34 - Baile de Máscaras - Primeira Parte

200 12 17
                                    

Rafael:

Como eu presumia, minha mãe continuou me ignorando durante a semana anterior ao meu baile. Tentei puxar assunto com ela, e comentar sobre a Agatha, mas não adiantava. Ela estava muito decepcionada. Ajudou-me com os preparativos finais, de longe, nos bastidores, sem se envolver realmente.

Meu pai também tentou contorna-la, infelizmente, também sem sucesso. A ideia de que o seu primogênito estaria namorando uma humana e que ela poderia vir a ser a nova rainha de Lumina, deixava minha mãe consternada. Porque segundo ela, eu era a esperança para salvar o nosso povo – tinha o dom da cura depois de anos, e com isso o único capaz de retornar ao Paraíso depois dos erros de nossos antepassados.

Suspirei pesadamente. Há alguns meses atrás, esse era com certeza o meu maior sonho: salvar a todos nós, casar com uma anjo de sangue puro e voltar para o Paraíso para enfim cumprir a minha "missão no mundo".

Hoje, porém, percebi que não era realmente isso que eu queria. Esse era o desejo da minha mãe, durante todo tempo, não o meu. Era como se eu quisesse fazer tudo 'corretamente' e para isso eu deveria seguir as ordens dela e tentar agradá-la a qualquer custo. Entretanto, depois que uma certa feiticeira entrou na minha vida, tudo mudou. Ela me fez ver o mundo diferente, me fez criar coragem para tomar decisões que eu realmente queria; sem a interferência dos outros e sem me preocupar com o que os outros irão pensar de mim.

E é com essa coragem e paixão, que agora eu iria apresenta-la para os meus pais e súditos como a minha namorada oficial.

Suspirei mais uma vez, olhando-me no espelho e ajeitei a minha gravata uma última vez. Peguei a máscara dourada e a coroa reluzente da mesma cor. Coloquei-as e saí sorrindo, agora eu iria buscar o meu par, pois o meu baile de 20 anos já iria começar.

Agatha:

O Convite Real (como o prometido), chegou na manhã seguinte, em minha casa. Por sorte eu atendi a porta quando o carteiro veio entrega-lo, e óbvio, que eu modifiquei algumas coisas – como Família Real de Lumina, por exemplo. Sem contar que tive que inventar mais um monte de desculpas, porque ninguém faz um baile de uma hora para outra.

Também não preciso nem dizer que a minha semana foi uma correria só. Eu precisava decidir que penteado faria, qual vestido usaria, como me comportaria diante dos Luminuns, qual presente daria para o Rafa e qual desculpa inventaria para os meus pais e para meus irmãos, pois eles em hipótese nenhuma poderiam ir ao baile "no interior do Estado".

Enfim, eu estava ficando praticamente maluca. Fui em três shoppings na terça e na quarta, e nada. Simplesmente não conseguia encontrar um vestido que me agradasse. E pra piorar, eu resolvi mudar e fugir dos meus padrões, e escolher um vestido diferente do que estou acostumada, porque em hipótese nenhuma eu poderia aparecer em Lumina como apareço em Darkinan.

Porém, tudo o que fosse fora dos meus padrões "gótica e sensual", para mim era sem graça, brega ou patricinha demais. Definitivamente, nada me agradava. E o pior é que eu estava ficando sem tempo, já que o baile era no domingo. Só uma notícia me deixou feliz – a minha tia-avó ligou aqui em casa há uns vinte minutos e disse que estava chegando de mais uma das suas viagens e que daria um jantar em família no domingo, para comemorar a sua volta e para matar a saudade. Alguém lá em cima deve gostar muito de mim, ou eu sou sortuda demais, porque isso era tudo o que eu precisava para conseguir ir sozinha no baile, sem as interrogações dos meus pais sobre o porquê.

Estava quase indo me deitar quando a minha mãe bateu na porta do meu quarto, dizendo que infelizmente não teria como ir no Baile de aniversário do Rafael porque a sua tia insistia na presença de todos no jantar dela, e que só perdoaria a minha falta porque não tinha outro jeito.

Bem e Mal Lados OpostosWhere stories live. Discover now