Marisa Vilarela
-- Oi, irmã... - disse uma das mulheres misteriosas nos causando muito espanto.
Cacilda ficou em silêncio por quase 1 minuto apenas encarando as mulheres a sua frente. Miguel, Rafaela e eu nos encaramos admirados com aquela situação.
-- O que está havendo? - perguntou Miguel quebrando o silêncio. -- mãe, pode explicar?
O sorriso que a pouco brincava no rosto de Cacilda sumiu e deu espaço para uma expressão de preocupação e medo.
-- Quem vais nos convidar para entrar? - uma das melhores se pronunciou exibindo um sorriso aterrador.
A outra mulher atravessou a porta e entrou na casa sem nenhum consentimento e caminhou de vagar em minha direção.
-- Você deve ser a filha da Marta, com aquele portuguesinho maltrapilho- tocou em meus cabelos e sorriu me causando medo -- fiquei sabendo que ela morreu, eu sinto muito. - a pesar dessas palavras ela não parecia sentir coisa alguma.
-- E a senhora, quem é?
Ela gargalhou e se virou de costas para mim, encarou sua irmã gêmea e gargalharam.
-- Entre! - disse Cacilda por fim, sua voz estava embaçada, limpou a garganta e então prosseguiu -- essas, meus filhos, são suas tias, Esther e Samanta, minhas irmãs.
-- Bravo! - disse uma das irmãs -- parabéns querida, e já agora, eu sou Esther. - gargalhou.
-- O que vocês querem? - perguntou Cacilda. Minha tia estava visivelmente incomodada com a situação. -- Rafaela vai pegar a Marcela e leve-a para o quarto.
Sem questionar, Rafaela fez o que a mãe mandara.
-- Olha só Samanta, mesmo não sendo mais rica continua com a soberba. - disse Esther -- olha como você caiu Cacilda, agora mora nesse chiqueiro.
-- Vai ou não responder a minha questão? - disse Cacilda um pouco alterada.
-- Fique calma irmãzinha - respondeu Samanta com um tom de sarcasmo em sua voz. -- viemos conversar, conhecer nossos sobrinhos... A propósito, continua casada com o fracassado do George? - as duas gargalharam como se aquela fosse a piada do ano.
-- Mãe... - disse Miguel porém Cacilda o interrompeu.
-- Depois eu falo convosco, sei que lhes devo explicações. - virou para nos encarar. -- eu preciso conversar com elas, por favor Miguel leve Marisa para casa e vá com Rafaela e Marcela com você, depois eu explico tudo.
-- Você tem certeza? - indagou Miguel com preocupação.
-- Sim, eu vou ficar bem.
-- Uau que lindo, Cacilda, minha irmã Cacilda, a mãe do ano. - disse Samanta com desdém.
Miguel segurou Marcela no colo e então saímos da casa como tia Cacilda ordenou.
-- Estou muito inquieta - disse Rafaela quando já estávamos distantes da casa.
-- Minha mãe já tinha dito... Anos atrás antes de me mudar para vossa casa, quando eu sube da vossa existência, minha mãe falou que tinha três irmãs. - falei me lembrando daquele dia.
-- Nós nunca soubemos de nada - disse Miguel segurando firmemente no volante -- só espero que nada aconteça a nossa mãe, aquelas duas pareciam instáveis.
-- E sua mãe não disse mais nada sobre essas irmãs? - Perguntou Rafaela.
-- Não! Nunca mais tocou no assunto.
E se fez silêncio por longos minutos.
Quando estávamos quase chegando a casa onde eu morava meu celular vibrou notificando o recebimento de uma nova mensagem."Eu observo você e vou destruir tudo o que tem, todos que te amam até você admitir que me conhece ..."
Engoli seco ao ler a mensagem e aproveitei a presença de Miguel e mostrei a mensagem para ele.
-- Eu tenho recebido mensagens deste tipo quase todas as semanas. - Miguel parou o carro numa esquina para poder analisar a mensagem.
-- E porque nunca disse nada?
-- Eu não sei, Miguel eu não conheço esse homem e agora estou com medo.
-- Quando e como isso começou?
-- Eu não sei, um dia destes eu recebi uma ligação com um número desconhecido dizendo uma coisa estranha, eu não lembro com exatidão...
-- E é sempre com o mesmo número?
-- Não!
-- Acho melhor irmos as autoridades policiais.
-- Você acha que é uma boa ideia?
-- Vamos tentar. Me dê seu celular, mais tarde eu trago outro para que use só em situações de emergência, está claro?
-- Sim!
Antes de avançarmos outra mensagem entrou no meu celular e Miguel leu em voz alta:
"Muito cuidado com o que vai fazer"
-- A mensagem de texto foi enviada por um número diferente. - observou Miguel.
-- O que estará acontecendo Miguel? Será algum tipo de brincadeira?
-- Não sei! Estou preocupado.
-- Por favor informe ao Bruno que ficarei um tempo incomunicável. - Miguel se virou para mim e sorriu.
-- Bruno? - perguntou Rafaela -- O Bruno voltou?
-- Voltou e parece que se deu bem com a Marisa - os dois gargalharam me deixando envergonhada. -- olha Rafaela, sempre que se fala nele ela fica vermelha.
-- Marisa, sua safada. - e se seguiram minutos de provocação por parte deles até finalmente chegar em casa.
Me despedi dos três e entrei em casa, Roberta e Pedro estavam na sala vendo televisão, a casa estava uma bagunça, eu tinha saído cedo de casa antes que pudesse fazer qualquer faxina.
Fiquei com raiva, dei boa tarde e saí para o quarto me trocar, o dia estava sendo todo estranho e tudo o que queria era descansar mas em vez disso eu deveria arrumar a bagunça que eles fizeram, fazer o jantar e só depois disso poder dormir.
A rotina se tornava mais cansativa e já não estava conseguindo conciliar, realmente eu não era obrigada a fazer todos os trabalhos domésticos sozinha.
Respeitei profundamente e saí do quarto para realizar as tarefas.
-- Me permitam arrumar a sala por favor - já tinha arrumado o resto da casa.
-- Não pode limpar em outro lugar? O filme está muito bom. - respondeu Roberta me surpreendendo.
-- O que disse? - olhei para ela que me ignorava.
-- Eu disse, Marisa, vai limpar em outro lugar.
Fiquei com tanta raiva e peguei numa almofada e bati na cabeça dela.
-- Eu não sou sua empregada. - falei e me afastei.
-- Roberta, porque você falou assim?
-- Estou de saco cheio Pedro!
-- Levante agora e limpe a sala, Marisa tem feito tudo sozinha a semanas e tudo o que você tem feito é ser mal criada.
-- Que droga! - ela se levantou com raiva e foi até o quarto.
-- Marisa! - Pedro chamou meu nome e eu me aproximei. -- não faça mais nada por hoje, vai descansar.
-- Obrigada Pedro, mas eu posso fazer o jantar.
-- Não precisa fazer nada, tome um banho e faça o que quiser, está bem?
-- Está bem! - sorri para ele que retribuiu o sorriso.