▪ C ▪ A ▪ P ▪ Í ▪ T ▪ U ▪ L ▪ O ▪ || TRINTA E SEIS

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🔸— CÁSSIO MCKINNEY — 🔸

↪ VOLTAR? HMM... ↩

Samuel havia adormecido depois de tudo que havia passado. Ele estava preocupado com o pai e não conseguia se acalmar sob nenhuma hipótese. Usei todas as formas que conhecia para poder tranquilizá-lo, mas a verdade é que até mesmo eu já estava ficando preocupado com a demora de Grego. E realmente precisei mentalizar todas as boas energias que conhecia para não acabar indo atrás dele quando Samuel ainda estava nas mãos daquele psicopata, na qual eu realmente espero que esteja morto e queimando no inferno. Não sou de desejar o mal a ninguém, mas este desgraçado não merece nada menos que meu puro desprezo e ódio.

— Amor? — Minha ansiedade some ao ouvir a voz de Grego invadir o cômodo. Me levanto da cama, correndo até ele e o abraçando, o enchendo de beijos na qual ele prontamente retribuiu.

— Eu estava tão preocupado, meu amor! O que aconteceu? Ele fugiu? — Questiono, passando as mãos em seus cabelos, nervosamente, checando se ele estava inteiro, sem nenhum machucado. Mas notei alguns hematomas, nada sério, mas que me fez ter certeza de que não foi tão fácil assim.

— Ele nunca mais vai encostar nos nossos filhos, amor. Ele está morto. — Disse, o que me fez notar uma certa tensão em seu olhar.

— Você está bem com isso? — Questiono. Grego não tinha nenhum sentimento de amor por Guilherme. Esse homem foi sua guilhotina a vida inteira, mas eu sei que acabar com a vida dele foi tanto um alívio como também uma dor. Gregório ainda carregava seus traumas e pesadelos do passado, o que fazia dele um homem fechado e aos olhos dos outros, um homem sem coração e que não se importa com ninguém.

Mas só eu sei o quão forte e carinhoso ele é. O quanto ele luyou contra seus próprio demônios para conseguir seguir em frente. E eu o amo mais que tudo por sua coragem e capacidade de conseguir ser tudo o que não foi lhe ensinado na infância.

— Eu vou ficar. Samuel está bem? E as meninas? — Perguntou, olhando para a cama na qual Samuel estava adormecido. Sorri, assentindo.

— Estava preocupado, mas está bem. As meninas estão no outro quarto, esperando você chegar. Obrigado por trazer nosso filho de volta. — Ele sorriu, abraçando minha cintura e me beijando docemente.

— Amor, eu quero... conversar uma coisa com você. — Disse, o que me fez o encarar com dúvida.

— É bom ou ruim? — Ele ponderou.

— Você vai me dizer. Vamos. — Chamou, pegando minha mão e me puxando até a sala, na qual ele sentou no sofá e me puxou para o seu colo, o que me fez ri. — Você sabe que eu amo o Brasil, não sabe? — Comentou. Estreitei o olhar, o encarando com desconfiança.

— Sim. Eu sei...

— Amor, eu... estava pensando se... nós não poderíamos voltar a morar aqui. Aqui temos nossos amigos, nossa história... — Me levanto do seu colo rapidamente, confuso.

— Espera! Você está querendo voltar a morar aqui?! — Ele assentiu, meio perdido pela minha reação. A verdade é que eu fui pego totalmente de surpresa. — Eu achei que gostasse de viver no exterior! Você vive elogiando tudo lá!

— E eu gosto! Mas eu amo o meu País, Cássio. Não... não consigo ser feliz ficando longe das pessoas que eu amo.

— Você tem a mim! Tem nossos filhos! O que mais você quer?!

— Meus amigos! Meu futebol no terraço com os garotos da comunidade. Minha feijoada com Baião de dois. Eu quero me sentir bem, como eu era antes. Eu amo você, não tenha dúvidas. E se você quiser, pegamos nossas coisas e voltamos para os Estados Unidos, mas eu quero que esteja ciente do que eu estou sentindo agora. — Suspiro, duvidoso. Não sabia o que fazer. Grego havia me colocado contra a parede. Ele sabe que me importo com seus sentimentos, com sua felicidade, e está usando isso contra mim. Eu amo viver no exterior. Não sei se me acostumaria viver o resto da vida aqui. Não é ruim, porém, não é minha nacionalidade. Não é a minha terra.

— Grego, eu tenho muitas empresas abertas no exterior. Não posso abandonar tudo de uma hora para outra. Têm pessoas que dependem dessas empresas para sobreviverem. O que eu vou fazer se abandonar tudo? Jogar as pessoas na rua sem olhar para trás? Claro que não! Não sou capaz de fazer uma crueldade dessas. Eu não posso fechar as clínicas, e muito menos as Casas de Autoajuda. Não... não me coloque nessa pressão. — Peço, choroso. Ele balançou a cabeça, assentindo.

— Tudo bem. Já imaginei que diria isso. Fica tranquilo, beleza? Eu vou tomar um banho e descansar. — Murmurou, vindo até mim e beijando minha testa, subindo para o quarto. Seu tom havia abaixado, e eu sei que ele havia ficado triste com minha decisão, mas o que eu poderia fazer?! Milhares de pessoas e funcionários dependem de mim, não posso abandonar tudo o que comecei.

Mas eu odiaria conviver com o peso na consciência de que meu marido não vai estar feliz por completo, que está lá somente por minha causa. Ele estava se sacrificando muito por mim. Ele mudou muito por mim. Sei que eu deveria fazer o mesmo, mas a questão é que não envolve somente a mim, mas muitas pessoas.

Merda... o que eu faço?!

O DONO DO MORRO - A Segunda Geração | Vol. III (Romance gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora