Extra: 54- Possessão

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OBS: Capítulo Sem Revisão


Regiane Medsen

Já fazia mais de uma semana que Darkinan inteira estava em festa. Nunca uma coroação havia durado tanto tempo quanto a de minha amiga Agatha Magnum. Também, não era para menos. Ela havia convencido a todos com sua beleza, determinação e crueldade estampada no olhar.

Respirei fundo. Eu a invejava. A invejava desde a primeira vez em que a vi, há quatro anos. Invejava a tão maravilhosa Rainha Magnum. Além de linda, perfeita e gostosa; ela sabia ser cruel e conseguia prender a atenção de todos. E mais do que isso: tinha alguém que a amava incondicionalmente e que seria capaz de dar a sua vida por ela; ao contrário do escroto do Igor, que nem falava mais comigo. Perdi a conta de quantas vezes já não fui dormir imaginando ser ela ― a morena linda de olhos verdes e cabelos negros.

Agatha tinha tudo e não sabia aproveitar. Era dona de um Reino, linda, tinha um homem que a amava mais do que tudo, era extremamente poderosa e agora teria um filho. Um bebê que eu tinha certeza que seria a chave para a guerra. Bufei e tirei meus calçados. Minha amiga definitivamente não sabia aproveitar a sorte que tinha.

Espreguicei-me na cama. Era metade da primeira noite e certamente seria dia no mundo humano. Esfreguei os olhos cansada e estressada. Minha amiga era uma tonta. Queria soca-la. Passei a semana toda pedindo para ela maneirar na bebida, mas estava difícil. Só nessa semana eu já havia a encontrado desacordada e murmurando palavras sem sentido, umas três vezes. E eu sabia que isso não faria nada bem para o bebê e nem para ela. E se acontecesse alguma coisa com o meu afilhado, ela que me desculpasse; mas eu perderia o controle.

Eu gosto de minha Rainha. Ela é minha melhor amiga e minha inveja não é no sentido de derrubá-la ou algo do tipo. Não. Eu só queria ser como ela. Meus pais me detestam. Me acham quieta demais para uma feiticeira. A todo momento me perguntam porque não sou ao menos um pouco parecida com meu irmão. O que é impossível, já que cada pessoa nesse universo é única, e meu irmão é mulherengo e totalmente desregrado. Nunca conseguiria ser como ele.

Espreguicei-me algumas vezes e rolei na cama. Estava cansada de cuidar da Agatha. Cansada da festa e da cobrança. Queria apenas uma vez, poder ser eu sem ser questionada. Queria poder ser a garota dócil, delicada e apaixonada por vermelho que sou. Ser quem sou no meu interior sem ser motivo de piada. Esse seria o meu maio sonho.

Suspirei. Era hora de parar de sonhar e preparar meu dia. Sentei em minha cama e chequei as mensagens em meu celular. Nenhuma sequer. Eu não sabia porque continuava me iludindo acreditando que o Igor me mandaria algo. Ele não dava sinal de vida há um tempão. Mas coração é uma coisa iludida que não há controlar. Ele simplesmente tem vida própria e faz o que quer. Se eu pudesse, já tinha apagado o anjo moreno de minhas lembranças. Porém, era missão impossível arranca-lo de mim. Aqueles olhos chocolates haviam me marcado de tal forma, que me tiravam do controle. Nunca tinha passado por isso. Só queria que o Igor fosse apenas cinco por cento do que o Rafael era. Se fosse, com certeza não me deixaria nessa agonia e me mandaria ao menos um sinal de vida.

Tomei uma ducha demorada para ganhar tempo, já que era comum eu acordar antes de todos. Não lavei os cabelos, pois detestava isso. Só lavava quando não tinha mais jeito. Era estranho, mas meus cabelos pareciam muito mais bonitos quando estavam sujos. Ri e terminei de me secar.

Escolhi um vestido vermelho godê midi, e de mangas longas. Coloquei uma meia-calça fina preta e nos pés uma bota cano curto vermelha como o vestido. Penteei os cabelos e fiz uma trança de lado. Joguei uma capa preta nos ombros e suspirei pela segunda vez naquela primeira noite.

Bem e Mal Lados OpostosWhere stories live. Discover now