58 - Backup desatualizado

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Agatha

Meus olhos ardiam. Senti uma respiração cálida em meu rosto.

― Agatha. ― Uma voz calma me chamou.

Espreguicei-me.

― Sim, eu. ― Abri os olhos. ― Luana. O que...? ― Falei zonza.

Espera aí. Luana? Mas, o quê...?

― Estás bem? Fico feliz e ao mesmo tempo triste em vê-la. ― Disse tristonha e me abraçou.

Forcei minha visão para ela. Usava um vestido branco, como uma túnica grega; esvoaçante e leve. Seus cabelos estavam lavados e soltos em cachos perfeitos.

Apertei-a em meus braços.

― Tão bom vê-la bem. ― Sorri. ― Está linda. Onde estamos? ― Girei o olhar ao redor. ― Onde estão minha filha e meu anjo?

Luana apertou os lábios e desceu o olhar para suas sandálias de cordas, afastando-se sem jeito. Em um salto me levantei. O que estava acontecendo?

Girei, olhando tudo com mais cautela. O céu estava deslumbrante com estrelas brilhantes e iluminando tudo. Meus pés tocavam uma grama verdinha, rodeada por flores. Era noite e estávamos em um jardim. Meu corpo não doía mais. Eu sentia uma paz interior. Ergui meu rosto e respirei fundo, inalando o cheiro das flores diversas. Pisquei algumas vezes e precisei proteger minha visão com as costas das mãos. Uma luz forte estava vindo até nós.

― Agatha, eu... ― Ela apertou as mãos, nervosa. ― Como vou explicar-te...?

Ela não precisava explicar. Eu entendi. Voltei o olhar para minhas roupas. Eu também usava um longo vestido branco e sem mangas, assim como o dela. A diferença é que estava descalça.

Engoli em seco. Uma lágrima escorreu de meu rosto. Luana rapidamente aproximou-se e a limpou com o polegar, apertando-me em seus braços.

― Eu morri. ― Falei com convicção. ― Nós morremos. ― Outra lágrima caiu, mas dessa vez eu a sequei, e apertei ainda mais Luana contra mim, escondendo meu rosto em seu cabelo dourado.

Ela acariciou meus fios longos em suas mãos.

― Conseguiste. ― Afirmou ela. ― Derrotaste a Isabela e libertaste-me. Muito obrigada. ― Disse chorando.

Suspirei sorrindo. Apertei suas mãos nas minhas.

― Nós conseguimos. ― Fechei os olhos de pressa. A luz estava vindo cada vez mais rápido e era como se quisesse nos engolir. Como num estalo em minha mente, eu soube. A luz veio nos buscar. ― Isso aqui é o Paraíso? ― Quis saber. ― Onde está o Alfredo? Ele devia vir te encontrar. Um dia farei isso com o Rafa. ― Sorri triste e esperançosa.

Luana riu e se afastou.

― Não, Agatha. Este lugar é como se fosses uma "sala de espera". ― Fez sinal de aspas com os dedos e riu. ― Acredito eu. É um lugar de transição entre o mundo real e o Paraíso. ― Riu. ― Mas estou chateada. Queria que o Alfredo viesse encontrar-me.

― Aquela luz veio nos buscar, né? ― Perguntei, notando que ela se aproximava cada vez mais, agora mais rápida do que antes.

Luana maneou a cabeça afirmativamente.

― Sim. Ela vai levar-nos para o plano Eterno. ― Seus olhos azuis desceram pelo meu corpo e pararam em meus pés. Ela franziu o cenho. ― Estás descalça. Onde estás suas sandálias?

― Hum... Ah isso. Não sei.

Giramos o olhar ao redor, não havia sandália nenhuma.

Uma luz se ascendeu no rosto de Luana e ela sorriu.

Bem e Mal Lados OpostosWhere stories live. Discover now