▪ C ▪ A ▪ P ▪ Í ▪ T ▪ U ▪ L ▪ O ▪ || CINQUENTA E TRÊS

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🔸— SAMUEL DEL REY —🔸

↪ DIAS ESCUROS ↩

Um mês havia se passado desde que Nicolas teve alta no hospital. Ele não me procurou. Não falou comigo. E me ignorava na faculdade. Eu já havia desistido. Não tinha ânimo para mais nada. E já estava cansado de chorar todas as noites. Perdi o homem que amo por uma idiotice minha.

— Eu estou precisando extravasar. Vamos a uma balada hoje? — Benny sugeriu. Ele havia me carregado à força até a lachonete de sempre, chamando nosso grupinho de sempre.

Continuo mexendo o canudo no suco, perdido em pensamentos enquanto meus amigos conversavam sobre tudo. Mas eu não estava prestando atenção.

— O que você acha, Sam? — Lola questionou, me olhando. A encaro, confuso.

— Hm?

— Ok, alguém me explica por que ele está assim? Estamos falando de festa e ele não falou nada desde que chegou. O que você tem, amigo? — Benny questionou, passando a mão em meus cabelos.

— Ainda é por causa do Nicolas? Achei que ia superar isso rápido. Você nunca se importou com términos. — Krit comentou, estranhando. Suspiro, sentindo um sono incomum. Era três da tarde e eu já estava cansado, só querendo voltar para casa, deitar em minha cama e chorar até adormecer. Nem sei mais o motivo desse sentimento ruim. Eu só queria dormir.

— Eu... preciso ir. Divirtam-se sem mim. — Falo, me levantando e indo embora, voltando para casa.

— Oi, filho. Voltou cedo. — Papai Cássio comentou, me olhando com estranheza. — Está tudo bem?

— Estou. — É tudo que digo, subindo para meu quarto e me trancando no mesmo, me jogando em minha cama, sentindo as lágrimas caírem de imediato. O que está acontecendo comigo?

Adormeço em segundos, me cobrindo com o edredom.

. . . .

Acordo sentindo alguém tocando meu rosto. Abro os olhos lentamente, vendo meu pai Cássio sentado na beirada da cama, checando minha temperatura.

— Pai...?

— Filho, você está queimando em febre. Por que não me contou que estava se sentindo mal? O que você tem? — Nego, me cobrindo até o pescoço.

— Eu só estou com sono, papai...

— Você está dormindo o dia todo. Isso não vai te fazer bem. Filho, conversa comigo. Está assim por causa do Nicolas? É isso? — Suspiro, doendo meu peito só ao lembrar dele.

— Não quero falar disso.

— Se continuar assim, eu vou te levar para o hospital. Você nem está se alimentando direito, Samuel. Isso me preocupa, sabia? Anda, desce ao menos para comer alguma coisa. — Pediu, afagando meus cabelos.

— Papai... me abraça? — Peço, sentindo meus olhos marejados. Ele sorriu fracamente, me abraçando fortemente, beijando o topo da minha cabeça. Ali eu fiquei, recebendo seus carinhos e me entregando ao choro, até adormecer novamente.

No dia seguinte, meu pai praticamente me forçou para descer e tomar café. Eu não iria para a faculdade hoje, como ando fazendo há muitos dias. Não queria ver Nicolas e acabar fraquejando novamente.

— Você está um caos! — Olivia brincou, rindo. Mas eu ignorei, me servindo com uma torrada e um pouco de café. — É sério? Não vai me xingar ou rebater? — Olivia questionou tempo depois, me olhando com espanto.

— Olivia, deixa seu irmão. Ele está doente. — Papai Cássio falou, enquanto servia o café do meu pai Grego, que logo me olhou.

— O que ele tem?

— Também estou querendo saber. Ontem ele estava com febre e dormiu o dia todo. Nem está saindo de casa. — Papai Grego logo bufou, me encarando seriamente.

— É o Nicolas que está te deixando assim, não é?! Eu disse que esse relacionamento não era uma boa ideia! — Exclamou, irritado.

— Ei, Grego, vamos abaixando o tom porque você também não foi nenhum santo. — Papai Cássio rebateu de imediato.

— Não use nossa história para defender aquele moleque!

— E não use palavras apenas para ofender alguém sem nenhuma base de certeza.

— Chega! — Exclamo, chamando a atenção de todos na mesa. — Nicolas não tem culpa de nada. Eu que acabei com tudo e por isso ele terminou comigo. A culpa é minha, ok?! Não briguem vocês também. — Dito, me levantando e subindo de volta para o meu quarto, repetindo a mesma rotina.

. . . .

— Sam... — Ouço alguém me chamando. Abro os olhos lentamente, ficando surpreso ao ver Nicolas em meu quarto, me olhando calmamente.

— Nicolas...? O que faz aqui? — Questiono, me forçando a ficar sentado. Mas o dia parecia estranhamente mais frio.

— Você não anda frequentando as aulas e... fiquei sabendo que está doente. Eu quis te ver. — Assenti, não sabendo ao certo o que falar. Meu peito ardia de ansiedade e meu estômago parecia estar se revirando. — Desculpa pela forma como eu te tratei no hospital. — Murmurou, me olhando.

— Você tinha razão... Eu sou egoísta, e por isso meus relacionamentos nunca duraram. — Nicolas me olhou com estranheza, se aproximando de mim e pegando minha mão.

— Sam, não é assim. Nós dois erramos, e eu... me exaltei. Desculpa, baixinho. Mas eu não quero te ver assim, doente, quieto. Eu me apaixonei por aquele Samuel alegre, que sai para qualquer lugar só para ter a companhia dos amigos, que é sempre a pessoa positiva do grupo, que consola quando os outros estão precisando das palavras certas. Eu me apaixonei por esse Samuel. O que é saudável e inteligente. Você não combina com as lágrimas. — Sorri, emocionado.

— Achei que você não me amasse mais... — Nicolas sorriu levemente, pousando a mão em meu rosto e me beijando delicadamente.

— Eu também amo seus defeitos, baixinho. Ninguém vive só de qualidades. Eu te amo por completo, e do jeitinho que você é. — Sorri, querendo chorar de felicidade e pulando em seus braços, o beijando demoradamente.

— Casa comigo? Casa comigo, amor? — Peço, não parando de encher seus lábios de beijos. Nicolas sorriu, abraçando minha cintura e me trazendo para seu colo.

— Só se você parar de chorar e me beijar muito. — Ditou, o que me fez ri, obedecendo e o derrubando em minha cama.

— Eu te amo, Nic.

Eu te amo, baixinho.

O DONO DO MORRO - A Segunda Geração | Vol. III (Romance gay) Where stories live. Discover now