▪ C ▪ A ▪ P ▪ Í ▪ T ▪ U ▪ L ▪ O ▪ || TREZE

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🔸— NICOLAS KEY — 🔸

↪ DÚVIDAS, DÚVIDAS... ↩

Continuo sentado no sofá, de cabeça baixa, emburrado com o que havia acontecido. Não consigo explicar a raiva que estava sentindo por Samuel, e talvez nem fosse mais por conta da Linda. Era pessoal. Mas não sei dizer o porquê.

— Você nunca me decepcionou tanto como hoje! — Meu pai Raffa, falou, com a expressão entristecida e cansada. — As coisas que você falou de Samuel também atinge a mim, seu pai e nossos amigos! Aquilo também me feriu, sabia? É assim que você pensa dos seus pais, Nicolas? — ele não esperou uma resposta, me virou às costas, subindo para o quarto e se trancando lá. Sei que passei dos limites, mas não fiz isso para atingir eles, nem passou pela a minha cabeça.

Olho para meu pai Murphy, que apenas me olhou com um misto de raiva e decepção, balançando a cabeça em negativa e virando às costas, seguindo para o quarto.

— Pai... desculpa. — Falo, arrependido.

— Não é a mim que tem que pedir desculpas. — Disse, subindo para o quarto. Suspiro, sabendo que mereci isso. Saio de casa, resolvendo caminhar um pouco. Acendo um cigarro, na esperança de que aquilo me acalme.

— Nicolas! — Linda me alcançou, parando na minha frente. — Eu vi o Sam e dois homens indo na casa de seus pais. O que aconteceu? — Questionou, preocupada.

— Nada. Esquece. — Murmuro, respirando fundo.

— Nic, eu só quero dizer que não aconteceu nada entre Sam e eu...

— Eu sei, Li. Eu realmente não estou afim de conversar agora.

— Você devia pedir desculpas ao Sam. Foi errado o que você fez, amor.

— Não vou pedir desculpas a ninguém!

— Então enquanto continuar com essa marra, esquece que eu existo! — Disse, já indo embora. A alcanço, segurando seu braço.

— Espera, que história é essa, Linda?

— Olha, eu já estou cheia desse seu ciúmes sem lógica. Sam é um bom rapaz e parece gostar realmente de você. Mas você o tratou tão mal que me deixou horrorizada.

— Linda, ele se declarou para mim. Tem noção disso?! — Linda suspirou, passando a mão nos cabelos.

— Não sou uma louca ciumenta como você. Se você quiser estar comigo, ótimo, eu amo você. Mas se quiser ficar com ele, ótimo também, será a sua felicidade em jogo. Fique sabendo que estarei bem de qualquer jeito, com ou sem você. Mas não me agrada nem um pouco saber que anda por aí destratando as pessoas. É ridículo, Nicolas! Ou você pede desculpas, ou me esquece de vez! — Exclamou, se soltando do meu aperto e indo embora. Agora mais essa! Era só o que me faltava!

Saio do Morro, caminhando pela cidade e pensando duas, três, quatro vezes antes de qualquer coisa. Mas logo eu me encontrava de frente para a mansão onde Samuel estava morando.

Não queria bater na porta e me encontrar com Grego ou Cássio. Sei que eles não iriam permitir que eu falasse com Samuel. E nem sei ao certo o porquê de eu estar aqui. Mas tudo bem. Não tenho nada a perder.

Respiro fundo, andando pelo redor da casa e olhando as janelas, procurando entrar Samuel, até que finalmente o vejo, deitado em uma cama gigante e dormindo aparentemente.

Entro pela janela com cuidado, buscando não fazer barulho, me aproximando da cama. Samuel parecia estar morto naquele cama. Sua respiração estava tão serena e tão lenta que mal era notável. Seu rosto estava vermelho e inchado, provavelmente havia chorado.

— Samuel... — Chamo, com certo receio. Ainda tinha dúvidas se realmente deveria fazer aquilo. De qualquer forma, Samuel nem sequer se moveu. Ando pelo quarto, com pena de acordá-lo. Se fosse eu no lugar dele, odiaria que alguém me acordasse.

Vejo que na cômoda havia um retrato nosso, de quando éramos crianças. Eu sorrindo para a câmera enquanto carregava Samuel nas costas, que segurava um gato preto que ele chamava de Biscoitinho.

Automaticamente sorri, segurando o retrato em minhas mãos e o observando. Aquele tempo era tão bom. Não havia filtros, preconceitos, ou rivalidade. É a melhor fase que existe.

[...] — Nic... o que eles estão fazendo? — Samuel me questionou, parando de brincar com os nossos carrinhos e apontando para uma mulher e um homem que estavam na praça, e ao pouco que sei, se beijando.

— Estão amando. — Respondo, vendo Samuel formar um biquinho nos lábios, batucando o dedo indicador nos mesmos.

— Então beijamos alguém quando amamos? — Pensei a respeito. É o certo, não é?

— Sim. Ou você iria beijar alguém de que não gosta? — Samuel sorriu.

— Eu amo todo mundo! — Exclamou, esticando os braços para cima. Eu ri, abraçando sua cintura e o puxando para mais perto de mim. Estávamos sentados no chão, sujos de lama e brincando de corrida com nossos carrinhos novos. Eu ia beijar a bochecha dele, mas Samuel virou o rosto na mesma hora, e acabamos por tocar nossos lábios. Me assustei, me afastando.

— Baixinho, por que fez isso? — Samuel me lançou um sorriso largo e fofo.

— Eu estou amando você, Nic! — Fiquei bobo de felicidade. E dessa vez, eu que lhe dei um selinho tímido, segurando seu pequeno rosto.

— Então eu também estou amando você, baixinho. — Rimos, e então continuamos a brincar com nossos carrinhos... [...]

Suspiro, ao ser banhado por algumas lembranças marcantes de nossa infância. Samuel era tão inocente e tão fofo. Acho que ele não mudou nisso... Continua carregando o mesmo sorriso, o mesmo jeito angelical de antes.

— Nicolas?! O que faz aqui?! — Me assusto ao ouvir a voz de Samuel, que me olha com irritação. Deixo o retrato de volta no lugar, me virando de frente para ele.

Eu só... vim pedir desculpas.

O DONO DO MORRO - A Segunda Geração | Vol. III (Romance gay) Where stories live. Discover now