2- Agatha Magnum - Primeira parte

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    Eu costumava ser uma garota normal. É "costumava"! Até os meus pais esquecerem o meu aniversário de doze anos. E o pior: tudo por conta dos meus irmãos mais novos. Os gêmeos estavam com os seus dois anos de idade, e haviam ficado doentes. Mas, isso não era motivo para esquecerem o meu aniversário! Eu não admito isso! Nunca admiti! Que tipo de pais esquecem o aniversário de seu filho? Pois é, os meus!

     As horas foram passando, e eu fiquei plantada esperando, ao menos eles me desejarem um feliz aniversário. Mas, nada! Eles haviam mesmo esquecido.

    Até que, no outro dia, minha tia chegou com um embrulho enorme nos braços. Eu fui abrir a porta, e ela me entregou dizendo que não teve como vir no dia anterior. Aquilo me ajudou um pouco. Minha tia era a única que ainda se importava comigo.

   Foi só depois disto que meus pais foram lembrar do meu aniversário, mas aí já era tarde. Eu já tinha me tornado uma garota amargurada.

     Sempre fui um pouco diferente das outras; nunca gostei muito de público, nunca fui de conversa.

    As vezes eu me isolava: saía sem que meus pais percebessem, e depois que os meus irmãos nasceram tudo começou a fazer sentido- eu fui me isolando cada vez mais. Me tornei uma garota rude, insensível - amarga.

  Passei aquele ano sem muitas conversas com meus pais e eles começaram a perceber isso. Eu não lhes contava mais sobre o meu dia-a-dia, não comentava sobre a escola e não ligava para meus irmãos.

   E agora um ano depois, no meu aniversário de treze anos, eles queriam recompensar o esquecimento com uma festa surpresa. Mal sabiam eles que eu não estava dando a miníma pra isso.

     Eu queria que eles se ferrassem , não estava nem aí. Eu simplesmente não queria festa. Eles não haviam esquecido o meu aniversário anterior? Pois então, agora também eu não queria festa!

    Eles só não contavam que, nesta festa de aniversário, eu conheceria uma pessoa da minha família, que mudaria o meu jeito de pensar e me revelaria segredos. Me mostraria o que realmente eu sou, do que realmente eu sou capaz...

   Eu vou contar como a minha história começou de verdade. Foi assim...

   Naquela manhã, eu estava na cama,fingindo que estava dormindo. Pois, sabia que minha mãe viria me acordar para que eu fosse a algum lugar, porque ela precisava de uma mentira- algo com que pudesse me tirar de casa-, ela estava fazendo de tudo para melhorar o seu erro do ano passado- esquecer o meu aniversário.

  Então, neste ano, minha mãe queria que eu tivesse o aniversário mais perfeito de todos os tempos- uma festa inesquecível-, para que eu esquecesse o seu erro e o de meu pai. Mas isso não ia rolar.

   Para isso, ela precisava que eu estivesse fora de casa o dia todo, que só voltasse na hora da festa. Eu só queria saber qual a desculpa que ela iria inventar. Teria que ser muito ótima, pra conseguir me tirar de casa, pois a única amiga que eu tinha era a Laís. Que me chamava, muitas vezes pra sair, mas eu raramente ia, eu preferia ficar em casa.

   Ainda mais num sábado de manhã, que era o meu dia preferido pra dormir até mais tarde. Seria difícil. Muito difícil!

  Me ajeitei em baixo das cobertas, me virei de lado e esperei que minha mãe entrasse.

   Ouvi a batida na porta. Minha mãe nunca chama antes de entrar, ela só bate e vai entrando (um defeito dela). E eu não tinha trancado, porque da última vez que tranquei a porta de meu quarto, levei uma tremenda bronca. Imagine só: tudo porque eu estava ouvindo música alta de rock, e jogando os móveis no chão, causando um tremendo estrondo. Eu sei eu sou meio gótica. Fazer o que eu sou assim...

Bem e Mal Lados OpostosHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin