▪ C ▪ A ▪ P ▪ Í ▪ T ▪ U ▪ L ▪ O ▪ || CINCO

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🔸— SAMUEL DEL REY — 🔸

FEMINISTA, FORA DOS PADRÕES E LOIRA DE BELOS CACHOS

— Por que está todo mundo olhando para a gente? — Benny questionou, se agarrando em mim, com medo. Eu sorri.

— Tênis da Nike, roupas da Gucci e óculos da Louis Vuitton. Acha pouco para chamar atenção? — Ele me olhou, confuso.

— E não é? — Ele perguntou, tão inocente que me fez gargalhar.

— Ai, Benny. Só você mesmo. Anda, vamos. Acho que a casa dos meus tios é por aqui... — Comento, meio perdido, olhando em volta. Dianna disse que era uma das maiores casas do Morro, toda branca. Mas isso complica, pois já passei por uma dez casas brancas. Não eram grandes, mas eram brancas.

— Não sabia que tinha tios aqui.

— Não são bem os meus tios... mas são como se fossem, entende? — Comento, rindo ao olhar para a cara de Benny.

— Você às vezes fala umas coisas tão nada haver que é mais fácil compreender a língua japonesa.

— Por que japonês?

— Estou estudando japonês e coreano. Meus pais estão pensando em passar as férias do ano novo nos dois países, então... sobrou para mim. Coreano é o meu inferno. Para escrever então... só Jesus na causa. — Fez drama, choramingando em meu ombro. Eu ri, balançando a cabeça em negativa.

— É tão fácil. — Comento, e ele me encara, como se me fuzilasse com o olhar.

— Não me diga que sabe coreano?!

— E japonês,  tailandês, francês, português, espanhol, e um pouquinho de italiano. Estava estudando, mas parei ao vim para cá. — Falo, vendo a boca de Benny formar um “O”, me encarando com surpresa.

— Tá explicado como conheceu o Krit. — Comentou, o que me fez sorri, assentindo.

— Por isso tenho tantos amigos diferentes. O aprendizado te presenteia com o mundo todo, Benny. Então não fique chateado com os estudos que seus pais lhe proporcionam. Há pessoas que queriam estar no seu lugar, mas infelizmente não têm condições. Por isso, agradeça por cada esforço dos seus pais. É por causa deles que está usando essas roupas de marca e viajando sem se preocupar com a conta bancária. — Falo, vendo ele fazer um muxoxo.

— E depois desse tapa na minha cara, para aonde vamos? — Sorri, finalmente vendo uma casa de três andares, branca, e cercada de seguranças.

— Eu acho que é aqui... — Comento, boquiaberto.

— Não sabia que existia casas assim na favela. — Benny comentou, tão surpreso quanto eu.

— Comunidade. — Corrijo, vendo ele me mostrar a língua.

— Besta! Já chega dessa aura de professor. — Reviro os olhos, assentindo, e então seguimos em direção àquela casa, sendo barrados pelo segurança.

— Com licença, é aqui que moram Raffa e Murphy Key? — Questiono, meio perdido. Que ótimo sobrinho eu sou.

— Sim. O que desejam? — O segurança alto e mal-encarado respondeu.

— Sou Samuel Del Rey, sobrinho deles. Posso vê-los? — Falo, vendo o homem finalmente me olhar ao citar o meu sobrenome.

— Desculpe, eles acabaram de sair.

— Aaah. — Faço um muxoxo, chateado. — Ao menos o Nicolas está aí? — Pergunto, esperançoso.

— Ele não mora aqui. Mora mais em cima, na boca.

— Na boca? — Questiono, não entendendo o que aquilo significava. O segurança me olhou, arqueando uma sobrancelha.

— Tem certeza que é filho do senhor Gregório Del Rey? — Zombou, o que me deixou irritado.

— Se tem dúvidas, vai perguntar para ele, idiota! Eu só fiz uma pergunta, não precisa ser ignorante! — Resmungo, vendo ele revirar os olhos.

— Sabe quantas pessoas procuram por Nicolas ou meus patrões?! Uma hora a paciência se esgota. E se você não sabe ao menos o que significa o linguajar básico daqui, então aqui não é o seu lugar, moleque. — Abro a boca, chocado com a falta de educação daquele segurança de quinta categoria.

— Ora, seu...! — Já ia xingá-lo de todas as formas, mas Benny me puxou pelo braço, me levando para longe daquele homem.

— Não vamos arrumar briga com um homem armado, não é mesmo, lindo? — Benny desdenhou, suspirando. Respiro fundo, buscando me acalmar.

— Certo. Não vou me estressar. Não vou arrebentar ninguém... — Murmuro, como se fosse um mantra.

— Gatinhos perdidos? — Ouço uma voz doce e feminina atrás de mim. Me viro, batendo meu olhar em uma linda garota. Loira, longos cabelos cacheados e volumosos, com um belo brilho. Olhos vermelhos, que suponho serem lentes, e um corpo cheio, acima do peso “ideal” estipulado pela sociedade. E se ela fosse mais magra, sua beleza não seria tão evidente como é agora.

Acho que estou apaixonado!

— Você é tão linda! — Benny retirou as palavras da minha boca, sorrindo. Ela devolveu o sorriso. O sorriso mais lindo que já vi, contornado por aquele lábios pintados de um vermelho vinho. Sua pele era pálida e livre de imperfeições.

— Eu sei, baby. Sou maravilhosa! E vocês? O que fazem aqui? — Questionou, sorrindo.

— Viemos ver meus tios, mas... viagem perdida. — Comento, me lembrando novamente do segurança idiota.

— Quem são seus tios? — Questionou, agora olhando para mim.

— Raffa e Murphy Key.

— Ah! Sou amiga da família. Bem, do Nicolas, principalmente. — Disse, sorrindo.

— Do Nicolas? — Questiono, confuso.

— Sim. Sou namorada dele.

Sério, destino? Não podia pegar mais simples comigo?!

Atualização todas as quintas

O DONO DO MORRO - A Segunda Geração | Vol. III (Romance gay) Where stories live. Discover now