▪ C ▪ A ▪ P ▪ Í ▪ T ▪ U ▪ L ▪ O ▪ || SEIS

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🔸— SAMUEL DEL REY — 🔸

↪ CIUMENTO, POSSESSIVO E ANTIQUADO ↩

— Então, como se chama? — Questiono, olhando com certo encanto para a loira, que agora nos acompanhava, subindo o morro.

— Pode me chamar de Linda. Meu nome é Lisa, mas não gosto muito. — Disse, o que me fez sorri.

— O apelido combina muito com você. — Falo, sem pensar. Ela me olhou, sorrindo docemente.

— Querido, espera, que vou comprar refrigerante naquela barraquinha. Estou morto de cede! — Benny exclamou, nem esperando uma resposta. Me deu um selinho e correu em direção a barraca.

— Que fofo! Vocês namoram? — Linda questionou, assim que Benny se afastou. A olhei, quase querendo ri.

— Não, baixinha. Somos amigos.

— Amigos? — Ela me olhou como se eu fosse o maior mentiroso do mundo.

— O quê? Não posso beijar meu amigo? Faço isso com todos!

— AIDS mandou lembrança! — Brincou, o que me fez revirar os olhos.

— Você não me beijaria? — Provoco. Ela sorriu, me olhando de cima abaixo.

— Não, playba'. Tenho amor à minha vida. — Disse, o que chamou a minha atenção.

— O que isso quer dizer?

— Nicolas é muito ciumento, e possessivo também. Até tento mantê-lo na linha, mas quem pode com aquele homem?! Aliás, de onde o conhece?

— Éramos amigos de infância, mas... por obra do destino, tivemos que nos separarmos. — Comento, meio chateado ao lembrar desse detalhe.

— Espera, você é o tão famoso Samuel? — Questionou, chamando minha atenção.

— Famoso ainda não, mas quem sabe um dia? — Brinco, sorrindo.

— Ai, idiota! Nicolas sempre me fala de você. E os seus tios também. Seus pais são bem famosos aqui na comunidade. Dizem que já passaram por cada enrascada para ficarem juntos... Parece até coisa de novela. — Comentou, o que me fez ri.

— Sim. Meus pais são... uma lenda, digamos... — Brinco, a fazendo ri. A risada dela era muito gostosa de se ouvir. Logo Benny voltou, me entregando duas latinhas de refrigerante, antes que ele derrubasse tudo. Entrego uma para Linda e abro a outra, tomando um gole. Estava bem gelada e muito boa para o calor que fazia. Benny quase se molha todo ao abrir a latinha dele, que parecia ter sido agitada antes de abrir. Isso foi motivo para uma chuva de risadas entre nós.

— Então... Linda, Nicolas se tornou o novo Dono do Morro? — Questiono, relembrando desse detalhe.

— Sim, faz algum tempo. O morro não podia ficar abandonado, alguém precisava cuidar dos negócios. E como o Raffa e o Murphy estavam muito ocupados cuidando dos filhos e da casa, não tinha como dar muita atenção ao morro, então Nicolas assumiu o posto. E anda cuidando muito bem. Há tempos não há tiroteio ou guerras entre as comunidades da região.

— Isso é excitante. — Comento, pensativo.

— Cara, achei que eu fosse a única a pensar isso! — Linda exclamou, rindo.

— Ótimo, continuem. Esqueçam que estou fora da conversa. — Benny fez drama, formando um bico nos lábios. Sorri, o puxando pela cintura e beijando seu rosto.

— Diga, meu amor! Estou ouvindo você. — Falo, o mimando. Ele sorriu, se animando novamente.

— Ok, então vamos embora, que essa coisa de dono do Morro tá me assustando. — Disse de uma vez, o que me fez ri.

— Um pouco tarde para isso. — Falo, assim que vejo Nicolas abaixado, próximo de uma moto. Ele estava consertando alguma coisa nela e posso dizer que aquela bermuda decaída, sem camisa com o abdômen sujo de graxa, me fez ter pensamentos nada puros.

— Amor! — Linda exclamou, acenando para Nicolas, que pareceu surpreso ao me ver. Ele limpou as mãos com um pano branco e veio em nossa direção, abraçando Linda e a beijando rapidamente.

Eles poderiam serem as duas pessoas da minha vida, mas acho que o destino não irá colaborar tanto assim com meus desejos...

— O que faz aqui? — Questionou, me olhando.

— Isso é jeito de receber um velho amigo? — Falo, estendendo os braços para receber um abraço. Mas ele não se moveu.

— Estou sujo, não vai querer se sujar também.

— Isso é o que menos me importar agora. Anda, me abraça, como fazia antes. — Brinco, sorrindo amistosamente. Ele revirou os olhos, vindo em minha direção e me abraçando fortemente, me erguendo do chão com seu ábaco de urso.

Acho que alguns órgãos se uniram depois desse abraço.

— Assim é o jeito certo de receber alguém. — Sussurro, ainda o abraçando, sentindo seu peito grudado com o meu. Ele riu, dando um tapinha em minhas costas e se afastando.

— O que o trouxe aqui? — Questionou.

— As pernas. — Brinco, mas ele não riu. — Que senso de humor! Bem, eu vim visitar meus tios, mas não os encontrei. E seus irmãos? Aonde estão?

— Eles vivem saindo. É difícil encontrá-los em casa, se quer saber. Meus pais devem estar no centro de caridade.

— Centro de caridade? — Questiono, um pouco surpreso.

— É. Eles foram levar algumas roupas, comidas e brinquedos para crianças órfãos.

— Isso é muito bonito da parte deles. — Comento, sinceramente. Felizmente, cresci no meio de uma família humilde, que não pensa só em si. Meu pai Cássio é o exemplo disso. Tantas coisas ele já conatruiu: ONGs, escolas, clínicas, casas de apoio e sei lá mais o quê. E mesmo com tudo isso para manter, ainda consegue arrumar tempo para estudar e sair na rua distribuindo lençóis, comidas, roupas e tudo mais para moradores de rua. Tenho certeza que meu pai daria até roupa do próprio corpo para doar a alguém. Eu o admiro muito por isso.

— Sim. Se tem, por que não ajudar, não é? — Nicolas comentou, sorrindo.

— Bem, chefia, fiquei sabendo do seu trabalho. A Linda comentou. — Brinco, risonho. Nicolas a olhou, sorrindo fracamente.

— Digamos que eu combino com o posto. — Rebateu, puxando Linda para o seu lado e a beijando docemente. Aaah!! Eu também quero!

— Pilota? — Questiono, apontando com a cabeça para a moto atrás dele. Nicolas sorriu.

— Não vai me dizer que sabe dirigir.

— Você realmente não me conhece, garoto. — Falo, girando o molho de chaves dos meus automóveis que sempre carrego comigo. Se eu deixar em casa, minha irmã some com eles.

Nicolas me olhou, sorrindo de modo travesso.

— Isso é um convite?

— Um racha no centro da cidade. — Falo, vendo ele me olhar surpreso.

— E quem chegar primeiro aqui, ganha o quê? — Olho para Linda, que sorria, animada com a brincadeira.

— Se eu ganhar, eu levo a Linda para sair. — Falo, vendo o sorriso de Nicolas morrer.

— Como é? Nem pensar!

— Não confia no seu taco? — Rebato, vendo ele suspirar em chateação.

— Certo. E se eu ganhar?

— Você me leva para jantar. — Falo, sorrindo maliciosamente. Ele estreitou o olhar, desconfiado, porém, sorrindo.

— Isso não me parece muito justo...

— É pegar ou largar.

— Pega sua máquina que eu pego a minha. Daqui à meia hora, no centro da cidade. — Ditou, e eu assenti.

Combinado.

O DONO DO MORRO - A Segunda Geração | Vol. III (Romance gay) Where stories live. Discover now