Deixarei maiores comentários para o final.
O estômago de Eijiro revirava de ansiedade enquanto ele comia, observando de vez em quando Seiji de esguelha. O ômega bebericava um cappucino, o olhar um tanto distante, fitando a movimentação da cidade mais de trinta e cinco andares abaixo. O apartamento era luxuoso, tal qual o alfa previra.
O assunto pairava sobre a cabeça de ambos e o alfa desejou poder assoprar aquela pequena nuvem de ansiedade para longe. Conhecia bem Seiji, sabia que ele tocaria em sua ferida, querendo ele ou não, e tentou se preparar para o momento, muito embora parecesse uma missão impossível.
— Quantos anos se foram mesmo? — o ômega iniciou, o olhar ainda pousado na paisagem — oito... dez...?
— Doze. — Eijiro o corrigiu.
— Sim, são doze. — concordou, sorrindo em nostalgia— Eu tinha vinte anos, você era dois anos mais novo que eu, se não me engano. Um cara bonito e tímido a princípio, mas muito ousado. Lembra como me convidou para sair a primeira vez? Foi tão patético e ao mesmo tempo fofo.
— Se me lembro bem, você gostou da declaração, disse que tinha sido original.
— Claro que falei, não queria ofender ou humilhar você, afinal mesmo tendo sido de mal gosto a escolha do buquê e todo o cortejo, foi uma boa tentativa. Exceto, é claro, a parte em que você você tropeçou nas próprias pernas e quase me arrastou junto.
Eijiro riu, as bochechas coradas por lembrar da vergonha que sentiu.
— Eu estava nervoso, você tinha aceitado e era o cara mais bonito e popular da faculdade.
— E você o calouro de cabelo espetado duro de gel. — Seiji gargalhou, tomando mais um gole da bebida — Ainda bem que o seu estilo evoluiu de lá para cá.
— Gostaria de dizer o mesmo de você, mas parece tão arrogante quanto antes. — desdenhou. O ômega o encarou nos olhos sem desmanchar o semblante arrogante de sempre.
— Algumas coisas não mudam, fazem parte de nós.
Eijiro concordou, sentindo-se um tanto revigorado ao experimentar um pouco do cappucino que tinha sido servido a si pelo mordomo. O sorriso de Seiji aos poucos cedeu, e seu olhar se tornou melancólico enquanto o assunto mudava. Eijiro sentiu que era a hora antes mesmo das palavras saírem da sua boca.
— O Kazuo estaria com onze anos caso estivesse vivo. — foi mais uma reflexão solitária e partilhada que parte do diálogo em si — Todo dia nove de junho eu lembro.
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Na Porta Ao Lado
RandomKatsuki é um ômega romancista que apenas deseja paz e silêncio para poder finalizar seus projetos, e foi essa necessidade que o fez comprar um apartamento em um prédio onde a maioria dos inquilinos são idosos. Seu nirvana pessoal, no entanto, agora...