Agora tudo está nas mãos deles: os filhos.
Passado de geração para geração. O morro ficará ainda mais agitado com a chegada do estrangeiro para o Brasil. Muita bagunça, promessas perdidas, amores passados e muito, mais muito perigo.
Quer embarcar ne...
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Cássio McKinney
15 anos atrás
— Papai! Não deixa o Nic ir! — Samuel chorava, esperneando no chão da sala. Olho para Grego, que também parecia não saber mais o que fazer. Depois de todo o sufoco que passamos, finalmente poderíamos viver em paz, mas Murphy e Raffa precisavam voltar para o Brasil, para cuidar do Morro. E, consequentemente, Nicolas, o filho deles, precisava ir junto. É óbvio.
O problema é que as crianças fazem laços de amizades muito rápido e fortes. E foi o que aconteceu entre Samuel e Nicolas. Os dois não queriam se separar. E ambos choravam, se abraçavam e negavam a separação.
— Filho, nós precisamos ir! — Raffa falou, um tanto quanto cansado. Já fazia um bom tempo que estávamos naquela peleja para separar os dois. Não queríamos isso, mas eu moro nos Estados Unidos, com a minha família. Não deixaria minha terra por nada. Assim como Murphy e Raffa não abandonariam o morro para qualquer um fazer o que bem quiser.
— Samuel, chega! Depois podemos visitá-lo. — Falo, o puxando pelo braço. Samuel chorou, chorou muito em meus braços. E infelizmente, eles foram embora.
Samuel passou dias chorando, perguntando sobre o Nicolas e quando poderíamos visitá-lo. Mas por agora, não tinha a menor condição. Grego tinha acabado de se formar em Engenharia civil e já estava trabalhando na área. Eu estava completamente atarefado na clínica e com inúmeras palestras marcadas para o ano. Não poderia viajar nem tão cedo.
E Samuel não aceitou muito bem isso. Chorou por dias, chegou até a adoecer e não querer comer nada. E quando conversei com Murphy e Raffa pelo telefone, eles disseram que a situação na casa deles era a mesma coisa. Nicolas também não queria comer, nem brincar com outros garotos. Mas com o tempo, Samuel foi entendendo e aceitando o fato de que seu melhor amigo morava em outro País.
Com o tempo, as crianças vão esquecendo seu passado e quem fez parte dele.
