1 - Novo Vizinho

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Mais um projeto, babys, segurem-se. 

*Publicado em: 12/05/20
*Revisado em: 26/11/20

*Publicado em: 12/05/20*Revisado em: 26/11/20

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Clima frio e silêncio. Apenas o som das gotas de chuva batendo contra a vidraça e o lento, quase inaudível, mover de passos no apartamento do andar de cima, tão sutil que poderia ser confundido com o som da calefação. O ruído das vozes que normalmente era imperceptível estava abafado pelo trepidar das gotas chocando-se de modo rítmico sobre o telhado.

Katsuki se levantou do ninho, aspirando feliz o agradável aroma de terra e concreto molhado, mantendo um pequeno sorriso no canto da boca enquanto caminhava pelo apartamento. O dia estava perfeito para dar continuidade ao romance que escrevia. Sentaria na sala, com um copo fumegante de chá, o notebook ligado, o corpo coberto pelo moletom macio e trabalharia até os dedos caírem.

Calçou as pantufas confortáveis e começou a organizar seu cantinho de escrita, apreciando o som e luminosidade natural daquele dia nebuloso. Pela sacada da sala pôde apreciar as densas nuvens e a cortina de pequenas gotas agora que a força da chuva cedia um pouco, esbranquiçada como se criasse um espelho de água embaçado. Apenas o gotejar da água que escorria pelas telhas e encanamento. Logo a chuva ganharia mais força e voltaria a tamborilar na sacada parcialmente molhada, o que o fez manter os vidros fechados.

Antes de sentar ele tomou seu tempo alongando os músculos e se preparando para as horas em que passaria sentado. A chuva adiaria o treino de yoga diário que praticava na varanda, mas não havia problema, ele poderia pular um dia ou mesmo movê-lo para ocupar outro horário em sua rotina.

Sentou-se enfim, suspirando satisfeito por desfrutar de uma atmosfera de paz e tranquilidade, perfeita para poder se concentrar na trama policial; seria um capítulo tenso de descrever pois o assassino estava a espreita de uma nova vítima e faria uma bagunça em sua passagem pela casa da incauta. A mulher de vinte e cinco anos, solteira e beta, perfeita para servir de isca sequer imaginava que estava à poucos minutos de se encontrar com a morte. Katsuki podia sentir a ansiedade da vítima ao escutar os noticiários, ele vivia as emoções dos personagens à flor da pele. Sentia como se fosse o próprio assassino, escondido em um canto escuro a se rejubilar enquanto vigiava a presa, apenas esperando o momento perfeito para atacar; ou, na pele do detetive, se frustrava por não ter conseguir desvendar as pistas e encontrar o serial killer em tempo hábil antes que ele faça a próxima vítima.

E para fazer esses mergulhos na psiquê de seus personagens e assim poder descrever suas emoções da maneira mais fiel possível, ele precisava de silêncio. De preferência aquele tipo de silêncio que experimentava, no qual os ruídos ao fundo podiam ser facilmente ignorados. Esse foi um dos motivos que o fez finalmente sair da casa dos pais quando conquistou autonomia financeira suficiente para fazê-lo, afinal não tinha como se concentrar com sua mãe o tempo inteiro o interrompendo com discussões inúteis e pedidos absurdos. O pai era tranquilo e não o atrapalhava, até mesmo tentava fazer a esposa entender o motivo de ele precisar de sossego. Contudo ela nunca escutava, era egoísta demais para algo assim e sempre julgava seu trabalho como brincadeira, diminuindo seus esforços e vociferando para que se dedicasse à um trabalho que fosse — na concepção dela — verdadeiro e sério.

Na Porta Ao LadoWhere stories live. Discover now