▪ C ▪ A ▪ P ▪ Í ▪ T ▪ U ▪ L ▪ O ▪ QUARENTA E SETE

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🔸— SAMUEL DEL REY —🔸

↪ CORAÇÃO PARTIDO, AMIGOS AO RESGATE ↩

Respiro fundo, buscando coragem e as palavras corretas para conversar com meus amigos sobre os nossos selinhos. Era bobo, mas era importante para nós. Olho para os dois lados da rua, vendo que eles estavam devidamente atrasados.

Marcamos de nos encontrar em uma lanchonete perto da minha casa, mas eu sempre sou o primeiro a chegar e fico plantado que nem um idiota esperando mais de meia hora a boa vontade dos meus amigos aparecerem.

— Chegamos! — Krit falou, chegando junto com Lola e Gabby, puxando uma cadeira da outra mesa para se sentarem.

— Que pontuais! — Ironizo, vendo Lola mostrar a língua infantilmente.

— Eu estava secando meus cabelos. Não vou sair com ele molhado. — Se explicou, batendo na mesa e gritando para o garçom. Eu ainda quero acreditar que tenho amigos normais... Eu juro que quero.

— Fala, minha gangue preferida! — Cash exclamou, dando um tapa em meu ombro e se sentando ao meu lado, passando seu braço envolta do meu pescoço e bagunçando meus cabelos. Muito carinhoso, só que não!

— E o Benny? — Lola questionou, conferindo as horas em seu celular. — Ele chega bem mais cedo do que eu.

— Faz uns cinco dias que não o vejo. — Bruna falou, chegando e puxando uma cadeira para perto de Lola. — Ele estava encantado demais com aquele homem... como era o nome dele? Ah, Johnny! Ele não é o marido da Ashley? — Comentou. Todos nós nos entreolhamos, receosos.

— Se aquele miserável fez alguma coisa com Benny, eu acabo com ele! — Exclamo, preocupado. Benny era muito fácil de se deixar enganar. O sonho dele sempre foi ter a sua primeira vez com o “homem da sua vida”, e não tenho certeza se este é o caso.

— Acho que vai precisar de todos nós juntos. O cara é um monstro. — Lola comentou, fuçando o Instagram dele e mostrando para a gente.

— Oi, gente... — Benny chegou, sentando ao meu lado direito e me abraçando, deitando a cabeça em meu peito. Ele estava nitidamente triste, e quando isso acontecia, sempre recorria a mim como seu porto seguro.

— Benny, anjinho, o que houve? Estamos preocupados com você. — Falo, passando a mão em seus cabelos. Ele escondeu o rosto em meu peito, começando a chorar copiosamente. Todos se aproximaram de Benny, preocupados e querendo saber o que aconteceu.

— Ele não me ama, Sam! Ele não vai se separar daquela mulher. Ele só me usou! — Exclamou, chorando mais ainda. Acho que aquela conversa que eu planejei vai ficar para outro dia. Isso é bem mais importante.

— Eu não quero ser chato, mas todos nós te avisamos, Benny. Ele é casado. É meio óbvio que ele não se separaria dela por você. — Falo, e ele desanda a chorar mais ainda.

— Tem razão! Não tem ninguém que pense nos sentimentos do outro. Esse mundo é podre e já não pensam em um relacionamento sério como antigamente! — Exclamou, aos prantos. Não tinha mais o que falar. Benny estava passando pela sua primeira desilusão amorosa e nada do que falássemos iria resolver.

— Melhor alguém ficar com ele hoje... — Lola comentou. — Não quero que ele faça alguma besteira. É bem a cara dele. — Disse, fazendo todos concordarem.

— Eu fico. Ele pode dormir lá em casa comigo. Tudo bem, Benny? — Falo, ele fungou, assentindo e usando minha camisa como lenço de papel. É... amizade é para essas coisas.

Eu havia marcado de sair com Nicolas hoje, mas ele não iria morrer se marcar para outro dia. Benny estava mal, e dentre nós todos ele tinha mais facilidade em se abrir comigo, já que nos conhecemos há muito mais tempo.

Depois de um tempo conversando, eu levei Benny comigo para casa. Meu primo que nunca sequer conheci havia chegado de viagem ontem, e meus pais disseram para dá atenção a ele e lhe mostrar a cidade, mas hoje eu cortei qualquer compromisso. Eu jamais teria a coragem de deixar Benny sozinho sabendo do estado atual dele. Não sou um monstro.

Deitamos em minha cama, e ele não me soltou um minuto. Reclamou dos olhos estarem ardendo, mas no entanto, não parava de chorar. Ofereci morangos com chocolate e ele simplesmente devorou a tigela grande enquanto assistíamos um filme de ação. Mas mesmo que eu tenha tentado me esquivar dos filmes de Romance para não abaixar ainda mais o astral de Benny, filmes de ação sempre tem uma cena mais quente entre um casal.

Benny chorou horrores, colocando dois morangos cobertos de chocolate todo na boca.

— É UMA FARSA!!! Filme idiota! — Exclamou, deitando novamente em meu peito, cansado.

Meu celular vibrou. Atendo, já sabendo quem era.

— Oi, amo... Nicolas. — Me corrijo, não querendo que Benny gritasse novamente. Ele estava quase adormecendo.

— Oi, baixinho. O que houve? Estou te esperando.

— Nic, hoje eu não posso sair. — Falo, em um tom baixo.

— Cuidado para ele não te trair também. Homens são todos iguais! — Benny reclamou, o que me fez revirar os olhos.

— Como não pode? Amor, achei que estava empolgado com essa noite.

— Nic, rolou um B.O. com um amigo meu e ele está muito mal. Não posso deixá-lo sozinho. — Explico.

— Por acaso esse seu amigo é uma criança que não pode se cuidar sozinho?

— Nicolas! Não seja um idiota. Eu só quero garantir que ele fique bem.

— Ah, agora virou pai dele?! Samuel, você sabe muito bem o que penso das suas amizades.

— Como é que é? Vem cá, acha que estou mentindo?!

— Seus amigos são irritantes demais para terem problemas tão graves.

— Tchau, Nicolas! — Exclamo, desligando o telefone. Filho da puta! Como ele pôde...?!

— Eu disse que todos são uns desgraçados. — Benny resmungou, com a cara suja de chocolate, ainda assistindo o filme.

— Estou quase acreditando em você. — Comento, chateado, pegando um morango e o mordendo.

Nicolas ainda vai me ouvir. Ah, se vai!

O DONO DO MORRO - A Segunda Geração | Vol. III (Romance gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora