▪ C ▪ A ▪ P ▪ Í ▪ T ▪ U ▪ L ▪ O ▪ || QUINZE

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🔸— SAMUEL DEL REY — 🔸

↪ VELHA AMIZADE ↩

— Melhor esperar meus pais saírem para depois você sair. Eles podem ficar com raiva. — Falo, o vendo se espreguiçar na cama, assentindo.

— Ótimo, assim eu durmo mais um pouco. — Disse, voltando a se cobrir com o edredom. Revirei os olhos, saindo do quarto e descendo para a cozinha, onde encontro meu pai Grego à mesa, escrevendo alguma coisa em uma agenda enquanto meu pai Cássio preparava o café da manhã.

— Bom dia! — Exclamo, beijando o rosto de cada um.

— Bom dia, filho. Sente-se. — Papai Grego pediu, e assim eu fiz, me sentando ao seu lado. Ele comia Donalts, e eu amava Donalts!  Peguei um de chocolate, mas recebo um tapa na mão dada por meu pai Cássio, que me fez soltar o Donalts.

— Nada de doce numa hora dessas. — Disse, me servindo um suco natural, bacon, ovos e salada.

— Papai! — Resmungo, fazendo bico. Odiava salada.

— Cássio, deixa o garoto comer um. — Papai Grego pediu, mas também lhe foi tirado a caixa com Donalts.

— A culpa dele comer tanta porcaria é sua! — Rebateu, servindo o café e a salada para papai, que fez uma careta de desgosto.

— Eu vou no morro encontrar com Murphy e Raffa. Vejo vocês mais tarde. — Papai Grego falou, fugindo da salada e se levantando, beijando meu pai e me abraçando, saindo de casa.

— Não vai chamar o Nicolas para tomar café? — Papai perguntou, o que me fez gelar.

— O quê?

— É falta de educação não convidar seu amigo para a refeição. Vai ficar chato depois que terminarmos. Anda, vai. — Ordenou. O olhei, confuso.

— Como soube?

— Você é um péssimo mentiroso. E além disso, quase não durmo com vocês gritando e colocando jogos em um volume absurdo. Que isso não se repita.

— O papai sabe?

— Aquele dorme como pedra, óbvio que não. Anda, chama o Nicolas para comer. — Disse. Sorri, agradecido pela compreensão do meu pai, e então segui para o quarto, acordando Nicolas e o chamando para tomar café. Mas acho que ele teve um leve susto quando viu meu pai em pé, de braços cruzados e nos olhando seriamente. Não era só meu pai Grego que colocava medo nas pessoas. Papai Cássio ganharia um prêmio facilmente ao colocar medo usando só o olhar. Desde pequeno ele sempre usou esse método comigo. E eu, como o bom filho com juízo, o obedecia prontamente sem ele nem precisar falar nada para pôr ordem na casa.

— Certo, crianças, vamos conversar. — Papai falou, sorrindo de forma maléfica para nós. Confesso que fiquei com medo. Nos sentamos à mesa, um ao lado do outro e papai de pé, na nossa frente.

— Papai, acho que não precisa...

— Cala a boca, Samuel, que quem está falando agora sou eu. — Rebateu, me encarando severamente. Calei na mesma hora, abaixando a cabeça. — Olha só, não vou proibir vocês de se falarem. São amigos, ao menos... eram. A única coisa que eu quero é que aquela cena patética não se repita, certo, Nicolas? Gosto muito de você, mas meus filhos vêm em primeiro lugar. Se magoá-lo novamente, ou ameaçá-lo, quem vai proibir de se verem sou eu. Entendidos? — Falou, com um tom tão tranquilo e sereno que fiquei besta por mesmo estando tão calmo, meu pai conseguia colocar o terror na nossa mente.

— Sim, tio Cássio... Desculpa por causa transtorno. — Nicolas pediu, envergonhado.

— Certo. Vou conversar com o Grego antes que ele veja vocês juntos. Eu vou sair. Comportem-se, crianças! — Exclamou, saindo do meu campo de visão.

— Adultos e sua mania de chamar os adolescentes de criança. — Resmungo, revirando os olhos.

— Olha, brincamos de carrinhos ontem, ele tem razão. — Nicolas rebateu, causando uma curta risada entre nós. — Quer dar uma volta?

— Olha, meu pai escapou da salada, então eu também vou fugir. Da outra vez você me levou para a churrascaria, agora eu vou te levar em uma lanchonete dos deuses! — Exclamo, o puxando pelo braço. Ele riu, me olhando com desconfiança.

— Você não muda nunca?! Sempre escondeu a salada do seu pai e comia os doces guardados nos armários.

— Até hoje faço isso. A diferença é que não preciso subir numa cadeira enorme para pegar os doces. — Falo, dando de ombros.

— Você é tão infantil! — O olho, sorrindo.

— É bom poder ter você de volta. Senti sua falta... — Falo, o vendo parar de andar, me olhando com um leve sorriso.

— Desculpa ter te ofendido. Eu perdi a cabeça.

— E a razão também. — Rebato, o vendo revirar os olhos.

— Oi, meninos! Que milagre vê-los juntos! — Linda apareceu, risonha.

— Oi, Linda! Tudo bem? — Questiono, a vendo abrir um sorriso maior ainda.

— Sim! Iniciei meu curso de marketing, estou feliz porque minhas aulas começam amanhã!!! — Ela soltou um gritinho de animação, o que me contagiou.

— Uau! Meus parabéns! — Falo, e ela me abraça fortemente, não contendo sua felicidade.

— Menino! Esperei dois anos para essa maldita faculdade me aceitar! Estudei que nem uma condenada, então agora, vou pisar em cada uma daquelas magrelas que me olharam torto e debocharam da minha capacidade. Ai de mim se não fosse eu! — Exclamou, me fazendo ri.

— Li. — Nicolas chamou, meio sério.

— O quê?

— Essa faculdade não é uma boa ideia... — Murmurou, chateado.

— Olha, Nicolas, eu esperei dois anos para ser aceita. Se você não gostou, o problema é seu. Eu que vou cursar, então quem tem que aprovar ou não, sou eu! — Rebateu, o deixando mais irritado, mas não disse mais nada. — Beijos, garotos! Preciso estudar! — Ditou, cantarolando e saindo.

— Ela é sua namorada, devia apoiá-la. — Aconselho, e ele me encara.

— Ela vai ficar rodeada de pessoas. E tem muito babaca que não respeita uma mulher!

— Seria cruel eu dizer: “como você”?  — Falo e ele me olha, incrédulo.

— Eu respeito!

— Não, você ordena. É ciumento, possessivo. As mulheres não gostam disso, pelo menos, não as bem resolvidas como Linda.

— Olha só, ela sabia como eu era, continua comigo porque quer! Anda, vamos logo comer porque estou morrendo de fome! — Fico calado, não tendo mais argumentos para ele, então seguimos andando, até aquele mesmo velho que vi um dia esbarrar em meu ombro.

— Ei! — Chamo, mas ele me ignora, continuando seu caminho como se nada tivesse acontecido.

— Quem era aquele esquisito? — Nicolas questionou.

— Não faço ideia, mas já o vi uma vez. Ele é meio sinistro... — Comento, me arrepiando.

— Não esquenta. Anda, vamos logo.

E então retomamos nosso caminho, rindo e conversando sobre assuntos diversos.

Era bom ter meu amigo de volta.

O DONO DO MORRO - A Segunda Geração | Vol. III (Romance gay) Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt