34 - Baile de Máscaras - Terceira parte

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Agatha:

Subimos alguns lances de escada até chegarmos a um estreito corredor pouco iluminado, decorado com pinturas do que supus serem antigos reis e rainhas de Lumina, pois as pessoas retratadas ali usavam vestimentas antigas.

— Que linda. — Murmurei quando passei pelo quadro de uma bonita garota loira, ao fundo do corredor. Ela tinha os olhos azuis como os do Rafa e longos cachos dourados. Ri fraco.

— Que foi? — indagou ele com uma sobrancelha arqueada.

Tapei a boca com a mão para conter o meu riso.

— Nada, é só que essa moça me lembra você.

— Te lembra eu? — seus olhos se arregalaram.

— É que ela é tão linda quanto você. Tem os mesmos olhos azuis brilhantes e os mesmos lábios rosados. — Falei e levantei a mão para tocar a pintura a óleo. De alguma forma era como se eu conhecesse a garota.

Rafa me lançou seu sorriso de lado.

— Engraçadinha. Eu devo me preocupar com isso?

Bati no seu braço.

— Claro que não, seu bobão!

Ele revirou os olhos.

— Não. É que..., eu não sabia que você estava tão apaixonada por mim que está me confundindo com uma antepassada minha. Isso realmente é um problema. — Brincou e eu lhe dei um beliscão. — Ai! — exclamou exagerado.

— Pare de gracinhas. — Adverti e ele estendeu as mãos em sinal e paz. — Sério. Quem é ela? —perguntei, só agora notando que apenas o quadro dela estava sem identificação.

Rafa coçou a nuca como se pensasse.

— Sabe que eu não sei. — Respondeu passando as mãos pela parede como se procurasse algo. — Meus pais geralmente não gostam de deixar este quadro à vista. Para você ter uma noção, em vinte anos de existência essa é a segunda vez que eu o vejo. — Afirmou tateando a parede e afundando sua mão para dentro, como se afundasse um tijolo, por trás do quadro de um homem com uma coroa. — Achei! — exclamou, enquanto a parede se abria dando espaço para uma escadaria subterrânea, pouco iluminada por velas e tochas espalhadas pelas paredes. — Provavelmente foi minha irmã que colocou ele aí. — Alegou voltando ao assunto anterior.

Mordi os lábios confusa. Por que eles esconderiam um quadro de uma garota? Balancei a cabeça tentando deixar para lá. Isso não era da minha conta.

— O que é isso? É uma passagem secreta? — Encarei-o. — Vocês tem uma passagem secreta?!

Rafa gargalhou ao meu lado.

— Ué, por que o espanto? — Me encarou colocando as mãos na cintura e eu ri. — Quer dizer que só vocês feiticeiros podem ter passagens secretas? É isso?

Bati em seu braço de novo e ele esfregou o local como se doesse.

— Claro que não. — Disse com desdém. — Até porque nós não precisamos de passagens secretas. É só a gente abrir um portal ou se teletransportar e ponto. — Cruzei os braços. — Ser feiticeiro é muito mais prático. Suponho que as asas devam ser desconfortáveis e muito pesadas — afirmei com ar de pena. — Deve ser muito lastimável.

— Rárárá! — cruzou os braços fingindo estar zangado e bateu o pé direito, impaciente. — Muito engraçada e observadora. — Sorriu. — Agora sério. Vem comigo. Quero te mostrar uma coisa.

Bem e Mal Lados OpostosWhere stories live. Discover now