Cap. Quarenta e nove

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As portas metálicas do elevador abrem-se

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As portas metálicas do elevador abrem-se. Inspiro uma vez, duas vezes, três vezes até mesmo quatro vezes para me acalmar e assim saio para o corredor vazio. A primeira coisa que me vêm à cabeça é se Eva voltou a fechar a porta a chaves quando Blenda saiu. Se assim for, juro por tudo o que é mais sagrado que deitarei à porta abaixo. Não vou voltar a fingir que está tudo bem entre nós e voltar ao meu trabalho, porquê testei essa fase e odeie o que senti. Vou resistir à tentação de entrar no jogo dela. Se é que é um jogo, porque na minha cabeça e na forma com que estou a encarar o dia de hoje é muito pior.

Passei o dia todo a pensar na maldita mulher, que em vez de falar o que sente, prefere esconder e deixar o pobre coitado aqui, a pensar em tudo e mais alguma coisa. Já revivi todos os episódios desta manhã até mesmo de ontem à noite, querendo encontrar o tal erro, que toda a mulher acha, porquê eu não estou a achar porra nenhuma! Só tenho opções e mais opções.

A primeira é: Está arrependida com o que fizemos. (Custa-me acreditar um bocadinho nesta. Eva afirmou que não se arrependeria. Mas nas cabeças das mulheres não podemos confiar. Mudam de opinião muito depressa. Tenho duas em casa e sei do que falo, por experiência própria.)

A segunda é: Que pode eventualmente sentir-se cansada e querer passar o dia na cama. (Está até que posso aceitar, mas não tanto. Eva é uma rapariga ativa, que não passa muito tempo deitada na cama e nem a dormir. Hoje pode ser a exceção, mesmo que quando fui bater pela segunda vez na porta estava acordada e não me a abriu.)

Suspiro.

A terceira é: O comprimido. A pílula, acho eu que se chama assim. (Vejamos... quando saí de casa acompanhado dela, tinha a cara fechada e parecia mal-humorada, mas no carro parecia mais a ignora-me ou como se não tivesse presente. Mas quando chegamos aqui, ignorou-me e ficou mal-humorada. O que é normal. Sim nela é normal, mas não é aí que queria chegar. No folheto informativo do comprimido, — que fiz questão de o ler antes de o dar a tomar— explica que em algumas mulheres ficam de mau humor. Será que esta a opção?)

A quarta é: O segredo. (Quer dizer metade do segredo. Rezo de pés juntos que não tenha ouvido o restante, sendo que estava a ressonar. Nem aí consigo dizer se verdadeiramente ela estava a dormir ou não. Se fosse ontem diria que sim, mas a vendo assim hoje fico em dúvida.)

A quinta é: Odeia mentiras. (E... eu menti. —Ainda falta, descobrir o resto — Bom, vejamos, ocultei o essencial, por agora, que tinha de fazer. Eva, esperta como é, nunca pôs de parte a loucura que Dakota era minha irmã. Ontem à noite pareceu aceitar...bem?!)

A sexta e última é: Porquê que me está a ignorar! (Vejamos...Posso ter dito alguma coisa que não tenha reparado e ela ter ficado assim. Ou está assim por não ter vindo com ela para dentro da propriedade, sendo que me acertou com o pé na cabeça e foi de prepósito. Ou...Será que fiz algo errado de manhã na cozinha? Julgo que não. Acordei ao seu lado e com o telemóvel a tocar na cozinha, atendi a chamada que preferia não o ter feito. Fui logo bombardeado com a notícia de Jackson. Só me apeteceu mandar o telemóvel contra a parede. Entretanto Eva acordou, dei-lhe um beijo...Não, não me lembro de lhe ter beijado ou beijei? Lembro de ter dado o comprimido, acho que comemos, vestimos e vimos embora... e acho que fui um grande, se não enorme filho da mãe.)

PERIGOSAMENTE TENTADOR | NOVA VERSÃOWhere stories live. Discover now