29- Sempre seu

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Rafael:

O mês de novembro começava com um vento forte e gelado –, o que era raridade de acontecer aqui em Lumina, já que quase sempre o sol brilhava radiante – e para completar o céu estava acinzentado. Bocejei. Talvez o tempo estivesse refletindo os meus sentimentos.

Espreguicei-me e me forcei a sair da cama.

O dia seria ainda mais estressante que os outros. Porque faltavam exatamente 29 dias para o meu aniversário, o que faria a minha mãe ficar no meu pé e encher a minha paciência com os preparativos para a minha festa. Dai-me paciência, Senhor, pedi mentalmente.

Deixei a água morna cair sobre as minhas costas, enquanto tentava mais uma vez, em vão, não pensar nela. Cocei a testa. Era definitivamente impossível! Eu desejava aquela morena com todas as minha forças; com toda a minha alma. E estar longe dela..., fazia com que o meu coração estivesse em pedaços.

Fechei os olhos e lembrei do seu toque, dos seus olhos verdes me fitando e dos seus lábios nos meus. Suspirei. Eu simplesmente não conseguia ficar longe dela. Sabia que ela estava certa em terminar comigo. Que pelas nossas famílias nós jamais poderíamos ficar juntos. Que para eles isso seria impossível – já que sou um anjo e ela uma feiticeira, mas havia uma coisa, uma força maior..., que insistia em me levar até ela. Insistia em me fazer ficar completamente louco por ela. Era mais forte do que eu.

Tanto que eu não estava aguentando mais. Meu corpo, minha mente e o meu coração definitivamente não conseguem aceitar que acabou.

Passei essas duas semanas tentando me convencer que o que houve entre nós foi engano, porém não obtive sucesso. Tentei fingir que sou mais forte do que isso e que (assim como ela); eu não me abalo e que não seria uma Magnum, que iria me abalar. Mas para o meu azar, usar a estratégia dela, só me fez pensar ainda mais nela. E acabei voltando a estaca zero.

Tentei também focar nos preparativos da minha festa, mas eu só conseguia pensar nela como presente. Então acabei desistindo, e me afogando de vez na minha bad. E por consequência..., tive que me segurar para não ir até a sua casa obrigá-la a voltar para mim, já que ela não respondeu nenhuma das mensagens que mandei há duas semanas atrás. Também pensei em invadir os seus sonhos de novo, mas cheguei à conclusão de que a nossa conversa teria que ser pessoalmente; só não sabia ainda quando ela aconteceria.

Saí do banho e vesti o meu terno risca de giz, penteie os cabelos e coloquei a coroa de ouro na cabeça, com certeza os decoradores já estariam lá embaixo.

Agatha:

Passei a semana inteira refletindo sobre as conclusões que eu tinha tomado ao confundir o nerdinho com o anjo. Bocejei três vezes. Eu não estava conseguindo dormir, pensava a todo instante no anjo e na confusão de sentimentos que eu estava, ao perder os dois garotos que gostavam de mim.

Espreguicei-me e me levantei rapidamente. Minhas costas estavam doendo e eu acho que torci o pescoço. Cocei os olhos e fui para o banho.

Eu estava sem ânimo nenhum. Suspirei e deixei a água gelada cair sobre as minhas costas (era um jeito de me torturar e tentar sair da minha fossa).

A água caiu fria sobre a minha pele, o que me fez quase gritar (contando que o clima estava um pouco frio), mas eu precisava ser forte e resistir –, assim como uma Magnum deve fazer.

Saí do banho rapidamente e comecei a me secar. Peguei o celular na esperança do Augusto ter respondido ao menos uma, das minhas mensagens de pedidos de desculpas (já que na escola, agora ele me ignorava) –, mas como o esperado, ele apenas as visualizou e não respondeu nenhuma. Arfei. Talvez ele nunca mais voltaria a falar comigo e nunca me perdoaria, e eu até entendo; porque eu brinquei com os seus sentimentos, mas... ele poderia pelo menos me dar a chance de me explicar!

Bem e Mal Lados OpostosWhere stories live. Discover now