49 - Envelope Vermelho

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Obs: Escutem essa música enquanto leem. Foi ela que deu inspiração para escrever esse capítulo. 


Agatha:

Cheguei no meu quarto sem fôlego. Meu coração pulsava descontrolado de antecipação. Respirei fundo e era como se uma corrente, uma força maior, me puxasse para ele.

E então, quando eu estava prestes a estalar os dedos e abrir um portal para Lumina... Paralisei. O que eu estava fazendo?

Esfreguei as têmporas e cocei os olhos. Como o amor e o desejo podiam andar de mãos dadas e serem mais fortes que a razão?

Me joguei na minha enorme cama com dossel. Uma tontura repentina havia me atingido. Respirei com dificuldade.

Minhas costas estavam doendo. Virei-me de lado.

― Ai. ― Murmurei acariciando a minha barriga, fazendo-a voltar ao tamanho normal e livrando-me do espartilho superapertado.

Revirei-me algumas vezes na cama. E então, uma dor lancinante me atingiu. Arquejei as costas, e senti algo como uma lâmina passar por baixo da pele do meu ventre.

― Ai-ai. ― Murmurei de novo.

A coisa como uma lâmina passou novamente pelo meu ventre, como se girasse e raspasse nas minhas entranhas; à procura de espaço. Outro arquejo e não consegui segurar o grito.

Escutei um pequeno som como de asas batendo ou raspando no chão. E de repente eu entendi. Essa dor tremenda era por causa das asas do bebê. Talvez as asas dele não fossem macias e felpudas como as do pai. Talvez fosse a magia Magnum que tivesse alterado isso.

Pisquei algumas vezes sem entender, e apertei as mãos em punho fazendo o meu vestido nada confortável se transformar em uma camisola longa cinza e bem frouxa. Limpei o suor da testa e me revirei na cama de novo. E em um segundo, minha barriga estava enorme. Ela praticamente tinha dobrado de tamanho. Logo eu completaria cinco meses.

Minha barriga estava muito maior que uma barriga normal. Eu tinha certeza que eram as asas da criança.

Puxei algumas almofadas e me acomodei nelas. Sentei-me relaxada e alisei o barrigão. Nesse instante senti algo raspando minhas entranhas de novo; mas agora macias e não afiadas como lâminas.

O que poderia ser uma defesa dele. Talvez o ser dentro de mim estivesse assustado ou algo do tipo.

― Calma. Pode relaxar. Está tudo bem. ― Sorri de lado. ― Você me deu uma tremenda dor nas costas, mas está tudo bem. Deixe suas asas fofinhas, não afiadas. Eu gostava das asas macias do seu pai. Não me faça detestar as suas.

Puxei as cobertas grossas sobre mim e levantei levemente os dedos da mão, fazendo as janelas fecharem. O vento gelado tinha começado do nada, e estava congelando meu quarto.

Alisei mais um pouco a minha barriga e senti que ela esquentou. Um pequeno brilho azul emanou debaixo do tecido cinza.

Balancei a cabeça incrédula.

― Será que você não tem nada meu? Será que puxou tudo do seu pai? ― perguntei e o brilho azul aumentou. ― Pelos menos seus cabelos tem que ser pretos, senão você vai me causar um problemão. ― Sorri balançando os ombros.

Eu ainda tinha alguns meses para me preocupar com isso, até completar os nove meses e chegar a hora do parto.

Acariciei a barriga enorme mais um pouco. Fechei os olhos mergulhando em lembranças sem pensar. Minha mente foi até o dia em que eu e o Rafa fizemos essa criança. Se eu soubesse que hoje estaria assim, certamente não teria insistido para que ele passasse a noite comigo.

Bem e Mal Lados OpostosWhere stories live. Discover now