trabalho que sinceramente deveria ser no dia seguinte.

-- Roberta... - me interrompeu.

-- Está tudo ótimo, continue assim, calada e distante, eu vou me embora. - ela pegou seus pertences e saiu do restaurante sem olhar para trás.

Olhei meus cadernos e o notebook que estávamos usando para o trabalho, eu teria que fazer tudo sozinha e começar tudo do zero.
Afinal era um trabalho em duplas e eu acabei de deixar a minha dupla ir embora.

Estava sentindo um frio desgraçado, não fazia nem 20 minutos desde que a temperatura mudou e começou a esfriar. Estava sem agasalho pois o dia tinha começado quente, mas eu já deveria esperar uma coisa dessas, o inverno ainda não tinha terminado por completo no nosso país.

Peguei no meu celular para ver quantos dias faltavam para o meu aniversário, o mês seguinte era muito especial para mim, Setembro.

Meu aniversário de 18 anos, estava tão ansiosa.

Olhei as horas e já passavam das 6h, em alguns poucos minutos eu teria de sair para casa, com o frio que estava fazendo e sem agasalho, eu começava a imaginar que teria uma caminhada extremamente desagradável.

E quanto ao trabalho da faculdade eu deveria virar a madrugada fazendo.

Resolvi acessar as redes sociais para me distrair, talvez me desligar um pouco do mundo me faria voltar a reconectar de novo com o mundo mas de uma forma diferente. Enquanto eu navegava despreocupada pela internet algumas fotografias chegaram mas de um número desconhecido, não tive muita pressa em abrir as imagens e continuei minhas pesquisas divertidas.

Eu não me apercebi de que estava ficando sem carga no celular, o que mais tarde se tornou um dos meus maiores arrependimentos.

Arrumei as minhas coisas e saí para guardar o avental que trazia, mesmo não tendo trabalhado Sílvio me obrigou a usa-lo.

Você não deve se esquecer do seu lugar - palavras dele.

Ele era tão insuportável!

Depois que me despedi de alguns colegas do trabalho, peguei meus pertences e saí daquele edifício. Não precisei dar tantos passos para fora para notar o céu tão nublado, alguns relâmpagos silenciosos e o vento tão forte, as paredes e janelas do restaurante não me fizeram entender a realidade vivida ali fora. Olhei a minha volta e dei um longo suspiro: são apenas 15 minutos até em casa.

Fazia tanto frio, as nuvens cinzentas ficavam cada vez mais carregadas e eu estava ficando com medo. As ruas estavam desertas, não havia ninguém a beira da praia diferente dos outros dias, o céu estava tão escuro e graças a Deus havia eliminação pública, mas a luz não era assim tão forte.

Caminhei durante uns três minutos e então peguei no celular depois que ele vibrou no bolso da minha calça jeans, era só mais um aviso de que a qualquer momento ele iria se desligar. Ainda andando me bateu uma curiosidade e então resolvi olhar as fotografias que recebera alguns minutos atrás.

Olhei a primeira foto e nela haviam duas pessoas, um casal aparentemente num cenário não muito romântico, mas seus rostos não estavam expostos.

A pessoa deve ter enviado para o contacto telefónico errado.

Olhei as outras sem prestar muita atenção, até que no meio delas eu vi algo muito chocante.
Abri a fotografia e olhei para todos os detalhes, eu não pude acreditar no que via. Comecei a olhar para todas as outras fotografias e praticamente fiquei parada no meio da rua desacreditada. -- não é possível - falei para mim mesma tentando convencer a mim mesma de que o que via não era real -- Isso não é verdade, não pode ser verdade. - não é, não pode!

Rafaela Martins

-- Chegou a hora da minha vingança.

...

Olá amores!
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MARISA - A CamareiraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora