Capítulo 67

83 10 0
                                    

Marisa Vilarela

Conversamos por longos minutos sobre várias coisas, rimos e nos divertimos contando sobre nossas últimas experiências. Ficamos um tempo sem nos comunicarmos pelo celular, mas decidimos não tocar no assunto, eu não tinha um motivo para explicar isso e resolvi acreditar que ele também não.

-- Você continua linda. - disse ele.

Você também - pensei por mim.

-- Obrigada - sorri. -- você também não esta mal. - ele gargalhou, uma gargalhada gostosa.

-- Eu pedi para Miguel marcar esse encontro, queria te fazer uma surpresa.

-- Eu sei... Miguel estava super esquisito, só podia estar aprontando.

-- Pedi que ficasse frio. - pensou um pouco -- achei que não fosse querer me ver.

-- Não ficou. - sorri -- porque eu não iria querer te ver?

-- Tadinho, não pode ser um agente duplo. - ele me olhou sério -- não sei, tudo perdeu a graça quando me fez perceber que não não me queria.

-- Da próxima vez escolha outro cúmplice. - com isso deixei o outro assunto morrer.

-- Talvez escolha a Roberta - um bolor se formou em minha garganta quando Bruno a mencionou -- a propósito, como está ela?

-- Estranha, não é mais como você a conhece, em outra altura eu te conto sobre isso.

-- Tudo bem! Espero que isso não seja ruim... - fez uma pausa -- falo da mudança.

Dei um sorriso e não tocamos no assunto.
Conversamos por mais alguns minutos até Miguel voltar a sala e o encaramos com ânimo.

-- E como está o clima lá fora? - indagou Bruno. -- vejo que não está molhado.

-- Quer dizer que percebeu o que tinha dito, achei que tivesse tocado a lua quando viu o rosto da Marisa.

Eu não podia ver meu rosto mas tinha certeza de que ficou todo vermelho após ouvir essas palavras. Bruno me encarou e eu fiquei mais ruborizada ainda.

-- Que horas vai para casa? - perguntou Bruno ignorando o comentário de Miguel -- eu poderia levá-la.

-- Ainda tem o que falar comigo Miguel? - olhei para Miguel esperando uma resposta antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ao Bruno.

-- Não! - falou sem rodeio e então vi um sorriso se formar no rosto de Bruno.

-- Podemos ir agora!

Nos levantamos e nos despedimos de Miguel e da tia Cacilda que surgiu na sala poucos minutos antes da nossa partida.

No caminho para casa conversamos sobre trivialidades, Bruno contou que estava de volta a cidade de Maputo e nada por enquanto o faria ir embora outra vez.

Chegamos a casa e ele desceu do carro, deu a volta e abriu a porta para mim, me estendeu a mão e ajudou a descer do carro, me olhou nos olhos enquanto segurava e acariciava minha mão.

-- Adorei ver você, mas do que eu pensei que pudesse gostar.

Eu também!

-- É, foi muito giro. - dei um largo sorriso e agradeci a Deus mentalmente por nos permitir manter nossos pensamentos só nossos.

Ele beijou minha mão e voltou seu olhar para mim, me olhando fixamente nos olhos e depois aproximou seu rosto do meu beijando intensamente no canto da minha boca, meu corpo estremeceu e senti vergonha só de imaginar que ele poderia ter percebido o meu estado.

Bruno foi embora e eu entrei em casa, estava nas nuvens, distraída e com os pensamentos muito distantes.
Uma coisa diferente estava acontecendo, eu estava feliz e passei o resto do dia sorrindo sem motivo.

Fiz todos os trabalhos da casa cantando.

-- Oi - Roberta surgiu do nada me assustando.

-- Oi... Oi, me assustou. - olhei para ela que parecia confusa e curiosa -- precisa de alguma coisa?

-- Não. - ela se aproximou e sentiu a volta da mesa na cozinha, onde eu fazia o jantar. -- ouvi você cantando... - ela parecia querer dizer alguma coisa o que me fez esperar para ouvir mas então ela decidiu se calar.

-- Sei como isso é raro! - falei baixinho, para mim mesma mas ela conseguiu escutar. -- acabei de fazer uma sopa de frango se você quiser.

-- Não, obrigada!

-- Tudo bem!

-- O que aconteceu? Parece muito animada.

-- Eu não sei direito. - falei sincera.

-- Sei - respondeu com desdém -- então continue. - se levantou abruptamente e saiu da cozinha batendo o pé com força.

-- Roberta! - ela me ignorou e sumiu da minha vista. -- tá!

Continuei com meus afazeres e depois de findado o meu trabalho tomei meu banho e coloquei o jantar na mesa, a mesma hora de sempre nos juntamos todos para o jantar e se fez silêncio o tempo inteiro até o final, num dia em que estava muito feliz, ou outros estavam muito tensos.

...

O resto da semana passou tranquilamente e decidi voltar a casa da minha tia para visitar a Rafaela e sua filha Marcela.
Miguel já está morando em outro lugar mas por causa da minha ida a casa da tia Cacilda ele resolveu ir lá também.

Segurava minha linda sobrinha no colo e brincava divertidamente com ela, era uma criança encantadora, tão fofa e bochechuda, não me cansei de beijar seu rosto.

Rafaela estava tão mudada, era uma ótima mãe e tudo o que era quando a conheci basicamente não existe mais.
Passamos a tarde inteira em família, tio George não estava em casa e se estivesse com certeza estaria trancado no quarto.
Eu queria ter ido com Roberta, mas ela estava tão diferente que eu duvidei se poderia ser uma boa ideia.

Estávamos juntos a mesa durante o almoço conversando e nos divertindo.

-- Eu tenho uma notícia muito boa para partilhar. - disse Miguel animado.

-- Uau, fala Miguel - disse Rafaela e olhamos todas para ele.

-- Eu tenho uma namorada - ele disse com alegria e nos fez gargalhar. -- um dia trarei ela para que possam conhecer.

-- Não demore muito com isso - Disse Cacilda com um sorriso no rosto.

-- Não demore mesmo! Qual é o nome dela? - antes que eu pudesse ouvir a resposta a minha questão ouvimos batidas na porta.

Miguel se levantou para abrir e todas nós saímos até a sala de estar quando ouvimos vozes estridentes.

-- Onde está a sua mãe - eram duas mulheres idênticas a porta, uma igualzinha a outra.

Gêmeos idênticos sempre me provocaram arrepios.

-- Estou aqui! - disse tia Cacilda surgindo atrás de mim.

-- Oi, irmã...

MARISA - A CamareiraDonde viven las historias. Descúbrelo ahora