42 - Primeiro presente

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Agatha:

Quatro noites haviam se passado. O que equivaleriam a dois dias e duas noites no mundo humano. Quatro noites de muita pesquisa, dor de cabeça e preocupação. A essa altura meus pais já deveriam estar loucos atrás de mim, e eu nem queria pensar no que o Rafa poderia estar fazendo a uma hora dessa. Provavelmente estaria surtando por eu não responder suas mensagens e nem suas ligações (nem trazer o celular para Darkinan eu tinha trazido).

Passei essas noites pesquisando uma forma de esconder Darkinan. Eu queria fazer meu Reino sumir do mapa, porque eu sabia que não demoraria para o meu anjo descobrir que vim para cá, e decidir vir atrás de mim.

Ia ser muito difícil, mas eu não poderia manter contato com ele. Rafael era muito sentimental, e conhecendo-o como conheço, eu sabia que ele ia tentar me convencer a desistir de tudo e fugir com ele; o que não ia rolar. Estava a poucos meses de me tornar maior de idade aqui em Darkinan e de me tornar Rainha. Não colocaria tudo a perder.

Pelas minhas contas estava com dois meses de gestação e logo, logo, a barriga não daria mais para ser disfarçada com vestidos largos e cintas de apertar e eu teria que usar magia para diminuí-la. E eu já estava tentando feitiços para conseguir isso sem danificar o bebê.

Para ser sincera eu não fazia ideia do que faria quando ele nascesse. Talvez eu entregasse para a adoção, ou se ele tivesse mesmo asas, poderia deixa-lo em Lumina, para que alguém o criasse. Agora, se a criança tivesse a marca Magnum, eu poderia cria-la. Ia ser difícil, mas eu inventaria algo para o meu avô e criaria o feiticeirinho sozinha. É claro que o Rei Gregory poderia ficar bravo de início, mas adoraria saber que já garanti a linhagem Magnum, principalmente se fosse um menino. Ele nem se importaria em saber quem é o pai; assim como não se importa com o meu pai, por ser humano. Eu fingiria que o pai do meu bebê também é humano. E se ele tivesse a marca, mesmo que tivesse asas, ou eu as cortaria ou sumiria com magia.

Mas tudo depende de como ele será, pensei afagando minha barriguinha pontudinha.

— Agatha! — Régi gritou batendo na porta. — Posso entrar, amiga?

Sorri acariciando a minha barriga mais uma vez e surpresa por ela crescer tão rápido. Só notei agora, mas ela estava um pouquinho maior do que ontem.

— Pode sim, Régi.

— Olá, Alteza! — gritou me cumprimentando. — Como vocês estão? — perguntou se referindo ao bebê também.

— Estamos bem e você? — perguntei de volta, virando-me para encará-la.

Régi aproximou-se de minha mesa do escritório do meu quarto. Foi só então que percebi que ela estava com as mãos atrás do corpo, como se escondesse algo.

— Estou ótima! — Sorriu. — Eu fui no mundo humano hoje e fiz algumas compras. Ah — disse colocando uma sacola na minha mesa. — Quase me esqueci. Trouxe uma coisa para você. — Puxou a cadeira e sentou-se, ainda sem que eu pudesse ver a outra mão. — Lembrei que você me disse que adora leite-condensado; e comprei cinco latas para você!

Não segurei o sorriso.

— Obrigada! Eu adoro isso. É esse pequeno aqui, que me faz comer muito leite-condensado. — Confessei olhando para a minha barriga.

— Ah sim. — Parou de falar olhando para a papelada na minha mesa. — Você pode me dizer o que é tudo isso? O que está fazendo?

Fechei o livro grosso e pesado que estava na minha frente.

— A gravidez está me deixando mais forte, Régi. O que não pensei que aconteceria. E eu estou procurando para ver se encontro algo a respeito. Mas não é só isso. Estou com umas ideias na cabeça.

Bem e Mal Lados OpostosWhere stories live. Discover now