Marisa Vilarela
-- Como foi seu encontro com Bruno ontem? - larguei a caneta por cima da mesa irritava, Roberta não parava de falar desde que cheguei a faculdade. -- O que foi? Está de TPM?
-- Você não consegue parar de falar não é?
-- Você está exagerando Marisa, o que eu fiz de errado?... Só fiz uma pergunta.
Ela estava certa, eu andava tão stressada ultimamente, eu não sabia nem explicar porque. Me sentia cansada, sufocada.
Tão nova e já tinha que assumir tantas responsabilidades e ainda ter que aturar a confusão da faculdade, estava com a cabeça super lotada.
-- Você... Me desculpe Roberta. Vem, me dê um abraço. - me aproximei dela para a abraçar, estava precisando de carinho, de um colo.
-- Porque está assim? O que houve?
-- Eu não sei, me sinto tão carente, sensível, irritava, preocupada, cansada, um montão de coisas. Poderia passar a manhã toda falando.
-- Eu acho que você deveria arranjar um namorado - sua expressão de preocupação mudou para uma de deboche.
-- Idiota.
-- Ridícula, mas é claro que estou certa... Se você tivesse um namorado estaria mais relaxada.
-- O que está insinuando? Com tantos problemas você acha que ainda posso gerir um relacionamento? Com que tempo Roberta?
-- Tá, esqueça o que eu disse.
-- Além do mais, eu não estou apaixonada. - minha voz saiu como uma súplica.
Será que eu desejava ter um namorado? Ou estar apaixonada?
Sei lá.
-- O Dante está interessado... - Roberta exibia um sorriso provocador -- O Bruno também. - concluiu sua frase maligna.
-- Venenosa - franzi o senho -- O Dante é comprometido e o Bruno não me interessa.
-- Se o Dante não fosse comprometido você diria sim para ele?
-- Aff, que perguntas são essas - revirei os olhos.
-- O que foi? Não é capaz de responder a minha questão? - Roberta estava determinada.
Mas será que Dante me interessa?
Me lembro do rosto dele quase colocado ao meu, aquele perfume maravilhoso que não sai da minha memória.
Seria ótimo poder voltar a sentir.
O que é isso Marisa, que pensamentos são esses.
Culpa da Roberta.
Será?
Meu cérebro... Agrh
-- Vamos focar na aula okey? - ordenei a Roberta.
-- Okey, mas so depois que me falar o que estava pensando.
-- Eu vou matar você - quase gritei e todos na aula se viraram para mim.
-- Marisa e Roberta - o docente disse nossos nomes me deixando assustada. -- quero que se retirem agora!
-- Por favor Docente, nos perdoe, não voltará a acontecer -- supliquei, enquanto Roberta segurava uma gargalhada.
-- Estou a mais de 5 minutos ouvindo vossas conversas, fora da minha aula - ordenou e nos deu as costas.
-- Ótimo Roberta, parabéns... Conseguiu que fossemos expulsas da aula.
-- Você poderia ter dito que foi bom ou mau.
-- O quê?
-- O encontro com Bruno... - pensou um pouco -- foi o que eu perguntei.
-- Roberta você me paga. - eu já tinha começado o dia mau humorada e minha amiga decidiu piorar minha situação, que ótimo.
-- O que estão esperando? Fora! - o docente gritou fazendo a turma toda rir.
Que humilhação.
Naquela hora me arrependi amargamente por não ter respondido a pergunta inicial de Roberta.
O passeio tinha sido ótimo.
...
Estávamos sentadas no campo da universidade esperando o tempo passar para entrar noutra aula.
Eu estava quieta, não tinha humor para conversas e Roberta só me olhava, parecia querer ler meus pensamentos.
-- Olha quem está vindo. - Essas foram as primeiras palavras de Roberta desde que nos sentamos ali naquele lugar.
Olhei na direção que Roberta olhava e vi Dante se aproximar. Ele estava sozinho.
-- Oi, poderia nos deixar a sós? - dirigiu suas palavras a Roberta.
Roberta se levantou, piscou para mim e foi embora, me deixando sozinha com Dante.
-- Você não tem aula agora? - indagou.
-- Tenho sim, fui explusa - respondi sincera.
-- Sério? E porque? Você parece tão certinha. - se aproximou mais de mim e se pôs sentado ao meu lado.
-- Porque eu não tenho namorado - Dante gargalhou e só assim percebi a resposta idiota que dei -- não, não isso, é que... Roberta estava falando e... - me interrompeu, e fez bem, estava tão nervosa que poderia piorar a situação.
-- Então não tem namorado! Interessante. - ele sorria, um sorriso de satisfação.
-- Não é isso, mas também não tem importância - respondi sem ânimo.
-- O que há com você? Na nossa última conversa você me mostrou ser mais do que isso. Ou será que está precisando da minha companhia... - disse se gabando.
-- E você não deveria ter aula? - tentei desconversar, não tive muito sucesso.
-- Se você não tem namorado, o que acha de sair comigo?
-- Você ainda namora a minha prima. - respondi rude.
-- Eu já falei para você princesa, eu não sou de ninguém, mas posso ser de quem eu quiser.
-- Está bem, então vai ser dela e saí daqui. - ele bateu as palmas.
-- Cá está a nervosinha... gosto mais assim sabia? - se aproximou seu rosto do meu.
A ponta do seu nariz encostou no meu, seus olhos estavam abertos e ele olhava dentro dos meus.
-- Afaste-se - falei, mas eu poderia ter me afastado, mas não pude.
-- Se quer tanto, faça-o tu - disse.
Fiquei ali, daquele jeito com ele por mais algum tempo, quem diria que eu não conseguiria me afastar dele.
Porque?
Eu sentia sua respiração calma e ritmada, o cheiro bom do seu rosto, ele me agradava ou eu estava mesmo louca.
Aqueles olhos lindos ainda olhavam os meus, me faziam viajar e eu desejava beijo.
-- Eu sabia que não conseguiria - a voz de Dante me fez sair do meu transe. -- Você me quer.
Estava tão envergonhada e com certeza ele notou, ele me olhava com um sorriso de satisfação.
-- Sai daqui - eu não podia ver, mas sabia que meu rosto estava vermelho. -- e pare de dizer idiotices.
-- Eu até iria embora, pena que não é isso que você realmente quer, eu vi em seus olhos.
-- Ora, ora, ora... - ouvimos uma voz bem perto de nós.
...
Espero que gostem do capítulo.
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